O historiador Andrew Lownie, autor de um livro sobre o príncipe André, afirma que a rainha Isabel II foi tolerante com o "filho favorito", apesar das alegações de corrupção e ligações com Jeffrey Epstein.
"Ela tinha um grande ponto fraco em relação ao seu filho favorito e simplesmente não aceitava qualquer tipo de crítica a ele", comentou, durante a apresentação do livro, intitulado 'Entitled: The Rise and Fall of the House of York' ('A Ascensão e Queda da Casa de York na tradução em português').
No livro sobre o duque de York e a ex-mulher, Sarah Ferguson, relata várias situações em que a monarca terá pagado contas, dado apoio ao fazer-se acompanhar por ele em eventos públicos e deixando que usasse o Palácio de Buckingham para eventos.
"A rainha protegeu André, recusando-se a aceitar quaisquer queixas sobre ele, mesmo quando, por exemplo, lhe foram apresentadas provas de que ele aceitava subornos num cargo público financiado pelos contribuintes", vincou, em declarações a um grupo de jornalistas estrangeiros, entre os quais a agência Lusa.
Segundo o historiador, "isto era um motivo de tensão entre ela e o [marido], príncipe Filipe, que percebia que a situação deixava uma má imagem".
No livro, publicado em agosto no Reino Unido, Lownie documentou a vida pública e privada do príncipe André, desde a infância, incluindo o casamento problemático e o divórcio controverso após 10 anos, em 1996.
Um dos episódios narrados decorreu numa visita a Portugal em 1994, quando Sarah Ferguson surpreendeu ao confiar, numa entrevista, que tinha feito um teste ao VIH antes de se casar.
A biografia também faz revelações sobre relações amorosas, negócios questionáveis e a amizade do casal com Jeffrey Epstein antes e depois de o multimilionário norte-americano ser condenado por crimes sexuais com menores em 2008.
"Não há dúvida de que André e Sarah Ferguson estavam profundamente envolvidos com Epstein. Eles tentaram distanciar-se. Fingiram que só o conheceram no final dos anos 1990. Na verdade, conheceram-no 10 anos antes. Fingiram que tinham cessado todo o contacto com ele", afirmou aos jornalistas.
Em 2022, Andrew renunciou aos seus títulos militares e de mecenas e chegou a um acordo no processo civil com Virginia Giuffre, que afirmou que, em 2001, quando era menor de idade, foi forçada por Epstein a ter relações sexuais com o príncipe.
Esta semana, a duquesa de York, Sarah Ferguson, foi afastada dos conselhos de várias instituições de solidariedade, após ser noticiado que enviou um email a Epstein em 2011 onde o tratava como "amigo fiel e supremo".
"Sei que se sente terrivelmente desiludido comigo pelo que lhe foi dito ou lido, e devo humildemente pedir-lhe desculpa e ao seu coração por isso. Sempre foi um amigo fiel, generoso e supremo para mim e para a minha família", terá escrito, segundo os tabloides The Sun e Mail on Sunday.
Segundo o historiador britânico, a proximidade com Epstein é apenas um exemplo das relações do príncipe André e da ex-mulher, da qual continuou próximo, com empresários e figuras polémicas para obter benefícios.
Lownie queixou-se do ambiente de segredo que rodeia a família real e dificuldade em ter acesso a documentos oficiais ou a entrevistas com funcionários do palácio ou com diplomatas.
Este é o terceiro volume do historiador sobre a família real, depois de um primeiro sobre Dickie and Edwina Mountbatten, tios do príncipe Filipe, e outro sobre Eduardo VIII, que titulou de "O Rei Traidor" e que foi traduzido em português.
"Eu costumava escrever sobre os serviços secretos. E, na verdade, descobri que era muito mais difícil e muito mais secreto escrever sobre a realeza", ironizou.
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