O trágico acidente que aconteceu esta quarta-feira, dia 3 de setembro, após o descarrilamento do elevador da Glória, em Lisboa, gerou comoção entre anónimos e figuras públicas nas redes sociais.
Não ficando indiferente à situação, António Raminhos chamou a atenção para as notícias que destacaram os sucessivos alertas que tinham sido dados por trabalhadores da Carris relativamente à manutenção dos elevadores na capital. Entretanto, apagou esta publicação, voltando a partilhar o mesmo texto, mas de uma outra perspetiva.
"É preciso que as tragédias sejam mais do que tragédias. Têm de valer alguma coisa para além da perda. É a única maneira de honrar quem parte. Primeiro que tudo é um lembrete de como tudo muda num segundo. Que há preocupações que não podem tomar tanto tempo do nosso dia. Viver, refletir... mais do que ficar apenas a ver horas a fio de diretos e programas enquanto se bebe um café e se murmura um 'que triste...' para depois seguirmos como sempre. Mudar.
Até no mais básico, como num post anterior, que escrevi, onde para além de referir isto falava dos nossos governantes, mas chamaram-me a atenção que talvez não fosse o momento. Faz sentido.
É altura de olhar para o que podemos fazer de melhor para nós e para os outros. Como ter simples gestos de bondade, de alegria, de olhar para a frente e seguir caminho porque não sabemos o prazo das coisas", afirmou o comediante.
Queixas de trabalhadores da Carris sobre elevador da Glória eram frequentes
No dia da tragédia, Manuel Leal, dirigente sindical da Fectrans - Federação dos Sindicatos dos Trabalhadores dos Transportes e Comunicações e do Sindicato dos Trabalhadores de Transportes Rodoviários e Urbanos de Portugal (STRUP), revelou à agência Lusa que nos últimos anos as queixas dos trabalhadores da Carris em relação à segurança dos elevadores eram frequentes.
"Os próprios trabalhadores iam reportando, de facto, estas diferenças em termos daquilo que a manutenção que há uns anos era feita pelos trabalhadores da Carris e as diferenças para a manutenção que é feita hoje, nomeadamente com queixas sucessivas dos trabalhadores que lá laboram quanto ao nível de tensão dos cabos de sustentação destes elevadores", fez saber.
Assim, para Manuel Leal, o acidente "lamentavelmente, [...] veio dar razão a estas queixas dos próprios trabalhadores e deve levar o Conselho de Administração, perante um inquérito rigoroso a estas causas, a reequacionar a entrega a privados desta manutenção", de maneira a apurar responsabilidades.
Por seu turno, conforme adiantou a SIC Notícias esta quinta-feira, dia 4, o elevador da Glória tinha sido alvo de uma inspeção na manhã de quarta-feira, horas antes do acidente.
O mesmo meio adiantou que a inspeção teve início às 9h13 e terminou às 9h46, de acordo com um documento da empresa responsável pela manutenção do funicular.
A missiva concluiu que o ascensor tinha todas as condições para operar e que a mudança do cabo deveria de ser efetuada dali a 263 dias. Além disso, todos os parâmetro em análise receberam um 'ok' por parte dos técnicos.
O acidente, sublinhe-se, provocou 16 mortos e mais de 20 feridos.
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