Dino d’Santiago editou recentemente o livro 'Cicatrizes', onde conta a sua história de vida marcada pelas dificuldades económicas e pelo racismo.
Esse foi o mote para o artista dar uma entrevista a Júlia Pinheiro no programa das tardes da SIC. O músico falou do seu papel de pai e de como a responsabilidade de fazer um bom trabalho o levou a procurar psicoterapia.
"É um amor que não nos prepararam [...] muito do que está escrito no livro fui eu como criança a senti-lo. É o meu processo psicoterapêutico", começa por revelar.
"Eu tinha feito a promessa à mãe do Lucas que ia estar mais presente e que não ia trabalhar tanto mas o certo é que ele nasce e eu fico com medo de não ter possibilidades de o criar para que ele não crescesse como eu, com a escassez como sua sombra.
Um dia ela senta-se comigo e diz: 'Chegas já um cadáver para deitar o teu filho. Isto não [pode ser]'. Depois foi ela própria a sugerir-me a psicóloga que desde aí é uma relação que eu mantenho sempre. Eu acreditei mais que sou um bom pai porque realmente reconheci que havia necessidade de ser impecável", refere ainda o artista.
Dino d’Santiago tem dois filhos: Lucas e Cleo.
Veja aqui a entrevista de Dino d’Santiago.
A dura história de vida de Dino d’Santiago
O artista, de 42 anos, deu uma entrevista a Daniel Oliveira em 2022 onde falou sobre a pobreza que enfrentou na infância.
"Tínhamos os iogurtes contados. O fiambre, se houvesse, também era contado. Era tudo tão contado que lembro-me dos roncares da barriga e às vezes sentia vergonha, se estivesse na escola… Aí era o único momento que causa mais desconforto porque havia pessoas mais privilegiadas, outras menos, mas sentias vergonha do som em si", confessou.
"A vida era aquilo. Água potável nós não tínhamos. O meu primeiro banho de banheira foi aos 15 anos. Tínhamos de ir buscar a água potável à bica", explicou a Daniel Oliveira.
"Por isso, [vivíamos] entre os traficantes, as pessoas que compravam os produtos, os trabalhadores que edificavam Vila Moura... Crescemos no meio dessa combustão de sonhadores frutados. Ali eram as pessoas que não conseguiram vingar os seus sonhos, estavam todas no mesmo patamar, no mesmo lugar. Como é que podíamos ambicionar mais?", confidenciou.