Liliana Campos associou-se à Lindor para no Dia do Cuidador, assinalado a 5 de novembro, partilhar pela primeira vez o seu testemunho sobre o período difícil em que cuidou da mãe.

O testemunho emocionante da apresentadora 

Dois anos depois da morte de Zena Campos, a apresentadora da SIC abriu o coração para partilhar a sua história na esperança de ajudar pessoas que passem pelo mesmo.

“Se conseguir ajudar uma pessoa que seja já valeu a pena, mas não é nada fácil para mim”, começou por dizer Liliana, no evento realizado no Hotel NAU Palácio do Governador.

Ao lado da Doutora Maria João Quintela, que esteve presente no local em representação da SPGG (Sociedade Portuguesa de Geriatria e Gerontologia), Liliana lembrou a importância que o seu irmão teve durante os quatro anos em que a mãe de ambos precisou de cuidados permanentes após ter adoecido, perdido a autonomia e ter apresentado os primeiros sinais de demência.

“Se eu consegui ter a minha mãe em casa quatro anos devo ao meu irmão. Com o que eu ganhava eu só conseguia pagar a uma pessoa para estar lá durante a noite. Eu não conseguia paga a duas pessoas e ele foi a pessoa que cuidou dela nesse horário”, lembra.

As dificuldades sentidas por Liliana Campos enquanto cuidadora

Durante todo o processo em que tentou cumprir o desejo da mãe, permanecer em casa apesar da doença, a apresentadora precisou de adaptar a casa, que a certa altura ficou semelhante a um hospital, as suas rotinas e até de aprender como cuidar de uma pessoa acamada. Porém, nem tudo foi fácil e Liliana começou a sentir as primeiras dificuldades.

“Ensinar-me várias vezes como tratar de uma doente que está acamada, como se deve virar, como se deve mudar a fralda, mas eu nunca aprendi. Fazia tudo à base da força e aquilo era à base do jeito. Não tinha jeito nenhum. Fazia as coisas à base da força e ficava exausta”.

Tal como referiram o seu marido Rodrigo Herédia e o amigo Cláudio Ramos, em testemunho gravados anteriormente em vídeo e partilhados durante o evento, Liliana viveu durante o tempo em que a mãe esteve acamada uma vida atarefada para se certificar que nada lhe faltava. Foi uma filha exemplar, na opinião de ambos.

Outra das grandes dificuldades da anfitriã do programa ‘Passadeira Vermelha’, da SIC Caras, foi conseguir encontrar alguém de confiança para cuidar da mãe.

“Aconteceu-me um bocadinho de tudo. Desde uma senhora que dava medicamentos à minha mãe para ela dormir, para não incomodar, e a ameaçou”, recorda, sem conseguir conter as lágrimas. “Aquilo que eu queria naquele dia era matar aquela mulher”, afirmou, ao lembrar o momento em que descobriu que a pessoa que havia contratado estava a mal-tratar a sua mãe.

“Tive de tudo e tive também pessoas que nos roubaram.”, acrescentou.

Aparte financeira foi outro dos ‘pesadelos’ da comunicadora. Montar um autentico hospital em casa revelou-se um esforço financeiro acrescido.

“A parte financeira foi das lutas mais difíceis que eu tive. Existe aquela ideia de que quem trabalha em televisão ganha muito dinheiro e há algumas pessoas que ganham... outras não. Eu tive de fazer um esforço financeiro enorme porque tudo o que é para pessoas acamadas é muito caro”, recordou.

O momento da despedida

No momento da partida, Liliana e a família despediram-se de Zena com a certeza de que fizeram tudo o que estava ao seu alcance. “Fizemos tudo o que era possível até o médico dizer já não dá mais”.

“Acredito que a minha mãe escolheu o dia para partir. Foi o dia em que não estava em casa e o dia em que nem eu nem o meu irmão estivemos com ela. Acho que de uma forma inconsciente nós a prendíamos, não a deixávamos partir porque estávamos sempre a exigir dela”, conclui Liliana, recordando um dos dias mais difíceis da sua vida e, uma vez mais, de lágrimas nos olhos.