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"Fazer televisão é muito mais do que teres jeito e trabalhares muito"

Inês Folque é uma das apresentadoras da estação de Carnaxide, tendo abraçado recentemente um novo desafio, 'Questão de Tempo', da SIC Caras. Apaixonada pelo seu trabalho, a figura pública recordou os primeiros passos no mundo televisivo em conversa com o Fama ao Minuto.

"Fazer televisão é muito mais do que teres jeito e trabalhares muito"

Depois de se ter inscrito numa agência aos 16 anos e de ter feito vários castings, Inês Folque conseguiu entrar pela primeira vez no mundo televisivo com uma participação na série 'Inspector Max', da TVI. 

Após esse desafio, integrou o elenco da sétima temporada de 'Morangos com Açúcar', onde deu vida a Rita Moreira. 

Além de ter continuado a interpretar outros papéis, a jovem começou a trabalhar na SIC K como apresentadora, onde esteve em contacto constante com o público mais jovem. Esteve também no programa E-Especial, mas agora abraçou um novo desafio, estando atualmente no ar com 'Questão de Tempo', na SIC Caras. 

Em conversa com o Fama ao Minuto, Inês Folque - que casou com Gonçalo Ribeiro Telles em setembro de 2016 - recordou os primeiros trabalhos em televisão e todo o seu percurso. 

Como é que define a Inês Folque enquanto pessoa e a Inês Folque que surge à frente das câmaras?

Enquanto Inês Folque acho que sou uma pessoa extrovertida, comunicativa, atenta, amiga dos seus amigos, uma pessoa prestável, curiosa, gosto de novos desafios, de trabalhar naquilo que trabalho… À frente das câmaras acabo por ser um bocadinho a mesma pessoa. Uma das características que tenho mais vincadas é o facto de ser muito genuína e transparente. É talvez uma das regras que eu mais me pauto: ser muito eu própria e não menosprezar ninguém. A forma como falo à frente das câmaras é muito a minha forma de falar com as pessoas no dia a dia. Não há ali nenhuma defesa, máscara ou posicionamento diferente. Aliás, acho que é assim que também quero ser vista e recordada. Sou a mesma pessoa.

Tenho os pés bem assentes na terra, tive sempre de lutar muito pelas coisas que fizDepois de uma participação na série 'Inspector Max', interpretou o papel da Rita nos 'Morangos com Açúcar'. O que aprendeu nessa altura que retém até aos dias de hoje?

Acho que o mais importante não tem tanto a ver com o meu trabalho mas com a formação que os meus pais me deram e com a educação que recebi. Tento sempre trabalhar e reger-me por dois princípios muito importantes. O primeiro é que nada é garantido e o nosso trabalho tem que ser provado todos os dias, em todos os projetos e da mesma forma. Nunca pensei: ‘Se agora faço Morangos faço tudo’. Nunca foi a minha postura. Na altura [em que participai] já não era aquela fase dos 'Morangos' em que as pessoas explodiam a partir daí. Fiz a série já com essa noção, que aquilo não queria dizer nada. Era um projeto que tinha de fazer e dar o meu melhor. O que pudesse vir a partir daí por causa disso ou por outros motivos, - que na realidade acabou por ser sempre por outros motivos – eu teria de provar o porquê de estar ali todos os dias. Foi uma coisa que adquiri e os Morangos provaram exatamente isso.

Outra das coisas é que todas as pessoas com quem te cruzas profissionalmente são importantes. Desde a pessoa do bar até à pessoa com quem tens de ter uma reunião importante. Devem ser todas tratadas da mesma forma.

Tenho os pés bem assentes na terra, tive sempre de lutar muito pelas coisas que fiz, ir atrás daquilo que quis e provar que valia a pena fazer aquilo. A única coisa que talvez me trouxe os 'Morangos' foi ter a certeza que nada é garantido.

Mas sente que a série acabou por ser uma rampa para a carreira na televisão?

