Adriana Terrádez, diretora da OncoDNA para Espanha e Portugal e impulsionadora da Oncologia Personalizada explicou ao Lifestyle ao Minuto sobre tudo aquilo que implica para os doentes de cancro viverem com esta doença.

Porque a manutenção da qualidade de vida é essencial e por vezes determinante para uma possível recuperação - saiba mais e ajude-se a si próprio ou a alguém próximo de si. 

Terradez explica:

Uma boa qualidade de vida para o doente com cancro

Enfrentar um cancro implica enfrentar também muitos desafios. O primeiro, provavelmente, é o de deixar de supor que estamos a jogar um jogo seguro. Hoje, temos ótimas opções terapêuticas e diagnósticas que fazem com que as taxas de sobrevivência de doentes com esta patologia crescessem amplamente. Levando em conta os avanços e melhorias, é muito importante superar esse medo inicial e encarar a doença de frente, com otimismo, para levar uma vida plena durante toda a duração do tratamento e posterior recuperação.

Um processo que pode ser difícil e gerar exaustão e tédio no doente, especialmente durante os ciclos de quimioterapia, embora, tenha melhorado muito graças à personalização dos tratamentos. Através de novas ferramentas de diagnóstico, como análises genómicas e tratamentos como a imunoterapia, os oncologistas podem oferecer a cada doente uma solução adaptada às características da sua doença, em alguns casos evitando grandes doses de toxicidade que são desnecessárias e deixam o doente sem força.

Dessa forma, é mais fácil para o doente levar um ritmo de vida ativo, um aspeto positivo que deve ser fortalecido o máximo possível, pois também o ajudará a superar a doença e a acelerar a recuperação.

Fazer exercício

Durante as primeiras semanas, recomenda-se dedicar entre 10 a 15 minutos por dia para realizar tarefas simples, como caminhar ou andar de bicicleta em terreno plano. Após a terceira semana, os tempos de exercício podem ser aumentados em cinco minutos, até um máximo de 30 minutos por dia. Essa diretriz deve ser variada no dia em que o tratamento é recebido e nos subsequentes, entre 5 e 10 minutos por dia, três ou quatro dias por semana.

Há truques para transformar essa atividade numa rotina mais agradável, longe da imposição. Por exemplo, acompanhado por um amigo para dar um passeio agradável, ou caminhar até lugares próximos: até à loja do bairro para fazer as compras ou visitar um membro da família que mora nas proximidades... Se tivermos que mudar para algum ponto mais longe, podemos ir de transportes públicos e descer numa paragem antes para percorrer essa distância a pé.

Posso ir de férias?

Com um bom planeamento é possível escapar da rotina e aproveitar alguns dias de descanso, algo muito positivo para o bem-estar do doente (sempre que necessite). Claro, tendo em conta as datas da consulta e sem perder as sessões de quimioterapia e radioterapia. Estamos no período de verão, devemos estar preparados e levar sempre connosco os medicamentos de que precisamos e números de telefone de referência. Também deve ser localizado o centro médico ou hospitalar mais próximo do nosso destino de férias, caso surjam emergências.

No entanto, é sempre necessário discutir todas essas decisões com o oncologista, a fim de avisá-lo e até discutir destinos com maiores benefícios para a saúde do doente. Ou até desencorajar a sua partida, como acontece com todos os doentes que acabaram de passar pela sala de cirurgia e podem ter problemas no pós-operatório.

Em qualquer caso, o doente e os familiares ou amigos próximos devem ser realistas e assumirem que as condições físicas e mentais do doente não serão as melhores. Durante o tratamento, o doente precisará de pontos de apoio para delegar muitas tarefas e poder descansar. E, claro, tem que se deixar ser amado, um daqueles grandes desafios que requer uma boa dose de paciência e, acima de tudo, o carinho e o amor da família e dos amigos.