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"Não é difícil apaixonarmo-nos por Portugal. País faz-me bem ao coração"

O nosso país já conquistou o coração de Úrsula Corona. A atriz brasileira divide-se neste momento entre três países, mas nutre um carinho especial por terras portuguesas, como confessou ao Fama ao Minuto.

"Não é difícil apaixonarmo-nos por Portugal. País faz-me bem ao coração"
Notícias ao Minuto

08:55 - 05/01/18 por Marina Gonçalves

Fama Úrsula Corona

Vinda de uma família ligada às artes, foi em criança que Úrsula Corona se aventurou neste mundo, no Brasil, o país onde nasceu.

Há cerca de seis anos veio a Portugal e acabou por ser convidada para participar numa novela portuguesa, que foi transmitida na SIC, ‘Sol de Inverno’, onde interpretou Thaís.

Conquistou o público e, desde então, tem entrado na casa dos portugueses através do pequeno ecrã.

Neste momento divide-se entre três países, uma vez a sua vida profissional leva-a a morar em Lisboa, Londres e Rio de Janeiro.

Em conversa com o Fama ao Minuto, Úrsula Corona falou abertamente sobre os desafios que tem vindo a enfrentar ao longo da carreira, não esquecendo do seu papel importante nas causas sociais.

Estreou-se na TV Globo aos oito anos como atriz e, na altura, liderava também um grupo musical infantil, Arco Íris. Como é que uma criança consegue conciliar estes projetos com o seu crescimento natural?

Tenho três grandes amigas de infância que dizem que desde criança eu já dizia que queria ser atriz. Mas na verdade eu enveredei pela arte porque era muito tímida. Os meus pais colocaram-me num curso de teatro porque eu chegava a um sítio e não conseguia [comunicar]. Lembro-me exatamente da primeira aula de teatro que fiz, que foi no Clube Municipal, perto de onde eu morava. Lembro-me da sensação de pisar o palco. Parecia que tinha entrado num livro infantil, num mundo mágico. Lembro-me muito dessa sensação e isso nunca mais saiu de mim.

Então começou a estudar teatro ainda em criança?

Sim, aulas livres de teatro. A música foi porque em casa sempre cresci com música. O meu pai é jornalista, a minha mãe bailarina. O meu pai tocava violão e nós íamos para a herdade da família e ficávamos a cantar e a tocar. Lembro-me de muita serestas de lua cheia. Família reunida, debaixo da árvore… Isso é muito vivo para mim. Até hoje tomo banho com música, acordo com música. A música está no meu dia a dia, toco violoncelo… Tanto que trouxe o meu instrumento [para Portugal]. Foi um processo natural. 

Mas não era difícil com essa idade trabalhar e estudar ao mesmo tempo?

Não porque sempre fui boa aluna. Sempre gostei de prestar atenção e não acumular o trabalho de casa, justamente para ficar livre. Acho que o que me ajudou também foi o facto de os meus pais terem uma vida muito ocupada, os dois trabalhavam muito, então eles também me ocupavam.

A minha mãe tinha uma academia de dança e eu tinha aulas de ballet, de sapateado, jazz, fazia desporto, basquetebol, voleibol… Comecei a jogar voleibol com nove, dez anos, e comecei a ser federada e tornei-me uma atleta, o que me deu uma disciplina que trago até hoje: A minha rotina, a administração do meu tempo, como consigo fazer várias coisas, ter uma empresa e ao mesmo tempo gerir isso além da minha carreira...

Apesar de ter uma agência aqui e no Brasil, sou eu que cuido da minha carreira. A minha empresa é onde eu consigo concentrar exatamente onde é que eu quero gerir o meu lado profissional. Também me vejo como uma empresa, onde o que me guia não é a vaidade, mas sim o desafio. Por exemplo, fiz uma série em que tive que engordar 15 quilos, em 2016, tanto que quando vim fazer o ‘Ouro Verde’ [da SIC] tinha 15 quilos a mais. Isso para mim foi, sim, um desafio. É muito além de engordar 15 quilos, tu também tens de te reconstruir e depois desconstruir. Se eu não tenho esse controlo das minhas propostas de trabalho, não tenho consciência daquilo que aparece. Quem faz as minhas escolhas profissionais sou eu.

O maior desafio da vida, independentemente da profissão, é rodearmo-nos de pessoas boas

E isso é bom...

