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"Sinto que estou em prisão domiciliária mas sem pulseira eletrónica"

A recuperar da Covid-19, Fernando Rocha conversou com o Notícias Ao Minuto sobre últimas semanas.

"Sinto que estou em prisão domiciliária mas sem pulseira eletrónica"
Notícias ao Minuto

08:20 - 21/04/20 por Rita Alves Correia

Fama Fernando Rocha

No passado dia 27 de março, Fernando Rocha recorreu às redes sociais para comunicar que estava infetado com o novo coronavírus, tornando-se assim a primeira figura pública portuguesa a contrair Covid-19. Seguiram-se dias duros, marcados por sintomas que deixaram o humorista a dormir cerca de 20 horas seguidas, como relatou. Posteriormente, as graduais melhoras trouxeram-lhe de novo o bem-estar físico. 

Em fase de recuperação, conta que já se viu livre dos sintomas pesados, mas continua refém da doença: Na passada sexta-feira, realizou a terceira fase de exames e voltou a testar positivo. 

Nesta que é a quarta semana após o diagnóstico, o comediante conversou com o Notícias Ao Minuto para relatar como se tem sentido ao longo das últimas semanas.

A recuperação, o fervilhar da mente artística em dias de confinamento e o seu olhar sobre o futuro foram as questões que marcaram a conversa. 

O último balanço que fez foi logo após aos dias mais duros. Como têm sido estas semanas de recuperação?

Não tenho sintomas nenhuns, sinto-me como se não tivesse nada. Estou é confinado em casa, não saio há um mês e meio. Estou a tentar encontrar mil e uma formas de me manter ativo, tanto física como mentalmente, para a minha sanidade mental. Tenho escrito coisas, tenho visto séries, jogado, é assim que vou matando o tempo. 

Fui sempre honesto com as pessoas que se tinham cruzado comigo. Estar infetado e omitir isso... acho errado Está em casa com a sua mulher e os dois filhos?

Sim, estamos todos juntos desde o início, só que eu estou numa parte da casa e eles estão noutra. 

Sendo tão próximo da família, como tem gerido esta distância, ainda que dentro da mesma casa?

Temos falado pelo WhatsApp. Às vezes falamos mais alto para nos ouvirmos uns aos outros. A casa tem três pisos e estou numa parte, eles noutra. 

Foi das primeiras figuras públicas a ser diagnosticada com a doença em Portugal e foi sempre muito transparente quanto à evolução do seu estado de saúde.

Fui o primeiro. Não queria nada ter esse estatuto, mas é o que é. Fui sempre honesto com as pessoas que se tinham cruzado comigo. Estar infetado e omitir isso... acho errado. 

No  fundo é uma prisão domiciliária. Estou preso em casa mas sem pulseira eletrónica. Estar confinado a um espaço, por mais condições que tenhamos, é tristeTambém foi sempre transparente com os seus filhos?

Sim, ele tem 20 anos e ela 15. Já não são nenhuns miúdos. Perceberam bem, são bem informados.

Nesta fase estão mais descansados?

Sim, eles não têm sintomas, a minha mulher também não. Ela fez o teste e deu negativo. 

Regressar à 'normalidade'? Só quando existir vacina ou cura. Tudo o que ouvirmos falar até lá é conversa de violinoCom um mês e meio de isolamento, a recuperar da doença, sente o peso dos dias?

Sim, no fundo é uma prisão domiciliária. Estou preso em casa mas sem pulseira eletrónica. Estar confinado a um espaço, por mais condições que tenhamos, é triste. Primeiro, é triste estarmos presos numa gaiola - a liberdade é uma coisa que não tem preço. Depois, é a nossa sanidade mental que está em risco. Há pessoas mais fracas do que outras psicologicamente que podem entrar em depressão. Temos de lutar contra isso. Continuo a escrever comédia, continuo a fazer programas nas minhas redes sociais - tenho um programa que se chama ‘Rir sem sair’, que só dá no meu Facebook e Instagram

Muitos artistas têm recorrido às redes sociais para se manterem ativos nesta fase que estão privados de fazer espetáculos. Colocando os olhos no futuro, que perspetivas tem para o dito ‘regresso à normalidade’?

Só quando existir vacina ou cura. Tudo o que ouvirmos falar até lá é conversa de violino. No mundo dos espetáculos - seja música, comédia, o que for -, existem aglomerações de pessoas. Como tal, só se vai permitir aglomerações de pessoas quando houver uma vacina ou a cura. Se disserem: ‘Já se pode, com menos pessoas’. É como diz o americano: é tudo ‘bullshit’. 

Temos é de arranjar outras alternativas, pôr a cabeça a trabalhar e a criatividade à flor da pele para tentar encontrar formas de ganhar a vida. Encontrar outras formas de apresentar ao público o nosso trabalho. 

Muitos artistas vão passar um mau bocado financeiro porque é a única forma de sobrevivência  Tem conversado com outros colegas?

Sim. Estão todos céticos quanto a isto. Ninguém tem certezas de nada, ninguém sabe de uma data para recomeçarmos as nossas vidas. Mas muitos artistas vão passar um mau bocado financeiro porque é a única forma de sobrevivência. 

Daqui a uma semana fará o quarto teste. Até lá vai continuar a cumprir as mesmas medidas de prevenção dos últimos dias?

Só faço o que as autoridades de saúde me dizem. Ligam-me todos os dias, dão-me as diretrizes e eu cumpro à risca. 

Tem perspetivas de quando poderá juntar-se à família, dentro de casa?

Só quando testar negativo. Quando fizer o segundo teste negativo, a minha casa retoma a normalidade. 

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