O prazer e o perigo de gastar: É viciado em compras?
O ato de comprar nem sempre é sinónimo de prazer, entenda quando ir às compras pode ser de facto um problema.
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Lifestyle Mentes perigosas
Comprar tem um efeito tangível no cérebro, promovendo a libertação do químico dopamina quando antecipamos uma nova aquisição.
Ora o prazer que advém de ir às compras resulta da subida dos níveis de dopamina, também conhecido por ser o neurotransmissor do prazer e por promover a sensação de bem estar e de felicidade. Essa subida da dopamina é ainda mais intensa quando surge um bónus inesperado – tal como um desconto súbito já na caixa ou descobrir que a loja onde desejava ir está com promoções.
Mesmo antes do ato físico de comprar, e apenas ao pensarmos nessa possibilidade, a mente humana já está predisposta a levar avante essa ação prazerosa – daí que não seja de admirar que muitas vezes compremos coisas que não necessitamos de todo… de certeza que sabe do que estamos a falar.
Num estudo realizado em 2007, uma equipa de neurocientistas apurou que quando estamos perante uma variedade de produtos, o núcleo acumbente (o centro de prazer do cérebro) torna-se de imediato mais ativo.
Na pesquisa em questão, quando os produtos estavam marcados com preços, o cortex pré-frontal e a ínsula dos participantes ficavam logo em estado de alerta. A saber, estas são as áreas da mente associadas às funções executivas (tomada de decisões) e de processamento da dor, respetivamente.
Nesse momento, os indivíduos envolvidos na pesquisa calcularam mentalmente se podiam adquirir o que pretendiam, tomando decisões de compra a antecipando a dor de gastar o dinheiro ganho arduamente.
O que acontece é que quando a intensidade da atividade no centro de prazer do cérebro suplanta a atividade que ocorre na ínsula, onde se processa a dor, então a pessoa em questão está mais propensa a fazer ‘aquela compra’.
De acordo com os investigadores, os indivíduos gostam de comprar precisamente por causa dessa atividade cerebral intensa que ocorre no núcleo acumbente. Porém, a tão desejada sensação de adrenalina e prazer é normalmente controlada por considerações ponderadas de moderação de gastos. Ainda assim quando este processo se desequilibra, muitos indivíduos tornam-se viciados no ato de comprar e no prazer de gastar por gastar.
O vicio é clinicamente denominado por oniomania ou por transtorno compulsivo por compras.
Estima-se que a condição afete entre oito a 16% da população e pode nos casos mais extremos provocar danos semelhantes a vícios como os do jogo ou de dependência de substâncias. Prejudicando e causando danos por vezes irreparáveis em relações profissionais, familiares e românticas.
O vicio em compras está estritamente relacionado com outros condições psiquiátricas, tais como o transtorno obsessivo compulsivo, depressão e doença bipolar.
Contrariamente, a quem é mais consumista e ocasionalmente gasta acima dos seus meios, mas que regra geral se consegue controlar, os indivíduos que sofrem de oniomania sentem-se completa e totalmente dominados pela compulsão de gastar dinheiro.
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