É o que eu sempre quis. Claro que foi um processo, construir isso. Ter parceiros de confiança, parceiros competentes, pessoas boas por perto… O maior desafio da vida, independentemente da profissão, é rodearmo-nos de pessoas boas, que querem não só o seu bem mas também um propósito parecido. É casamento. Hoje em dia eu tenho a certeza de que estou muito bem casada com as pessoas que caminhamos no dia a dia.

Na música, quais são as suas principais inspirações?

A música é só um prazer. Ela mexe com todo o ser humano que está com um coração ativo. Dá-te lembranças, emoção, alegria, saudade, tristeza, dá tudo. Para mim, a música é algo espiritual. Mas o que me inspira, tenho desde musica clássica, Stravinsky por exemplo - foi com ele que me fez apaixonar pelo violoncelo e me levou a comprar um violoncelo para aprender - bossa nova, Beatles, samba, fado… Daqui de Portugal gosto muito dos Deolinda, Cuca Roseta...

Veio a Portugal em 2011 e foi convidada a integrar o elenco da novela ‘Sol de Inverno’, transmitida na SIC, onde deu vida a Thaís. Esta foi a primeira vez que esteve no nosso país?

Vim em 2010. Quando estava a ir para a Alemanha, dei uma parada em Portugal. Mas em 2011, depois de ‘O Astro’ [telenovela brasileira produzida e exibida pela Rede Globo], foi quando eu comecei realmente a vir [para Portugal]. Devo ter começado a gravar o ‘Sol de Inverno’ em 2012/2013. Vim fazer o lançamento de ‘O Astro’ aqui e ai tive o convite da Gabriela Sobral para fazer ‘O Sol de Inverno’, dela e do autor [da novela portuguesa] Pedro Lopes. Eu estava de férias e foi quando comecei. Disse-lhe que tinha três meses de férias. Gostei do desafio. Nunca tinha feito de vilã [referindo-se à personagem Thaís] e encantei-me. Não moro necessariamente aqui, mas tenho temporadas em Portugal.

A vinda para Portugal foi estritamente profissional ou também havia interesse pessoal de conhecer o nosso país?

Acho que os dois. Foi tudo ao mesmo tempo. Na altura tinha acabado de fazer uma exposição na Holanda, estava entre a Alemanha e a Holanda quando comecei a vir para cá. Sempre tive um triângulo entre Europa, Brasil, só que Portugal foi muito mais orgânico, senti-me muito mais em casa, reencontrei amigos. Estava com duas novelas no ar quando comecei a fazer ‘Sol de Inverno’ - estava com ‘O Astro’ e ‘Viver a Vida’. Para mim foi um momento muito interessante de perceber o trabalho de uma forma diferente, com uma outra temperatura.

Quais as principais dificuldades que sentiu quando começou a interpretar a personagem Thaís?

Muitas porque nunca tinha feito de vilã e também não tenho muitos sentimentos que uma vilã tem. Quando atuamos com um sentimento próximo do dia a dia, tudo bem, mas até então nunca tinha pensado em matar alguém ou fazer uma maldade… Foram sentimentos que tive de construir e tive dois grandes preparadores, diretores de elenco, que foram simplesmente sensacionais, mais os realizadores… A equipa ajudou-me muito e o texto do Pedro [Lopes]. Tem um texto muito maduro e dava-me muita coisa pronta. O Diogo Morgado também, que foi meu parceiro de cena. Tivemos uma química muito boa e isso facilitou bastante. Foi um desafio que na prática foi um prazer, não tive tantas barreiras.

Aseu ver, quais são as principais diferenças entre trabalhar no mundo da representação no Brasil e em Portugal?

Hoje em dia acho que quase nenhuma. Existe um orçamento muito menor, mas Portugal também é um país muito menor. O Brasil praticamente não é um país, é um continente. A receita muda, o consumo muda. Mas vejo que hoje em dia tem uma qualidade muito grande com os autores. Começamos a ter autores nacionais sensacionais aqui, que dá gosto, vontade, desejo de trabalhar, de contar essa história para vocês. Tem uma coisa muito positiva que é haver muita união numa produção. O ator chegar ao set é a coisa mais fácil, mas até ele estar pronto é uma demanda gigante de muito estudo, muita competência, muito treino e que essas pessoas que estão ali unem-se bastante. Vemos a pessoa da produção que está ao mesmo tempo a conduzir a carrinha que leva a equipa… Existe um cuidado com os pormenores. Vejo que há muito amor e desejo de dar certo. Uma equipa que tem gana de ver a dramaturgia portuguesa crescer. E isso não tem preço. É lindo de ver, mesmo.

