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"O Noble vai a palco e é tudo dele, o Pedro é um introvertido disfarçado"

O Fama ao Minuto esteve à conversa com o músico Pedro Fidalgo, conhecido como Noble.

"O Noble vai a palco e é tudo dele, o Pedro é um introvertido disfarçado"

Noble em cima do palco, Pedro Fidalgo fora dele. Estivemos à conversa com o músico que nos mostrou ambas facetas.

Se, por um lado, há o artista que deseja partilhar o seu trabalho com o mundo e ir mais além, por outro, há o jovem que começou a tocar guitarra fechado no quarto, horas a fio, sem imaginar que seriam as músicas românticas que lhe trariam o sucesso. 

Pedro recebeu a sua primeira guitarra da avó, depois de desistir das aulas de saxofone. Apaixonou-se  de imediato e decidiu seguir uma carreira na música. Fez parte de algumas bandas de garagem, mas foi a solo, com o sucesso 'Honey', que se tornou conhecido entre o público.

Pedro também lutou contra um carcinoma pulmonar, que lhe deu uma nova perspetiva da vida. 'Não deixes para amanhã o que podes fazer hoje' passou a ser o seu lema, por isso, esforça-se para aproveitar todos os momentos ao máximo.

Quais as novidades que tem para contar aos fãs?

No início do ano lancei o meu segundo álbum de estúdio chamado ‘Secrets’. É um disco que resultou de uma parceria criada com a RFM com o intuito de dar a conhecer novos talentos nacionais. 

Acabou por ser o público a escolher os cinco talentos que queria ouvir comigo no disco e aqui temos nós o ‘Secrets’ com cinco novas vozes. 

Costumo dizer que sempre tive muita sorte, a minha família sempre me apoiou muito e acreditou na minha carreira. Tentei passar isso e dar a mão a esta malta.

No dia 25 de junho vamos estar no teatro Tivoli BBVA, é a primeira vez que vou tocar em Lisboa, estou muito feliz com esta notícia, já há muito tempo queria tocar em Lisboa e é a primeira vez que vou reunir as cinco vencedoras do desafio em palco. Vai ser uma noite de celebração. 

O mercado musical é difícil em todo o lado

O que está a fazer pelas cinco vencedoras é aquilo que gostava que tivessem feito por si quando ainda tocava em bandas de garagem?

Sim. O mercado musical é difícil em todo o lado. Esta parte das redes sociais e do Spotify veio a ajudar muito a conectar com o público, mas deu essa possibilidade também a outras milhares de pessoas que conseguem fazer o mesmo todos os dias. Pode ser difícil chegar ao público porque há uma oferta muito grande. 

Gostava de ter essa oportunidade em relação a uma carreira lá fora?

É o meu grande sonho. Sonho desde sempre com uma carreira internacional e gostava muito de ver isso a concretizar-se. Do meu ponto de vista a música não é nada mais do que partilha, e conseguir tornar a carreira à escala global é a maior partilha de todas. 

Nunca lhe disseram que por estar em Portugal deveria cantar mais em português? 

Há de tudo, costumo dizer que é impossível agradar a gregos e a troianos. Quando era mais novo compunha em português, mesmo naquela fase em que os meus pais nem sequer sonhavam que eu cantava. A música é o catalisador do artista e tem sido a forma com a qual tenho lidado com os meus problemas. E às vezes por a língua ser tão nossa sinto-me bastante exposto quando me tento expressar em português.

O inglês começou por ser isso: uma muleta para conseguir transpor os meus pensamentos para canção. Também sempre fui um grande consumidor de música americana, o meu pai sempre importou muita música inglesa, e felizmente também tive bons professores de inglês e comecei a perceber que no inglês me sentia bastante confortável - tinha estaleca para dizer aquilo que queria. Mas surgiu inicialmente por isso: como escudo de proteção para ser mais fácil abrir-me com o público. E querendo uma carreira internacional o inglês também já facilita muito nessa parte. 

O Noble é aquele artista que sobe ao palco e é tudo meu, mas o Pedro é um introvertido disfarçado.

