A gravar 'Terra Forte' já desde o mês de agosto, depois de os ensaios terem decorrido durante o mês de julho, José Fidalgo, que dá vida a Sammy, começou por falar sobre a sua personagem em conversa com os jornalistas na apresentação da nova grelha da TVI.
"É luso-brasileiro, a história centra-se numa família açoriana e a comunidade açoriana que existe em Florianópolis. Passa-se entre Florianópolis e Açores, nomeadamente a Ilha das Flores. A minha família passou por situações complicadas em que perdeu tudo."
"A razão pela qual perdeu acho que não posso dizer, mas [a minha personagem] teve de arranjar os mecanismos possíveis com o meu pai, [Álvaro, personagem interpretada por] José Wallenstein, para recuperar o que era nosso. Aí desenrola-se uma história em que existe a Flor [papel] de Benedita Pereira, Maria de Fátima [papel] de Rita Pereira e o João Catarré, que faz de António. E as restantes personagens à volta deste enredo", começou por partilhar.
O que mais o entusiasma nesta sua personagem, diz, "é o facto de ser luso-brasileira". "Tem havido um desafio enorme e nós estamos um pouco sujeitos à crítica do público, mas faz falta isso, faz falta correr riscos. Esta personagem tem de falar português do Brasil, como tem de falar português de Portugal”, explicou.
"Está-se optar - com o decorrer da novela - por um sítio ou por outro. Também é plausível uma vez que grandes ícones dos filmes americanos foram feitos na língua inglesa quando as línguas nativas não eram as mesmas. O público é português, portanto, estamos a perceber qual é o melhor caminho. Enquanto ator, adoraria fazer a novela toda em que quando estivesse dentro de uma comunidade que é local onde trabalho, que é na Procuradoria-Geral do Estado de Santa Catarina, falar em português do Brasil como tenho tentado fazer", acrescentou.
José Fidalgo confessou que "não se sente confortável", mas que "o desafio é esse". "É procurar essa veracidade naquilo que faço para o espetador ver."
Questionado pelo Fama ao Minuto sobre quais as ferramentas que pode usar para conseguir enfrentar este desafio, o ator enumerou: "Uma boa professora de fonética, ver muitos filmes, telejornais, falar também com pessoas brasileiras, desenvolver diálogos para aprendermos o suficiente de determinadas gírias e depois, de alguma maneira, juntar e mesclar - como assim se pode dizer - de maneira a que também seja percetível ao público português, que é o principal espetador da novela."
As gravações de 'Terra Forte' no Brasil e nos Açores
Em relação às gravações no Brasil logo no arranque do projeto, em agosto, José Fidalgo afirmou que "foi ótimo". "Trabalhávamos imenso, levantávamos às quatro e meia da manhã para ir gravar e apanhar a primeira luz do dia, depois só voltávamos a filmar à noite, o frio terrível, porque o clima lá é igual ao nosso... Apesar de na Ilha das Flores ter sido mais 'rock and roll', no sentido em que estávamos a trabalhar imenso e de ter que mudar uma hora ou outra por causa do clima, gostei muito mais de trabalhar nas Flores", admitiu.
Falando especificamente dos Açores, destacou "a calma que a ilha traz". "Em Florianópolis tínhamos todas as condições para trabalhar bem, estávamos bem dispostos, tudo faziam para estarmos bem e estávamos. Mas é a própria ilha, não sei explicar. Nunca tinha estado na Ilha das Flores, mas transmitia essa calma no meio da pressão gigante que havia, porque o décor podia mudar de uma hora para outra, por causa do tempo. Mas cada vez que parávamos, nem que fosse por 5, 10 minutos, a ilha trazia uma calma…", insistiu.
A dinâmica das câmaras soltas, que é um dos desafios para José Fidalgo
José Fidalgo destacou também em conversa com os jornalistas que nesta novela, 'Terra Forte', está a viver uma "dinâmica nova em dois pontos de vista, do lado técnico e do lado interpretativo".
"Eles começaram esta dinâmica das câmaras soltas, haver mais câmaras no set, com a novela 'Cacau'. Estendeu-se para 'A Fazenda' e estamos agora com esse desenvolvimento. Para mim, do ponto de vista de ator, é um desafio gigante, mas é ótimo. A câmara acaba por ser realmente uma outra personagem no meio da história, porque ela é muito intrusiva, [está a uma curta distância]. Temos de nos abstrair disso, mas ao mesmo tempo temos a técnica de mostrar o lado que o público precisa de ver. E não é uma questão estética. Também se junta, mas é uma questão interpretativa para a câmara", acrescentou, salientando que este "é um desafio gigante".
"Juntando também às longas cenas que temos, que são muito grandes. É um desafio enorme, mas é prazeroso. E espero que o resultado seja tão bom quanto aquilo que estou a dar”, comentou ainda.
A leitura, que se tornou num bom escape ao ritmo intenso de gravações, e a paternidade
A trabalhar num ritmo intenso entre gravações e viagens do projeto, quando tem algum tempo para si o que mais tem aproveitado para fazer é "ler". "Família, motas… Ando quando posso, não como andava porque tenho de ter a noção da responsabilidade de um projeto destes como outro qualquer, mas procuro distrair-me e leio muito. Este ano estou a ler imenso e está a saber-me muito bem."
Sobre a paternidade, o ator garantiu que "está tudo bem". "Como qualquer pai, quando trabalha imenso e tem os seus afazeres e as suas responsabilidades, tenta dobrar-se para poder estar presente junto dos seus filhos e educá-los da melhor maneira."
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