Lena D'Água aceitou recordar os episódios mais marcantes da sua vida em entrevista ao programa 'Júlia', da SIC. Numa longa conversa com Júlia Pinheiro, a cantora falou sobre o vício em heroína, confessou ter vivido episódios de violência em três relações distintas e admitiu ainda viver com falta de dinheiro.

Estreou-se nos palcos aos 18 anos com a banda de rock Beatnicks e nos anos de 1980 transformou-se num símbolo sexual.

Quanto à vida pessoal, ainda jovem apaixonou-se por Ramiro Martins. Engravidou um mês depois de ter começado a namorar. Casou e chegou a sair da casa dos pais, mas a separação acabou por acontecer pouco depois.

Relações marcadas por episódios de violência

Admite que teve muitos namoricos e que a grande maioria deles aconteciam por iniciativa sua. Sendo que nem todas as suas relações terminaram de forma pacífica e algumas ficaram mesmo marcadas por episódios de violência.

“Aconteceu três vezes, com três pessoas diferentes”, conta, referindo-se a ter sido mal-tratada. “Não foi uma coisa que me tenha atormentado. Mal acontecia eu punha um ponto final. Nunca falei porque nunca fui realmente uma vítima”, garante.

“Sempre fui muito independente e os homens têm dificuldade em lidar com isso”, é desta forma que justifica o fracasso das suas relações e as situações menos positivas pela quais passou.

Ao lado do escritor Pedro Paixão viveu um grande amor. “Foi o único em toda a minha vida que quis casar comigo”, lembra. “Ele foi dos que melhor me tratou, apesar de nunca ter estado apaixonado por mim”.

Desigualdade de géneros no mundo da música

“Nunca vendi muitos discos”, com esta afirmação introduziu um tema que sente obrigação de defender: a desigualdade de géneros no mundo da música.

“Enquanto o Rui Veloso fazia três platinas, eu fazia um disco de prata”, afirma, alertando para o facto de os homens músicos da sua geração se manterem ainda ativos e o mesmo não acontecer com as mulheres.

“Custa muito mais para nós [mulheres] do que para os homens”, defende.

O vício em drogas

Aos 33 anos decidiu experimentar heroína. Uma experiência que correu mal e acabou por deixá-la dependente de drogas. “Foi uma experiência muito estúpida que quis fazer com um namorado”, conta.

“Arrependo-me de ter feito essa experiência”, garante, realçando que depois de duas desintoxicações, uma em 1997 e outra em 1998, conseguiu recuperar. “Custou, mas acabou já há 20 anos", diz, orgulhosa.

Admite que a família sofreu enquanto esteve ligada às drogas, mas não hesita em afirmar que: “As adições são uma coisa muito pessoal”.

Os problemas financeiros

Em 2007 trocou Lisboa para viver no campo. Realizou um sonho de miúda, mas acabou por se afastar ainda mais do mundo da música.

Confessou estar sem dinheiro através de um longo que texto que partilhou nas suas redes sociais em 2017. Na época, recebeu ajuda de várias figuras públicas e de fãs. “Não foi bem apelo, foi um grande desabafo”, explica.

“Houve solidariedade e houve pessoas que me mandavam dinheiro. Guardei essas pequenas ajudas e paguei a toda a gente”, diz, revelando que chegou a receber cartas com 10 euros lá dentro. “Estava mesmo tesa e sem trabalho à vista”, este era o sentimento na época.

Agora, dois anos depois, as suas finanças parecem não ter melhorado: “Continuo a estar com problemas de dinheiro". “Ando aflita de cobres desde os anos 90. Ando há 20 anos à rasca, mas nunca tive outro trabalho. E as dívidas que eu tenho a pessoas amigas, são pequenas dívidas". 

O regresso à música

Pronta a dar a volta e a ultrapassar as dificuldades, Lena D'Água volta este ano a abraçar a sua grande paixão: a música. A cantora apresenta um novo álbum a 12 de abril e espera desta forma recuperar a estabilidade.