Os 'Morangos' deram-me alguma exposição, mas na verdade já cá andava há algum tempo a tentar. A primeira vez que me inscrevi numa agência foi com 16 anos. Já tinha feito muitos castings. Os meus pais sempre tiveram muita vontade que eu estivesse formada até ter alguma exposição. Se calhar não fazia sentido eu ter feito outras coisas antes. O ‘Inspector Max’ acabou por ser um apontamento, também não era nada muito sério… Não vejo as coisas dessa maneira. Todos os trabalhos dependem 100% de nós próprios. 

Entretanto, além da interpretação, começou a trabalhar na SIC K, tendo estado em constante ligação com os mais novos. O que aprendeu com os mais novos?

Confesso que sou fã do público infantil e juvenil. É uma área em que me sinto muito bem. Um meio onde gostava de continuar a criar projetos porque tenho essa facilidade e é 100% genuíno. Posso não estar a gravar que a minha postura é exatamente a mesma e há uma coisa que costumo dizer muito, parece quase cliché: mas eles são demasiado verdadeiros.

Quando crescemos vamos perdendo um bocadinho essa verdade, essa transparência. Quando trabalhamos com os miúdos, para já, não temos como enganá-los, depois eles são demasiado genuínos, dizem exatamente o que pensam e não alinham no que não querem alinhar. O que mais gostei de trabalhar com o público infantojuvenil, sobretudo com o mais infantil, foi a falta de filtro deles.

Sente que é um público mais fácil ou mais difícil de agradar?

É um público muito mais difícil até porque eles não têm como se identificar contigo. Vais ser sempre a crescida. Quando muito, aspiram a ser tu ou a ver-te como uma irmã mais velha. É um público que escolhe aquilo que quer, mais ainda estas gerações novas.

A televisão está a sofrer uma transformação enorme. Estamos todos a passar uma fase que é: ‘E agora caminhamos para onde?Acha que esta geração vai transformar totalmente a televisão?

Não só vai como já está. A televisão está a sofrer uma transformação enorme. Estamos todos a passar uma fase que é: ‘E agora caminhamos para onde? O que é que temos de desenvolver?’. Estamos aqui num meio termo estranho. Estas novas gerações já não veem televisão da mesma forma que nós víamos. Já não têm esta ligação com a televisão, apesar de eu achar que a televisão continua a ser aquele carinho de referência das pessoas. Por mais que existam plataformas digitais e formas de comunicar pelo digital, a credibilidade do símbolo da televisão vai ser sempre muito diferente do que qualquer outra coisa que venha.

Provavelmente, os miúdos que estão a nascer agora nem vão fazer ideia de que nós víamos televisão com uma grelha definida, nem vão saber o que é que isso é. Apesar de tudo, os canais de televisão não deixam de ser empresas e as empresas têm de caminhar para ter sustentabilidade e serem saudáveis. E só o podem ser se se adaptarem ao que o público quer.

Vive agora um novo desafio profissional, estando à frente do programa 'Questão de Tempo', na SIC Caras. Como surgiu a ideia de apresentar este formato?

Foi mesmo um projeto meu. Quando sai do 'E-Especial', em dezembro, foi também um bocadinho nesse sentido, de dar um passo em frente na minha carreira de apresentadora. Foram dois anos de 'E-Especial' em que aprendi muito, cruzei-me com muitas pessoas, tive muitas oportunidades giras, mas já existe uma certa maturidade minha enquanto apresentadora. Já fazia sentido eu ter algum projeto em nome próprio e ganhar algum espaço meu em algum dos canais. Foi numa conversa com o próprio Daniel Oliveira, que é diretor da SIC Caras, que ele me pôs à vontade para fazer alguma sugestão que pudesse fazer sentido para o canal. Eu fiz e, de facto, acho que o projeto tem o ADN da SIC Caras.

Mas a decisão de sair do 'E-Especial' e criar este projeto foi uma iniciativa sua?