De todas as personagens que interpretou até aos dias de hoje, qual foi a que mais de identificou com a Úrsula Corona?

A 'Floribella' [onde interpretava Tati]. Engraçado que até na gala da TVI veio uma menina portuguesa-brasileira dizer-me que eu tinha feito parte da sua infância. A Tati foi uma personagem muito positiva. Podia estar a pegar fogo o ambiente de trabalho, uma briga, inveja e ela chegava e dizia: ‘Gente, parem de brigar, cortem isto porque a vida é um morango’. Ver sempre o lado positivo da vida. A Tati marcou-me.

Temos de estar atentos porque a vida é uma roda gigante. Lembre-se de que numa hora está em cima e noutra está em baixoAos 35 anos, já conta com 27 anos de carreira no mundo artístico. O que retira destes anos de profissão?

Estou sempre a aprender. É certo que a experiência é boa, por exemplo, na gala [da TVI] as pessoas perguntavam-me se eu não estava nervosa e eu disse: ‘Não, mas porque que é que eu tenho de ficar nervosa? Eu estou é feliz’. Adoro o palco, o microfone, entrevistar, cantar, brincar… para mim, o meu trabalho é uma grande diversão. Se não tivesse tanto prazer, acho que não conseguia trabalhar tanto. Os 27 anos vieram para mostrar que o maior acerto que fiz na vida foi ter a certeza do que queria para mim desde sempre.

Perceber que a vida é um eterno aprendizado, a busca de desafios, quero buscar cada vez mais desafios. Ter humildade, acho que não podemos perder a humildade. Às vezes encontramos pessoas que se transformam, é muito natural isso acontecer. Têm uma humildade no início da carreira, o tempo passa e a pessoa fica com o nariz em pé que bate quase na porta e nós falamos: ‘Que pena. Tenho a certeza de que daqui a algum tempo vou encontrar essa pessoa e não vai estar bem, que é o que geralmente acontece’. Temos de estar atentos porque a vida é uma roda gigante. Lembre-se de que numa hora está em cima e noutra está em baixo. Não deixar de pisar o chão, independentemente da cabeça voar, que é importante também para a gente ter leveza na vida. Acho que é o grande equilíbrio.

Em Portugal também fez recentemente um reality show na TVI, ‘Biggest Deal’. Já tinha participado em algum formato? O que retira desta experiência?

Nunca. Sou uma pessoa que não vê reality shows, ou melhor, eu gosto muito de fazer televisão, mas não tenho tanto apego em assistir. Acho que é porque tenho uma necessidade de não ter uma vida inteira ligada à televisão. Claro que vejo, consumo conteúdos, de acordo com os meus horários. Sou mais ligada às séries. Quando estou a fazer um trabalho, não gosto de me ver, só vejo depois. Por exemplo, só agora é que estou a ver umas partes de ‘Ouro Verde’.

Quando me chamaram para fazer o ‘Biggest Deal’ falaram-me em duas coisas sensacionais: Vamos fazer um programa que são equipas e não existe um ganhador, mas existe um trabalho de união para vocês gerirem negócios e os lucro ssão doados a instituições sociais. Gerir negócios é algo que eu adoro fazer, tenho alguns negócios, e fazer ação social também faço há muito tempo, há quase 14 anos. O meu maior sonho, que para mim ainda é um desafio, é conseguir só fazer projetos sociais, mas na verdade trabalho muito para poder fazer o projeto social.

Tenho uma filosofia que é: A gente não sai viva daqui, estamos de passagem. Se assim é, que a gente tente montar alguma coisa positiva para gerar algum exemplo ou mudar alguma vida. Se a gente está aqui para contribuir, então a doação é o caminho, o compartilhar é o caminho. O ‘Biggest Deal’ veio muito dessa vontade, de usar o veículo da televisão para poder partilhar uma ideia. A ideia do ‘Biggest Deal’ é muito boa, só não sei se com alguns ajustes o projeto poderia…

De facto acabou antes do previsto, como a TVI anunciou. Na sua opinião, o que falhou?

