Sandra Silva recorreu esta terça-feira, 5 de agosto, à sua página oficial de Instagram para fazer uma publicação através da qual manifesta a sua indignação perante as as possíveis alterações ao horário de amamentação.
Foram apresentadas no anteprojecto da lei de reforma da legislação laboral alterações que pretendem reduzir o tempo máximo de horário reduzido para mães que amamentem até aos dois anos e, ainda, a apresentação da prova de amamentação logo à nascença (algo que até então só era obrigatório após o 1.º ano de vida dos bebé).
A atriz e criadora de conteúdo digital não conseguiu passar ao lado do tema e gravou um vídeo no qual responde à polémica, mostrando-se a amamentar o filho, Vasco, de três anos.
Sandra Silva realça nas imagens que ainda amamenta porque o filho quer e porque ela quer e pode, mas também porque "maminha não é só leite".
"A que é que sabe a maminha da mãe?", questiona Sandra nas imagens, recebendo uma amorosa resposta do pequeno Vasco: "A morango e a chocolate".
Às imagens que mostram na perfeição o vínculo entre mãe e filho, a criadora de conteúdo digital juntou um texto através do qual nota a importância da amamentação e apela a melhores condições para as famílias.
Eis abaixo as palavras de Sandra Silva:
"Hoje faz três anos e meio que amamento o Vasco. Amamentação não é só alimento, é colo, é vínculo, é imunidade, é regulação emocional, é uma coisa que ninguém tem nada a ver sem ser a mãe e o bebé/criança. Amamento e trabalho por conta própria, nunca usufrui de licença nenhuma para o fazer, mas muitas foram as noites que trabalhei, para ser mãe de dia.
Isto deixou de ser sobre amamentação, é sobre recomendações de saúde da OMS [Organização Mundial da Saúde], é sobre direitos que demoraram a conquistar e agora não podem ser tirados porque só interessa a produtividade das empresas? E o resto? Todos vimos de uma família, sem o núcleo estar bem, nada estará bem, não percebem isso? De que vale uma mãe ir trabalhar 8 horas se está preocupada com o bebé que deixou? D.ra Ministra, nunca ouviu falar que quantidade não é qualidade?
Isto é sobre evidência científica. Sabem o que diz a OMS? Que um bebé deve ser amamentado em exclusivo até aos 6 meses e no mínimo até aos 2 anos ou mais. E condições para isso? Zero! Licenças? Apoios à natalidade e às famílias? É impossível estar a 100% nos dois mundos: Parentalidade e Trabalho. Impossível.
Os dados (segundo @opediatrapt) dizem que 22% dos bebés em Portugal mamam até aos 6 meses e só 6% até aos dois anos ou mais. É uma minoria, não é isso que é o problema. Mas claro que o problema tinha que ser das mães, e alguma novidade? Já não era sem tempo. Se em dois anos houver 170 mil bebés, estamos a falar de maios ou menos 10 mil amamentados até aos dois anos, sendo que nem todas as mulheres pedem a licença a que têm direito. Muitas por medo. A sério? Não há mais nada com que se preocupar?
Já para não falar no que falou a Margarida Graça Santos [médica], prevenção de doenças nos bebés, crianças e mães. Nem para vocês são bons Ministério da Saúde.
As famílias querem condições, as mães, pais e cuidadores querem e precisam de condições. A primeira infância é crucial e não sou eu que digo, é a ciência. Os bebés e crianças querem e precisam de estar com os seus cuidadores principais.
É só produtividade, dinheiro, economia e o resto? A sociedade precisa do resto. Neste caso o resto não é só o resto, é o princípio e o sustento de tudo.
Já estou farta desta palhaçada."
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