Foi uma iniciativa minha e do canal. Sou uma pessoa com muita imaginação e criatividade, às vezes até em demasia porque depois não tenho tempo para completar e concretizar as coisas de que me lembro a toda a hora. Este era um projeto que eu já tinha mais ou menos na gaveta, como outros tantos que andam aqui a saltar na minha cabeça. Este tinha condições para se concretizar já arrancámos com ele. Estou muito feliz.

Qual o feedback que tem recebido?

A mim o que me dizem sempre é: ‘A ti ninguém te vai dizer que não gosta’. Mas tenho tido um feedback muito positivo e acho que as pessoas gostam imenso do conceito. Eu própria acho que o conceito funciona muito bem na forma que está feito, até porque é muito diferente da linguagem do registo habitual. Depois, acho que aproxima as figuras públicas do público porque todas aquelas perguntas são perguntas que eu podia estar a fazer à minha melhor amiga ou ao meu pai.

Todos nós temos essas preferências, interesses muito triviais. Todos nós somos pessoas e lidamos no dia a dia com coisas tão simples como escolho cebola roxa ou cebola normal. Aqui o objetivo era um bocadinho esse, a pessoa [identificar-se] com a personalidade. Tenho muita vontade de expandir mais a coisa, de ter alguns convidados mais fora da caixa, que se destaquem nas suas áreas de ação mas que não tenham tanto a ver com o meio da televisão e cinema…

Ir para o mercado de trabalho para me candidatar a uma posição em gestão era quase anedótico. Não acredito que alguém me fosse contratarApesar de saber que o mundo da televisão era o que queria para o futuro, escolheu estudar gestão de empresas. Se um dia o seu percurso na representação/apresentação chegar ao fim, sente que tem aqui uma outra porta aberta?

Quando decidi tirar gestão a ideia foi um plano B. Encontrar um curso que fosse suficientemente eclético, que tocasse em áreas fortes para poder ter um plano B caso largasse a televisão. Acho que tenho muito pouco de gestão e foi um curso que me custou muito tirar porque não tinha nada a ver comigo. É engraçado porque, apesar de tudo, há muitas outras coisas que gostava de fazer - acho que gestão foi um bom curso para ter como base. Hoje em dia em trabalharia em comunicação, em qualquer área, mas não propriamente como gestora.

Ir para o mercado de trabalho para me candidatar a uma posição em gestão era quase anedótico. Não acredito que alguém me fosse contratar porque a minha experiência profissional não tem nada a ver com gestão. Se quisesse saltar para gestão teria que me atualizar de alguma forma. 

Mas imagina-se a gerir um canal de televisão ou um grupo de media/entretenimento?

É assim, façam-me o convite. Amava. No meu curso de gestão, há algumas coisas, sobretudo falando mais da SIC onde já estou há alguns anos, há departamentos da SIC que acabei por conhecer melhor e ter algum contacto com as pessoas, e há muitas coisas que me interessam aí. O facto de trabalhar à frente das câmaras não implica que não goste do próprio sentido da máquina propriamente dita. Há muitas coisas que eu gostava e eventualmente vai surgir a oportunidade

Acha que estar só na televisão não chega? Ou seja, sente que hoje em dia é preciso estar a reinventar-se constantemente e ter sempre um segundo plano porque o mundo televisivo pode falhar de um momento para o outro?

Isso é uma coisa difícil de responder, uma vez que a televisão está a mudar muito, como já falámos aqui. Não sei responder a isso.

Poder fazer televisão é 70%  sorte porque seres uma ótima profissional e trabalhares lindamente não te garante que um dia vais ter um lugar ao sol Até porque agora há muitas figuras a apostar nas redes sociais, no YouTube, blogues… Sente que nesta fase isso é uma mais-valia para quem está na televisão?

Quando mais ecléticos pudermos ser, melhor. O que não estou a dizer para chutarmos para todo o lado e sermos de todas as formas. Simplesmente acho que quanto mais valências tivermos e quanto mais explorarmos alguns talentos que possamos ter, é melhor para nós.

