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O misterioso e obscuro poder cicatrizante do açúcar, segundo novo estudo

A BBC News relata a história de Moses Murandu, que durante a infância pobre, na zona rural do Zimbábue, costumava tratar as feridas e os cortes que sofria, quando caía, com sal. Todavia, nos melhores dias o pai tinha dinheiro suficiente para comprar uma substância que ardia muito menos: o açúcar.

O misterioso e obscuro poder cicatrizante do açúcar, segundo novo estudo
Notícias ao Minuto

12:00 - 16/05/18 por Liliana Lopes Monteiro

Lifestyle Herói ou vilão?

Murandu reparou desde cedo que o açúcar parecia acelerar o processo de cicatrização. E ficou surpreso quando, em 1997, foi contratado para trabalhar como enfermeiro no sistema público de saúde britânico (NHS) e descobriu que a substância não era utilizada em qualquer tipo de tratamento.

Mais de 20 anos depois, a ideia de Murandu está finalmente a ser levada a sério. Professor sénior de enfermagem na Universidade de Wolverhampton, no Reino Unido, desenvolveu um estudo-piloto centrado nos efeitos da aplicação do açúcar na cicatrização de feridas. Investigação essa que já lhe valeu o reconhecimento da comunidade científica, que lhe atribuiu o prémio do Journal of Wound Care, no passado mês de março.

Note-se que em algumas partes do mundo, a adoção do procedimento pode ser crucial, já que parte da população pode não ter recursos financeiros para comprar antibióticos ou até para procurar ajuda médica

De acordo com o professor, o tratamento é ‘simples’. Consiste em colocar açúcar na ferida e cobrir o curativo. Os grãos absorvem a humidade que permitiria a proliferação de bactérias. E, sem bactérias, a ferida (que poderia ser potencialmente fatal) cicatriza mais rápido.

Resultados e obstáculos

Murandu provou a sua teoria através da realização de vários testes de laboratório. E diversos estudos conduzidos no resto do mundo reforçaram a sua descoberta, incluindo exemplos bem-sucedidos de tratamentos de feridas contaminadas por bactérias resistentes a antibióticos.

O açúcar utilizado é o granulado, ou seja, aquele que é utilizado no café ou no chá. Nos testes em laboratório, o investigador constatou que não há diferença em usar açúcar proveniente da cana ou da beterraba.

Mais ainda, Murandu começou a registar estudos de casos no Zimbabué, no Botswana e no Lesoto. Entre eles destaca-se, a história de uma mulher que mora em Harare.

"O pé da paciente estava pronto para ser amputado, quando meu o sobrinho me ligou", relembra.

"Já há cinco anos que ela sofria com um ferimento horrível, e o médico insistia em amputar. Disse-lhe para lavar a ferida, colocar açúcar, deixar agir e repetir (o procedimento)”.

"Resta-me dizer que a mulher ainda tem a perna”, garante Murandu.

Até ao momento, o investigador realizou ensaios clínicos em 41 pacientes no Reino Unido.

Todavia, Murandu tem uma árdua batalha pela frente. O financiamento para novas pesquisas pode ajudar o académico a alcançar o seu objetivo final: convencer o NHS a usar oficialmente o açúcar como uma alternativa aos antibióticos. Porém, grande parte dos estudos médicos é patrocinada pela indústria farmacêutica. E essas empresas, diz ele, têm pouco a ganhar a patrocinar estudos sobre algo que não podem patentear.

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