Mas pegando nas suas palavras: não seria melhor expressar-se em português precisamente por ser mais 'verdadeiro'?

O Noble é aquele artista que sobe ao palco e é tudo meu, mas o Pedro é um introvertido disfarçado - gosto muito de comunicar com as pessoas, mas não tenho muito facilidade em expor-me ou em lidar com alguns dos meus problemas. 

Acho que nunca conseguiria dizer o que disse naquela canção quando vim do hospital. Nunca conseguiria dizer em português… ‘Se eu partir amanhã, não chores, a luz é aquilo que me vai salvar’. Mas não quer dizer que não cante em português, se calhar cantar coisas minhas em português é que não me deixa confortável. 

Nada é garantido, temos de estar o mais presentes possíveis em todos os momentos e dar o melhor de nós em tudo aquilo que fazemos. Recordou um dos momentos delicados da sua vida… O Pedro que temos aqui é um Pedro muito diferente daquele antes de ser internado?

Sim. Aquilo que vivi foi uma escola muito grande, ajudou-me a crescer um pouco mais rápido do que aquilo que desejava, mas sinto-me muito grato por isso, porque há males que vêm por bem. 

Esse problema ajudou-me a dar mais valor a coisas que não valorizava tanto. Quando o descobri tinha 19 anos e acabei por dar valor a coisas mais pequenas, agarrei-me mais a momentos do que pensamentos.

Antigamente ouvia aquele ditado 'não deixes para amanhã o que podes fazer hoje', a partir daquele momento parece que aquelas palavras tinham sido escritas para mim e a pandemia só veio a reafirmar essa ideia. Nada é garantido, temos de estar o mais presentes possíveis em todos os momentos e dar o melhor de nós em tudo aquilo que fazemos. 

Ainda guarda a guitarra que a sua avó lhe deu?

Guardo, sim senhora. Está na casa dos meus pais num estúdio que tinha lá improvisado na garagem. 

A sua avó foi a primeira a perceber o talento do Pedro para a música?

A minha avó criou-me até aos seis anos e há uma ligação inegável, coisas que não se explicam. Ela sempre foi aquela pessoa que deu o peito por mim. 

Na altura tinha aulas de saxofone, porque queria tocar algum instrumento, mas ao fim de um ano acabei por desistir. Tinha 13 anos, o método de ensino do professor era muito clássico - entendo que seja assim e não estou a dizer para não estudarem música - mas a música para mim era uma coisa muito natural, mais fluída, então acabei por perder o interesse. 

Mas chegar a casa e dizer que afinal queria uma guitarra, qualquer pessoa no seu perfeito juízo diria 'alto e para o baile que isto não funciona assim'. Então fiz o que qualquer criança faria e fui pedir à minha avó e ela deu-me a minha primeira guitarra. 

E quando pegou na guitarra começou logo a cantar ou isso surgiu mais tarde?

Primeiro comecei só por tocar, tinha um amigo que já tocava há alguns anos e dava-me algumas dicas. 

Mais tarde comecei a cantar, mas tinha muita dificuldade no início, era um pesadelo cantar e tocar ao mesmo tempo. Fui conseguindo aos poucos até que um amigo me convidou para tocar num bar e a receção foi muito boa. A partir daí tive a minha primeira banda, um tributo aos Nirvana e nunca mais parei. 

E ainda canta para a sua avó?

Canto… A única coisa que ela me pede para cantar é Tony Carreira, um dia destes faço-lhe a vontade e aprendo a tocar essas músicas para ela [risos]. 

A família reagiu bem à escolha da música?

É uma profissão que até engrenar é muito penoso, mas o apoio da minha família foi a parte mais importante. O meu pai também acabou por se rever um bocadinho em mim. Ele canta muito bem e infelizmente não conseguiu seguir isso, teve que ir trabalhar. Lembro-me que, desde miúdo, em todos os karaoke, o meu pai era sempre o rei da festa. O meu avô, o pai dele, tocava muitos instrumentos... A música sempre esteve muito presente. 