É engraçado que na rua as pessoas vêm falar comigo e perguntam porque é que acabou e dizem que adoravam. O público fala do projeto, do programa. A gente tem de dar um tempo para digerir e acho que faltou um pouco desse tempo. A ideia é muito boa, não sei se a questão de ser na Venda do Pinheiro... era muito longe. Se fosse em Lisboa ou em qualquer outro lugar, acho que poderia ser mais acessível…

Mesmo assim, o ‘Biggest Deal’ conseguiu ajudar muito. Conseguiu ampliar uma escola em Moçambique, construir um poço numa região que não tinha água, conseguiu ajudar um menino com uma deficiência, os incêndios… Mas voltava a fazer um programa deste género, mesmo que fosse no Brasil?

Não sei dizer. Depende do propósito. No caso do ‘Biggest Deal’, havia um propósito. Se for para ajudar, com certeza. Ainda para mais no meu país que precisa muito. E mesmo assim, o ‘Biggest Deal’ conseguiu ajudar muito. Conseguiu ampliar escola em Moçambique, construir um poço numa região que não tinha água, conseguiu ajudar um menino com uma deficiência, os incêndios… Em poucas semanas conseguimos trazer um outro consumo de entretenimento e isso é muito bom.

Falou há pouco que as pessoas a abordam na rua por causa do programa, mas os portugueses também vêm ter consigo por causa das personagens que fez? Qual foi para si a mais engraçada?

Tive algumas que não chegaram a ser engraçadas. Mas tive uma engraçada, em Alfama. Veio uma menina a chamar-me Valéria [nome da personagem que interpretou em ‘Ouro Verde’] e começou a falar como a Valéria (que era bem abusada, tinha uma certa graça mas era bem abusada), e ela começou a encarnar uma Valéria. Percebi que a Valéria pegou muitos jovens. Mas teve situações que não foram nada engraçadas, em que levei com um guarda-chuva, com o jornal de um taxista, isto no caso da Thaís, que era vilã.

Não é difícil apaixonarmo-nos por este país. Gosto muito, é um país pequenino em que não falta nadaEm Portugal, quais são as principais características que mais lhe agradam?

Não é difícil apaixonarmo-nos por este país. Gosto muito, é um país pequenino em que não falta nada. Um país onde praticamente todas as civilizações passaram por aqui. Um país com muita história, onde há qualidade de vida, segurança, come-se bem, as pessoas são genuínas, onde existe uma beleza fora do comum.

Do Algarve à Costa Vicentina, eu amo. Gosto de praticar desporto e pegar na prancha, ir à Costa Vicentina, ir para o Algarve desfrutar do clima que é sempre um pouco mais quente, independentemente da fase, ou então ir para o Norte. Tem o Gerês, os cavalos selvagens, o Porto onde as pessoas são muito queridas… Acabamos por pegar um pouco da cultura galega que está ali ao lado. É um país que amo mesmo muito. Não consigo ainda morar aqui a 100%. Neste momento divido-me em três países: Moro em Lisboa, Londres e Rio de Janeiro por causa do trabalho e da minha empresa. Mas o que mais desejo é, mais para a frente, poder estar mais aqui, desfrutar mais, porque é um país que realmente me faz bem ao coração.

Portugal será um bom país para viver no futuro e construir família cá?

Com certeza. Infelizmente o meu país é muito bom, mas não para viver. O Brasil é muito bom para passar férias, para visitar, matar saudades. Mas o sistema brasileiro não te ajuda a ter uma vida com os seus direitos, saúde, educação digna... Se eu pensar só em mim, tudo bem, mas quando penso na realidade brasileira, dos mais de 200 milhões habitantes... as pessoas estão ali ralando para meter comida em casa, os filhos não têm nenhuma saúde nem educação, eu penso assim: Meu Deus, como é que pode? Um país com tanto potencial, com tanta verdade, com tanto tesouro de minérios, explorações e pessoas talentosas… Isso dá-me uma raiva. Mas ao mesmo tempo, dentro de uma política toda errada, a gente tem bons exemplos. Temos um ministro da Cultura, Sérgio Sá Leitão, que está a fazer um milagre, está a tirar a cultura da UTI [cuidados intensivos], está a ajudar mil projetos maravilhosos. Há pessoas que querem mudar e tem pessoas que só querem alimentar a ganância. É quase revoltante.

Ou se faz como se fez aqui que foi matar o rei, com coragem, ou se chama um terrorista para explodir Brasília ou, sinceramente, que é o caminho mais bonito, mais digno, são os brasileiros irem para a rua e mudar o país

A falta de segurança no Brasil é muitas vezes noticiada. O que deveria mudar?

