Descubra o surpreendente lado bom de passar uma grande vergonha
Quem nunca passou por uma grande vergonha e experienciou aquela sensação súbita e incontrolável de uma chama que parece acender-se sob a pele, como se de um fogo se tratasse e nos deixa vermelhos como uns rabanetes?
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Lifestyle Sem medos
Afinal, por que é os seres humanos evoluíram de modo a manifestarem a vergonha que sentem de forma tão visível?
De acordo com a publicação BBC News, hoje em dia os psicólogos evolucionistas concordam que essa sensação agonizante pode ser de facto essencial para o nosso bem-estar a longo prazo.
Uma das principais teorias é de que se trata de uma reação natural ao medo de ser ‘apanhado em flagrante’. O psicólogo Ray Crozier, da Universidade de Cardiff, no Reino Unido, entrevistou vários voluntários sobre situações embaraçosas, devido às quais estes tinham ficado corados e descobriu que a sua preocupação se devia sobretudo ao medo de uma potencial exposição de algo privado, e não a uma vergonha específica devido a um ‘desastre’ físico.
Nesse caso, a vermelhidão pode ser uma reação psicológica ao susto de que um segredo está prestes a tornar-se público, mesmo quando se trata de algo positivo, como o anúncio de um novo emprego ou de uma gravidez.
Mais solidários, honestos e humildes
Mark Leary, diretor do Centro de Pesquisa Interdisciplinar do Comportamento da Universidade Duke, nos Estados Unidos, lembra que, quando irritados, os chimpanzés que lideram um grupo preferem encarar os seus subordinados a agredi-los fisicamente – como se estivessem a dizer ‘sai do meu caminho’.
O subordinado, então, tenta dissimular a situação, fazendo gestos que se assemelham ao nosso comportamento quando sentimos vergonha: rompem o contato visual e baixam a cabeça, como qualquer um de nós faria.
“Por fim, dão um sorriso amarelo, parecido com o que os humanos exibem nessas ocasiões”, explica Leary. Toda a gesticulação sugere um pedido de desculpas e sinaliza que queremos evitar mais confrontos diretos.
Segundo o psicólogo, o ser humano deu um passo adiante nesse comportamento, ao exibir a vermelhidão como uma espécie de “pedido de desculpas não verbal” que possa dissipar uma situação constrangedora.
Mais ainda, para Leary, o facto de ficarmos vermelhos quando sabemos que alguém nos observa ou quando recebemos um elogio pode ser explicado por uma antecipação inconsciente de uma possível agressão. O rosto corado é uma maneira de mostrar que queremos evitar chamar a atenção.
O ato também faz-nos parecer menos egoístas, já que não desafia a autoridade. E ainda se manifesta como um gesto de solidariedade, quando por exemplo ficamos corados porque alguém que nos é querido fez algo embaraçoso.
Ficar com as bochechas e as orelhas vermelhas não é algo que se pode simular. Ou seja, é um dos poucos sinais de honestidade em que podemos confiar plenamente. Por isso, as pessoas que manifestam assim a sua vergonha tendem, de um ponto de vista, a ser mais bem acolhidas do que as que não coram.
Mais atraentes
Surpreendentemente, ficar vermelho pode aumentar ainda o seu poder de sedução.
“Quem está à procura de um parceiro a longo prazo reconhece nesse ato uma demonstração de que se trata de alguém sociável e cooperativo e não de uma pessoa que vai incerta e que vai potencialmente trair e ser desleal”, afirma o psicólogo Matthew Feinberg, da Universidade de Toronto, no Canadá.
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