Fazer televisão é muito mais do que teres jeito e trabalhares muito. Existe uma série de fatores que influencia poderes vir ou não a ter sucesso. Muitas vezes são coisas tão parvas como o ano em que nasceste. É muito difícil seres uma aposta válida em televisão, sobretudo em Portugal porque temos um mercado muito pequenino e existem muito poucas opções.

Poder fazer televisão é 70%  sorte porque seres uma ótima profissional e trabalhares lindamente não te garante que um dia vais ter um lugar ao sol. O que não quer dizer que noutras áreas não seja assim, mas acho que em televisão é ainda mais porque somos mais pequeninos. Agora, se a pessoa gosta muito disto e tem este sonho, tem de tentar até ao limite.

Aceito muito bem que o tempo passa, as modas mudam, as pessoas adaptam-se a coisas diferentes, querem coisas diferentes, as coisas são cíclicas O cenário de poder vir a ser dispensável no trabalho assusta-a?

Não. Aceito muito bem que o tempo passa, as modas mudam, as pessoas adaptam-se a coisas diferentes, querem coisas diferentes, as coisas são cíclicas. Daí achar que é tão importante a pessoa ter capacidade para se reinventar, fazer coisas diferentes.

Há sempre público para tudo, se tu estiveres a funcionar muito bem em televisão. Mas é impensável pensar que uma pessoa de 60 anos vai estar a apresentar o mesmo programa que uma de 15. Encaro isso como a forma natural da vida, não me assusta. É a ordem natural das coisas, há um percurso de vida profissional para quem trabalha em televisão. O que não quer dizer que ache que as pessoas quando começam a chegar a uma certa idade têm de ser descartadas. Pelo contrário, há projetos para todas as idades.

Filha de mãe espanhola e pai português, o que é que em si é tipicamente espanhol e português?

Não sei, vivi a minha vida toda em Portugal. Diria que sou mais espírito português do que espanhol. Falo muito, falo alto, falo com as mãos, muito depressa… e acho que tenho alguma da alegria espanhola, mas acho que os portugueses também são alegres. Gosto muito dos dois países, sinto-me feliz em ambos e identifico-me com ambos.

Não fui daquelas pessoas abençoadas pela genética, nem pela boa forma instantâneaCom o verão a chegar... é daquelas pessoas que faz um plano pouco meses antes da época balnear para estar em plena forma, ou mantém um estilo de vida saudável ao longo do ano?

Tento manter uma vida saudável ao longo do ano até porque tenho necessidade disso, não só pelo meu trabalho mas porque não fui daquelas pessoas abençoadas pela genética, nem pela boa forma instantânea. Tento ter algum cuidado sempre até porque, se não tiver, na altura do verão já perdi o comboio.

Casou-se há quase dois anos. Como é que tem vivido o matrimónio?

Tem sido bom. Estou feliz, contente. Estamos a construir uma história gira. O que vier daqui, desta família, será sempre bom.

Quando foi viver com o Gonçalo, quais os principais desafios que enfrentou ao partilhar a vida com outra pessoa?

O típico. A mentalidade e o cérebro de um homem é muito diferente do da mulher. Há sempre adaptações que nós temos de fazer uns aos outros e cuidados que temos de ter um com o outro. Sobretudo, respeitar um bocadinho o espaço, a rotina e a maneira de ser um do outro. Acho que isso é um desafio que depois se prolonga até para o resto da vida porque depois há fases diferentes e as pessoas estão a viver coisas diferentes. É uma adaptação que se faz com alguma calma e com alguma sensibilidade. Aceitar que somos diferentes e ter capacidade para respeitar em que é que ele é diferente e em que é que eu sou diferente.

Onde espera estar daqui a 10 anos?

Gostava muito de continuar a trabalhar em televisão, que a televisão continuasse a ter espaço e oportunidade. Gostava muito de continuar a provar às pessoas que o que me interessa é trabalhar e trabalhar bem, ser a minha melhor versão. Ter uma família feliz e estar bem, saudável, com capacidade para continuar a trabalhar e estar ativa.

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