Cirurgia, muletas e coragem: Como Ângelo Rodrigues conquistou a Netflix
O ator dá vida à personagem de Heitor na série da Netflix 'Olhar Indiscreto'.
© Reprodução - Netflix Brasil
Fama Ângelo Rodrigues
Ângelo Rodrigues é uma das estrelas da nova série brasileira da Netflix - 'Olhar Indiscreto'. O ator, de 35 anos, que dá vida ao ousado Heitor, revelou-nos como conseguiu este papel e dos sacrifícios que teve que fazer.
"O convite surgiu em maio de 2021 no dia em que chegava a casa da minha 10.ª cirurgia. Tinha acabado de ser operado de urgência a uma questão que não ficou bem resolvida e no dia em que estava a vir para casa o meu agente brasileiro disse que tinha um casting para mim e que eu tinha 48 horas para entregar uma 'self tape' com quatro cenas", começou por contar aos jornalistas numa conferência que aconteceu no Melia Lisboa Aeroporto.
Uma vez que tinha acabado de se submeter a uma operação, Ângelo estava com a perna esquerda coberta de ligaduras e "ligada a uma máquina de vácuo", pois assim a recuperação o exigia. Para além disso, caminhava com a ajuda de muletas.
Ora, uma das cenas do casting pedia que a personagem andasse, o que na altura era praticamente impossível para Ângelo. "O que é que eu pensei? Não consigo andar, mas não vou desperdiçar esta oportunidade. Vou colocar a câmara num local estratégico no quarto de forma a que não se veja que não consigo andar", relata.
"Baixei as muletas e sabia que só tinha de me apoiar na cadeira e sentar-me. Lá fiz a cena e dentro dos possíveis consegui entregar", descreve.
Apesar das adversidades, o casting correu muito bem, no entanto, depois de terem visto as notícias sobre a operação de Ângelo, a produção da série ficou preocupada. "A realizadora adorou, mas eles queriam saber como é que eu estava, então pediram para eu enviar uma foto da minha cicatriz e um vídeo meu a correr. Ora, eu não conseguia andar sequer. Então fui ao meu rolo de fotografias, recuei oito meses e encontrei uma foto que defendia um pouco a cicatriz que tenho e enviei isso. Entretanto, lembrei-me que a SIC tinha feito um documentário sobre a minha recuperação onde no final apareço a correr na praia. Tirei isso e enviei para o meu agente".
A boa notícia veio logo no dia a seguir, quando Ângelo soube que tinha sido escolhido e que o papel era para uma série na Netflix.
"Entretanto acontece uma tragédia: a morte da Maria João Abreu. Fui ao velório, ainda não conseguia andar bem e fui de muletas. Essas imagens foram parar à imprensa e dois dias depois recebo um telefonema do meu agente a dizer que a Netflix estava preocupada comigo. Então pediram-me para fazer um vídeo em casa a saltar para confirmar que estava apto. Assim o fiz: coloquei a câmara, dei uns passinhos atrás, larguei as muletas, respirei fundo, dei três saltinhos, depois aproximei-me da câmara - 'está tudo bem' - e foi assim que fiquei com o papel", recorda, com um sorriso na cara.
"Na minha cabeça três meses eram suficientes para a minha recuperação e a partir do momento em que fiquei, comecei um intenso processo de fisioterapia caseiro. Sabia que o papel tinha uma enorme exposição e vindo eu de uma 10.ª operação e de uma 10.ª anestesia geral, é normal dizer que não estava com a autoestima nos píncaros. A personagem tinha que emanar poder, segurança, confiança, que era tudo o que eu não tinha", completa.
Ângelo superou os desafios físicos e psicológicos e deu o seu "máximo" nas gravações. "Só tinha de chegar ali e entregar, não havia plano B, e isso foi a minha maior motivação", lembra.
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