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Infeções urinárias: Tudo o que tem de saber sobre esta dolorosa condição

Rui Passadouro, médico Coordenador do Programa de Prevenção e Controlo de Infeções e de Resistência a Antimicrobianos (PPCIRA) do ACES Pinhal Litoral, em Leiria, explicou em entrevista ao Lifestyle ao Minuto do que se trata afinal as infeções urinárias, porque surgem e são mais frequentes nas mulheres, os sintomas e possíveis tratamentos.

Infeções urinárias: Tudo o que tem de saber sobre esta dolorosa condição
Notícias ao Minuto

08:10 - 25/03/19 por Liliana Lopes Monteiro

Lifestyle Bexiga

"Os microrganismos que provocam a infeção são sobretudo bactérias, que entram no trato urinário ou pela uretra, podendo evoluir para a bexiga e para os rins, ou pelo sangue originando neste caso, essencialmente, infeções do rim. Os principais fatores favorecedores da ITU são as relações sexuais, a presença de cálculos renais, o esvaziamento incompleto da bexiga (devido, por exemplo, a doenças neurológicas) e nos homens o aumento da próstata, que dificulta o esvaziamento. A presença de cateteres urinários são, também, um fator de risco importante", refere Rui Passadouro. 

Já o motivo para a condição incómoda afetar mais as mulheres do que os homens é ao mesmo tempo simples e complexa e reside na anatomia dos sexos.

O canal da uretra, por onde é expelida a urina perfaz uma dessas distinções. Enquanto na ala feminina essa via de saída mede cerca de cinco centímetros, entre os homens atinge a incrível marca dos 22 centímetros.

A consequência desta discrepância não é de todo vantajosa para as mulheres. Isto porque, nelas, bactérias intrusas têm um caminho muito mais curto a percorrer até alcançar a bexiga. E quando chegam ao órgão, regra geral provocam danos.

Daí a vontade de urinar mais intensa, a sensação de dor e o facto da urina às vezes surgir acompanhada de sangue. Trata-se de uma cistite, ou infecção urinária, que acomete de 20 a 30% da população feminina em alguma fase da vida.

Saiba tudo o que o médico especialista Rui Passadouro tem a dizer sobre esta condição tão incómoda como frequente. 

O que são as infeções do trato urinário (ITUs), e mais concretamente das vias urinárias?

As vias urinárias são estéreis. A presença de microrganismos associada a sintomas constitui a ITU, sendo a bactéria Escherichia coli a mais frequente. Quando nos referimos a infeção urinária pensamos, sobretudo, em infeção da bexiga (cistite). Contudo, as infeções do trato urinário podem atingir o rim (pielonefrite), a uretra (uretrite) ou a próstata (prostatite) que, embora menos frequentes, são comuns.

Em termos de números, qual é a incidência deste tipo de infeções em Portugal?

Depois das infeções respiratórias, as infeções do trato urinário são as mais comuns na comunidade. A sua incidência varia com o sexo e a idade. É mais frequente na mulher, estimando-se que entre 50 a 70% têm uma ITU durante a vida e que 20 a 30% têm episódios recorrentes.

Quais são as causas para o seu aparecimento?

Os microrganismos que provocam a infeção são sobretudo bactérias, que entram no trato urinário ou pela uretra, podendo evoluir para a bexiga e para os rins, ou pelo sangue originando neste caso, essencialmente, infeções do rim. Os principais fatores favorecedores da ITU são as relações sexuais, a presença de cálculos renais, o esvaziamento incompleto da bexiga (devido, por exemplo, a doenças neurológicas) e nos homens o aumento da próstata, que dificulta o esvaziamento. A presença de cateteres urinários são, também, um fator de risco importante.

É verdade que estas infeções afetam mais as mulheres do que os homens? Porquê?

Sim, as cistites são mais comuns nas mulheres, cerca de 50 vezes. As características anatómicas da mulher, com uretra de reduzida dimensão, permitem que os microrganismos utilizem mais facilmente a via acidentes para atingirem a bexiga. Por outro lado, a prática de atrasar as micções, frequente nas mulheres, pode favorecer o aparecimento das ITU.

Quais são os principais sintomas destas infeções?

Na infeção da bexiga, cistite, a queixa principal e mais frequente é o ardor ou micção dolorosa de pequeno volume de urina. No entanto, também pode ocorrer a presença de sangue na urina e eventualmente urina turva. Na infeção do rim, pielonefrite, podem surgir os mesmos sintomas da cistite, acrescido de febre, dor na região do flanco do lado do rim afetado e por vezes náuseas e vómitos.

São mais frequentes em que idades?

Na mulher, a ITU é mais frequente na faixa etária 20 a 50 anos. É praticamente inexistente nos homens entre os 15 e os 50 nos, mas nos três primeiros meses de vida é mais frequente no sexo masculino. Depois dos 50 anos existe muito pouca diferença entre os sexos.

Com que frequência costumam surgir?

Como referi, 50 a 70% das mulheres têm uma ITU durante a vida e 20 a 30 % têm ITU recorrente com duas ou mais infeções por ano.

Há pessoas que estão mais predispostas a desenvolver infeções urinárias?

A predisposição às ITU está relacionada com doenças ou condições fisiológicas especificas. Assim, existe risco agravado na menopausa, bem como nos doentes com diabetes, litíase (pedra) urinária. No homem está associada, sobretudo, hipertrofia da próstata.

Podem ser um sintoma de alguma outra doença?

Claro que sim, tal como já fui referindo anteriormente. A litíase da bexiga ou dos rins, as alterações neurológicas que afetem a bexiga ou a hipertrofia da próstata podem estar por trás de uma ITU.

Como é realizado o diagnóstico?

Na prática clínica diária, o diagnostico é sobretudo clínico, baseado nas queixas e na observação do doente. Em caso de dúvida fundamentada, as tiras-teste fornecem informação especifica e sensível para fundamentar o diagnóstico de ITU. A análise de urina, prévia ao tratamento da infeção, está recomendada apenas em situações muito particulares, tais como na grávida, na idade pediátrica, no homem, nas infeções complicadas ou recidivantes da mulher adulta e na pielonefrite.

O tratamento é comummente realizado à base de antibióticos. Existem alternativas naturais?

O tratamento das infeções urinárias sintomáticas requer antibioterapia. Os produtos 'naturais' não têm evidência que suporte a sua recomendação para tratamento de forma eficaz e segura.

A incidência de infeções urinárias recorrentes pode gerar outras complicações de saúde?

As ITU recorrentes estão associadas ao aumento da falência do tratamento, devido à resistência aos antibióticos, e às complicações sistémicas, que podem ser graves. Vão desde a infeção do rim com eventual perda da sua função, até uma infeção generalizada (sepsis), potencialmente letal. Por essa razão, quando mais rápido e preciso for o diagnóstico, mais eficaz é o tratamento, porque permite ao médico prescrever o antibiótico mais adequado para a infeção em causa, evitando, assim, a toma excessiva e inadequada.

É possível prevenir a ITU?

Não sendo totalmente eficazes, há algumas atitudes que devem ser seguidas, sobretudo em mulheres que tiveram mais de três infeções por ano, nomeadamente maior ingestão de líquidos, não atrasar as micções, limpar de frente para trás após a defecação e urinar imediatamente após a relação sexual.

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