A designer de moda portuguesa escolheu o "Salon des Miroirs", uma sala repleta de janelas e de luz, para desvendar os 40 coordenados para a próxima estação quente - tantos quantos os desfiles que fez em Paris - e que são inspirados no mundo aquático e no seu signo astrológico, peixes.
"A ideia surgiu do meu signo astrológico, peixes, mas com a dualidade do mundo aquático e peixes reais. Eu decidi ir à essência do meu signo - que sou eu, na verdade - e criar uma coleção muito intimista", contou a criadora à agência Lusa, sublinhando que "a mulher peixes é muito criativa, sensual, muito feminina e muito sensível".
Em março de 1999, no seu primeiro desfile em Paris, Fátima Lopes fez andar as manequins numa passerelle com água e, quase 20 anos depois, a água continua a inspirá-la: foi buscar "detalhes dos peixes", com escamas nas 'paillettes' dos tecidos, "bolhas do mar" em padrões de seda, ondas recriadas com 'mousselines' drapeadas e entrelaçadas, rendas recortadas e penteados a sugerir caudas de peixes.
Para obter um efeito ainda mais "aquático", a criadora apostou nas cores jade, limão, rosas, vermelhos, azuis, 'nude', branco e "muito pouco preto", mas também na mistura de materiais, colocando padrões em viscoses, cruzando sedas com rendas e juntando opacos com transparências.
"Temos muitas sedas, muitas, porque as sedas têm um cair - sobretudo as 'mousselines' que, ao andar, fazem movimentos das ondas do mar. Há muitos vestidos compridos que são todos em 'mousseline' e muitos godês. Ou seja, muito tecido, muito volume. Sedas, rendas, 'paillettes', tecidos bordados à mão", descreveu, sublinhando, também, a escolha de viscoses para os 'jumpsuits', mas "sempre com mistura de materiais".
O desfile foi dominado pelos vestidos de todos os tamanhos, mas também houve calças, calções, 'tailleurs', 'robe manteau' (vestido-casaco), 'jumpsuits', 'jumpsuits-tailleur' e uma coleção de 'trikinis', que são uma composição gráfica que continua o bikini.
"Há uma grande coleção de fatos-de-banho, vários modelos, o que não é muito habitual apresentar em Paris, mas apeteceu-me apresentar. Acho que faz todo o sentido, é verão e eu adoro. A praia pode e deve ser muito elegante, e cada vez mais as mulheres procuram peças que as valorizem", afirmou.
Para a criadora portuguesa, esta é "uma coleção para todas as ocasiões" que se quer "sofisticada, e até os fatos-de-banho têm um ar sofisticado", sendo os coordenados acompanhados por dois modelos de várias cores da sua nova coleção de calçado: sandálias-botim "para vestir o pé", e sandálias muito geométricas com salto agulha e um ligeiro compensado.
Neste 40.° desfile em Paris, apresentado fora do calendário oficial e como independente, Fátima Lopes explicou que "reinventar é fácil, porque desenhar é natural", e destacou que, "aos olhos do mundo, estar em Paris é verdadeiramente importante".
"O facto de estar em Paris, há quase 20 anos, faz toda a diferença até porque quem está em Paris há mais de 20 anos é porque está 'à séria'. É uma marca credível, é trabalhar arduamente, não saber o que significa a palavra desistir. Estar em Paris é estar no mundo, é apresentar a coleção ao mundo", acrescentou.
A criadora, que foi "a primeira a fazer um desfile na Torre Eiffel", quer voltar a Paris para a próxima Fashion Week, em 2019, para "fazer a grande festa dos 20 anos de desfiles" na capital francesa.
A Semana da Moda de Paris conta com outros nomes portugueses, como a dupla Marques'Almeida - a única marca portuguesa no calendário oficial - que vai desvendar a sua coleção Primavera/Verão esta quarta-feira, no Palais de Tokyo.
Fora do calendário oficial, os designers Luís Buchinho e Diogo Miranda vão apresentar, também esta quarta-feira, na Universidade de Paris Descartes, as suas propostas para a próxima estação quente.
CAYB // MAG
Lusa/fim