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"Venho de um círculo muito conservador, católico e beto. Sofri muito"

Rui Maria Pêgo à conversa com Manuel Luís Goucha.

"Venho de um círculo muito conservador, católico e beto. Sofri muito"
Notícias ao Minuto

14:40 - 31/10/20 por Notícias Ao Minuto

Fama Rui Maria Pêgo

Rui Maria Pêgo foi este sábado o grande convidado de Manuel Luís Goucha no programa 'Conta-me'. Em conversa com o apresentador, o talentoso filho de Júlia Pinheiro falou sobre si, sobre a sua carreira na área da rádio, televisão e representação e ainda sobre o dia em que decidiu dizer publicamente que é homossexual.

A reação dos pais no dia em que "saiu do armário"

Foi aos 19 anos que Rui Maria Pêgo decidiu contar aos pais que era homossexual e, tal como diz o próprio, "sair do armário". Uma revelação que surgiu depois de Júlia Pinheiro ter percebido que algo não estava bem com o filho.

O ator e animador de rádio estava a sofrer um desgosto amoroso. 

"O grande problema dela era o que é que me aconteceria", conta Rui Maria Pêgo sobre a reação da mãe. "reação dos dois foi de medo e de alguma raiva por eu não ter dito mais cedo", acrescenta, referindo-se aqui também ao pai - Rui Pêgo

Assumindo que os pais são de outra geração, Rui explica que com o passar do tempo a maior dificuldade na interação familiar foi para que os pais entendessem as suas piadas, por vezes picantes, como algo normal. Até que chegou o dia em que, depois de perceber que a família se sentia incomodada com esta sua característica, lhes disse: "É muito simples, ou vocês se começam a rir comigo ou eu vou rir-me sozinho". E tudo melhorou, até porque também as suas piadas deixaram de ser tão sarcásticas. 

Em 2016, Rui Maria Pêgo torna pública a sua orientação sexual

Em 2016, depois do massacre de Orlando, o ator decide fazer nas suas redes sociais uma publicação, que na época se tornou viral, onde contava publicamente, pela primeira vez, que há muito se assumia como homossexual.

À época da sua publicação, Rui Maria Pêgo trabalhava na rádio Renascença - uma emissora católica - e o seu grande medo era a possibilidade de ser ostracizado ou despedido. Uma hipótese que nunca chegou a verificar-se. 

"Tinha medo na rádio porque achei que podia ser despedido, mas aconteceu o contrário e tive ainda mais visibilidade", garante.  "Não houve dúvidas nenhumas sobre a minha continuidade", algo de que o deixa muito grato. 

E no resumo da sua revelação, que acabou por ajudar muitas pessoas a fazer o mesmo, este realça aquilo que para si é mais importa: "Mais importante do que a minha voz ter tocado algumas pessoas, é importante que cada um de nós faça este papel todos os dias". 

"Venho de um círculo muito conservador, católico e beto"

"Para pessoas vanguardistas, sou um beto chato", assume Rui Maria Pego, garantindo que aos 31 anos consegue ter maturidade para saber exatamente quem é e lidar com isso da melhor forma. 

Mas a verdade é que nem sempre foi assim, muito por culpa do círculo da sociedade em que cresceu. 

"Vivi num contexto em que em casa era livre, mas na escola não era. Venho de um círculo muito conservador, católico e beto", assume, explicando que não se identifica com a estratificação social a que se habitou a assistir e que foi também este ambiente o que atrasou a sua 'saída do armário'. "Se ando numa escola que persegue a diferença, e sou diferente... é um convite para sofrer. E sofri muito", revela, recuando a uma fase menos feliz da sua adolescência que, assume, só não foi pior porque sabiam na escola que era filho de Júlia Pinheiro e isso acabava por dar-lhe alguma popularidade. 

"É inaceitável que as pessoas sejam perseguidas por serem quem são", defende, criticando qualquer tipo de bullying. 

"Acho que já achava alguma graça aos rapazes da minha turma, mas não percebia muito bem o que era", conta, referindo-se aos primeiros anos da adolescência. Mais tarde, Rui Maria percebeu exatamente o que sentia, mas "vivia com medo". "Pensava, morro de medo que se saiba". 

E nem em casa Rui Maria Pêgo conseguiu sentir-se à vontade para expor as suas dúvidas. Uma das suas irmãs mais novas sofria de anorexia, fazendo com que sentisse que existiam outras prioridades na família e que as suas dúvidas deviam ficar para mais tarde. 

"Quando se vive uma doença em casa, a doença deixa toda a família toda doente", refere, preferindo não se alongar sobre o tema. 

Aceitarias entrevistar André Ventura na televisão?

"Não", respondeu Rui Maria Pêgo ao ser questionado por Manuel Luís Goucha sobre a possibilidade de conversar com André Ventura num programa de televisão. 

Ao contrário de Manuel Luís Goucha, que tem uma opinião diferente sobre o tema, o ator e animador de rádio acredita que os jornais e espaços informativos são o local certo para estas entrevistas. "No daytime, não concordo. O daytime toca outras pessoas", afirma, sendo de imediato questionado por Manuel Luís Goucha sobre a possibilidade de estar a "menorizar o público de daytime". 

Rui Maria Pêgo explicou que não era, de todo, essa a sua questão e afirmou mesmo, assumindo que esta era uma opinião que daria que falar, que "jamais entrevistaria Mário Machado". 

Recorde-se que Manuel Luís Goucha esteve no centro da polémica precisamente por ter levado Mário Machado ao programa 'Você Na TV', no início de 2019. 

Sobre regimes partidários e partidos ou opiniões políticas extremistas, Rui afirma: "Assusta-me que as liberdades e garantias voltem para trás". 

"Não tenho uma carreira em televisão porque sou filho da minha mãe"

Rui Maria Pêgo chegou a frequentar o curso de direito na Universidade Católica - uma opção tomada pela insistência dos pais, que queriam assegurar-se de que teria um plano B. 

"Direito foi um erro. Foi pressão dos meus pais", conta. "A minha mãe chagou-me a cabeça até mais não, chegou a um ponto em que saí de casa", acrescenta ainda. 

Direito ficou para trás e em 2020 Rui Maria Pêgo licenciou-se, finalmente, numa área que sempre admirou: História.  

É na rádio e nos palcos de teatro que mostra todo o seu talento. Um talento que se estende ao canto e também à televisão. Uma área onde, garante, nunca brilhou tanto por ser filho de Júlia Pinheiro. "Não tenho uma carreira em televisão porque sou filho da minha mãe", diz, sem medo de assumir que o 'peso' do nome que carrega não traz apenas coisas boas. 

Quanto à escolha de qual das áreas mais gosta ou qual irá escolher para se dedicar no futuro, Rui Maria Pêgo tem apenas esta plena certeza: "Quero poder ser aquilo que eu quiser", seja na representação, no canto, na televisão ou na rádio. Todas estas áreas vão ser sempre parte da sua vida e a sua grande paixão.

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