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"O primeiro abuso aceitei por comida, depois aceitei por chantagem"

O cantor deu uma entrevista inédita este sábado, no 'Alta Definição'.

"O primeiro abuso aceitei por comida, depois aceitei por chantagem"

Matias Damásio protagonizou, este sábado, uma das entrevistas mais emocionantes do 'Alta Definição'. A guerra civil em Angola, o diagnóstico de autismo ao filho e o abuso sexual que sofreu aos 12 anos foram os temas de destaque da conversa. "Se não fosse Deus não sei se estaria aqui, depois de tantas coisas que passei na vida", começou por dizer.

O artista, de 36 anos, iniciou a conversa com Daniel Oliveira com uma viagem à infância, vivida no Bairro da Lixeira, em Luanda, marcada pela Guerra Civil de Angola. 

"Quando fazia alguma coisa levava uma chapada na boca ou um copo na cabeça", contou. "O sonho era não morrer no dia seguinte". 

Ao cenário de violência juntou-se um outro episódio traumático: "Fui abusado sexualmente aos 12 anos por uma mulher adulta".

Matias detalha que a agressora era uma vizinha "de 40 e tal anos". "De volta e meia ela falava comigo e aquilo acontecia. Era muito próxima da minha mãe. Nunca disse à minha mãe. Foram várias e várias noites. A primeira vez aceitei por comida, depois aceitei por chantagem", relatou. 

"Obrigava-me a pôr a língua, a introduzir [o pénis], a sentar... Não esqueci, mas ultrapassei", acrescentou. O cantor admite que só se apercebeu que se tratava de abuso sexual "muito mais tarde", na altura em que se apaixonou e sentiu os reflexos do trauma. "Tive problemas, falta de ereção...", contou. 

A adolescência atribulada ficou marcada também pela má relação com o pai. "Odiei o meu pai até aos 20 e tal anos. Culpava o meu pai por sermos pobres. Olhava-o como um homem fracassado. Sofri bullying na escola pelas condições em que vivia", revelou. 

Mas a vida "deu voltas" e foi quando teve o primeiro filho que 'viajou' até à infância para compreender o progenitor. A vida de cantor obriga-o a estar longe dos três filhos, uma realidade que o aproximou ainda mais do pai: "Por mais dinheiro que tenha, por mais concertos, nunca serei como o meu pai. Comecei a perceber o valor que o meu pai tem na minha vida". 

Hoje, o cantor vive a luta diária de trazer a felicidade para o seio familiar. Matias, o filho de 11 anos do artista, foi diagnosticado com autismo ao sete. "Ao início foi complicado. Chorámos imenso. Já abraça. Chamou-me de pai pela primeira vez quando tinha oito anos. Foi um dia muito especial. Marcou a minha vida. Trocaria tudo para ver aquele miúdo normal", disse. 

Matias contou que aprendeu a viver com as peculiaridades do filho. "A memória fotográfica é muito comum em crianças com autismo. Não se pode deixar um cartão de crédito ao lado dele. Decora números inteiros. Uma vez fez compras no valor de 400 euros em jogos", revelou. 

A sua maior missão enquanto pai resume-se a fazer chegar a Matias todo o amor da família. "Desejo do fundo da minha alma que ele saiba o quanto o amo. Perguntei ao médico se ele sabia e ele disse que se calhar não". 

A vida repleta de batalhas não lhe tira o brilho dos olhos e a determinação de querer vencer. No dia 24 de novembro, Matias Damásio subirá ao palco da Altice Arena, um momento em que levará no coração "todos aqueles que perdeu" na vida, nomeadamente a avó e o irmão Guilherme. "Foi como se me tivessem deixado viver para cumprir os sonhos [deles]", rematou. 

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