A minha mãe também sempre incentivou muito, mas foi aquela que manteve os pés no chão. Foi por causa dela que fiz o curso técnico de mecânica, porque tinha de ter uma segunda opção se alguma coisa corresse mal. 

E alguma vez pensou que seria melhor exercer o curso de técnico de mecânica?

Houve alguns momentos de frustração, que acho que devem existir, em que ponderei mesmo não fazer mais música, sentia que não conseguir dar o próximo passo.

Mas o que é que o impedia?

Não sei. Se calhar não me dava com as pessoas certas. Sempre quis fazer a minha própria música, nunca consegui ficar muito tempo em covers. O meu pai insistiu muito para que não perdesse essa paixão, até que o Jorge Oliveira, baterista dos Fingertips, decidiu apresentar-me ao Rogério, o meu manager. Foi aí que tudo começou a fluir. 

Entretanto tive o problema de saúde, voltei quase recuperado, gravei a ‘Honey’ e percebemos que aquele tinha de ser o nosso primeiro single. Felizmente, a música foi muito bem recebida por toda a gente e foi o genérico da novela da TVI ‘Amar Depois de Amar’, uma grande rampa de lançamento. 

O Pedro Lima deu-me um conselho que estimo e vou estimar para o resto da minha vida.

E como é que o Pedro tímido lida com as fãs mais atrevidas?

Lida-se muito bem [risos]. Sou muito grato por todo o meu público, como é óbvio. Costumo contar uma história da última vez que estive com o Pedro Lima, acabamos por ficar muito amigos por causa da novela e criamos uma boa amizade. Nessa noite estávamos a conversar e surgiu isso do público.

O Pedro deu-me um conselho que vou estimar o resto da minha vida: ‘As pessoas fazem de nós aquilo que somos, são elas que fazem a nossa carreira. Vai haver um dia em que vais estar chateado com a vida, contigo próprio, e vai aparecer uma pessoa que te vai pedir um fotografia ou um autógrafo. Tu vais pôr o melhor sorriso que tens, vai dá-lo e proporcionar-lhe o melhor momento do seu dia’. 

Já faço isso com naturalidade, porque apesar de ser muito introvertido gosto de lidar com pessoas, de tentar ser divertido e fazê-las rir.  Respondendo à pergunta, lido bem com todos os fãs [risos]. 

E o talento para a música ajudou o Pedro nas conquistas amorosas?

Quando era mais novo e a partir do momento em que comecei a tocar guitarra, claro, ajudou-me muito, as pessoas queriam estar à minha volta, existia essa aura. Hoje, olhando para trás, arrependo-me de algumas coisas, porque sinto que só via a minha guitarra à frente. Tinha 15/16 anos e enquanto o pessoal queria sair à noite, eu não queria nada disso. Enfiava-me e passava horas na guitarra. Estava tão focado naquilo que não via mais nada. Hoje teria aproveitado melhor a minha adolescência.

Mas considerando-se um eterno romântico, supõe-se que consiga expressar melhor os seus sentimentos, não?

Claro que sim. Principalmente o primeiro disco que é quase todo canções de amor. A música é o catalisador para o bem e para o mal. Declarei-me às pessoas, à minha família, e a minha namorada já está muito habituada [risos].

Não tem o receio de se tornar comercial? 

Tinha talvez um pouco no início, porque vim de uma escola mais rock n’roll, mas tive um amigo que um dia acabou com todas as minhas dúvidas a dizer-me: 'Ouve, com a tua voz, mais tarde ou mais cedo ias ter que cair nisto'.

A partir daí comecei a ver o mundo com outra perspetiva. Cheguei a um ponto em que me sentava para compor música e só conseguia escrever este tipo de canções. Elas foram ficando guardadas e hoje aqui estão elas. Nunca me expressei tanto e tão bem a fazer este tipo de música romântica.

O que é que diria ao Pedro com 14 anos?

Diria para desfrutar mais um bocadinho da adolescência, para se divertir mais e para não desistir porque as coisas vão dar resultado.

Leia Também: Aurea fala de Diogo Martins e do regresso aos palcos. "Super emocionante"

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