Tudo. Ter reforma política, reforma do sistema. Tem de mudar tudo porque a nossa república foi feita para centralizar e ao mesmo tempo matar o que é a democracia. Tanto que o brasileiro não tem ideia do poder que a democracia tem. Acho que ou se faz como se fez aqui que foi matar o rei, com a coragem, ou se chama um terrorista para explodir Brasília ou, sinceramente, o que é o caminho mais bonito, mais digno, são os brasileiros irem para a rua e mudar o país. Não é simplesmente ir para a rua fazer barulho e confusão, é ir para a rua com um propósito, uma proposta. Acredito que virá uma geração, e já está a haver uma geração mais consciente, só que isso demora. Não sei se vou estar viva para poder ver essa mudança. O Brasil é muito jovem, são, sei lá, 517 anos, então ainda está a gatinhar.

Como já referiu durante esta entrevista, é ativista em causas sociais e tem uma forte relação com uma associação que cuida de crianças com cancro. O que aprendeu com essas crianças?

Todos os dias aprendo com elas. É muito duro. A infância é a melhor fase da vida e acho que o desafio de nós crescermos é não deixar a nossa criança morrer. Quando estamos com aquelas crianças que lutam para sobreviver, vemos que a sobrevivência não está na vida, não tem vida na sobrevivência, existe uma resistência na sobrevivência e isso é muito cruel. Uma criança que mal nasceu, que não pediu para nascer, nasce já a lutar, é muito injusto. Mas ao mesmo tempo quando encontramos crianças positivas, a ver a vida com uma outra força, com uma leveza, talvez até pela ignorância… muitas sabem o que está a acontecer, mas também há muitas que não sabem.

Começamos a avaliar o que é que realmente tem valor na vida, o que importa realmente. A vida traz uma satisfação muito maior. Não precisas de nada, não queres nada. Se estás bem, estás lindo. É perceber que és um abençoado porque acordaste mais um dia.

Se hoje lhe fosse dada a oportunidade de concretizar um desejo, qual seria?

Quero fazer muitos projetos sociais. Estou a começar mais um na Bahia [Brasil], uma região muito pobre, e isso dá-me um eterno prazer. A magia que o projeto social nos dá é inexplicável. Só estando ali é que se consegue entender o que é este investimento tão nobre. Pensamos que estamos a dar, mas estamos a receber muito. Você dá, mas você é que recebe. Num dos projetos de que sou madrinha, somos campeões do mundo na Alemanha. Temos parceria com  Manchester, Barcelona, replicou para a Bolívia o nosso modelo e nós nunca tivemos um patrocínio, sem parcerias. Então é muito bom ver que aquela criança podia nem estar viva.

A realidade de uma favela no Brasil é cruel. A criança fica seduzida pelo consumo, pelo ténis, pela bola, pela meia, apenas por pegar um pacote e levar para outro lado, é o chamado aviãozinho. É seduzido pela criminalidade porque a realidade é essa. Começamos com 33 crianças e hoje somos 357. Usamos o desporto como ferramenta, mas não queremos formar jogadores, queremos formar pessoas conscientes com a sua rotina, com sua obrigação. Estamos a retardar a gravidez precoce e isso é maravilhoso. Na Bahia estamos a começar a ação com a música. A música é uma ferramenta de transformação e este é o primeiro ano. Fico radiante comigo.

Estou também a fazer uma série de televisão que se chama ‘Identidade’. Pegamos em grandes nomes da música brasileira associados a grandes projetos que tem de música que nasceu do projeto social. É um projeto que eu apresento, canto com eles… Trago na vida uma grande paixão que é apresentar projetos sociais que são verdadeiros. Há projetos sociais que não são nada verdadeiros, são pessoas gananciosas a querer ganhar dinheiro em cima da pobreza ou da necessidade. Estes não, são projetos que realmente precisão de visibilidade.

Quais são os seus desejos para o futuro?

Ser feliz, espalhar amor. Sou uma pessoa muito grata, tenho a vida que sempre quis. É continuar. Estou numa estrada que é o que quero para mim. Seja daqui a um ano, um mês ou um dia, não mudo a direção. Só tenho de agradecer, mesmo. E se puder, fazer sempre projetos sociais e estar com pessoas boas. Agradecer e ter força e combustível para multiplicar.

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