Altice Portugal "saúda o facto de a NOS ter recuado na sua posição"
A Altice Portugal saúda o "recuo" da NOS na sua posição sobre a compra da Media Capital pela dona da PT/Meo, ao afirmar que "havendo remédios até não é contra a operação", disse hoje fonte oficial da operadora.
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Economia Altice
Em entrevista hoje ao Expresso, o presidente executivo da NOS, Miguel Almeida, aponta que "há uma fraude com a qual os governos e a Anacom [Autoridade Nacional de Comunicações] têm pactuado", referindo-se à Fibrogal, uma empresa alegadamente associada à operadora de telecomunicações Altice.
Sobre a compra da Media Capital, dona da estação televisiva TVI, pela Altice, Miguel Almeida afirmou: "Quero acreditar que a operação não vai acontecer porque é muito negativa para os consumidores, para os cidadãos, e, no limite, para a democracia, uma vez que envolve a comunicação social".
"Se for aprovada, a nossa expectativa - absolutamente legítima atendendo às questões levantadas pela Autoridade da Concorrência - é que terá de ser com os remédios adequados para precaver os riscos identificados", acrescenta o presidente executivo da NOS.
Questionada pela Lusa sobre as declarações de Miguel Almeida, fonte oficial da Altice disse que "a empresa não irá reagir formalmente" à entrevista.
No entanto, indicou, no que respeita à Media Capital, "a Altice, tal como sempre disse, confia na decisão do regulador e saúda o facto de a NOS ter recuado na sua posição, dizendo que, havendo remédios, até não é contra a operação".
A mesma fonte criticou o facto de a NOS não abordar temas com a qual a operadora se debate, "como a estrutura acionista, transparecendo claramente não estar à vontade com o que pode suceder no futuro".
"Parece ter vergonha de assumir que estão na imprensa há muitos anos [através do Público], com um diário de referência em Portugal, e que o seu acionista estrangeiro [empresária angolana Isabel dos Santos] tem forte presença e influência nos media portugueses e angolanos", acrescentou.
Relativamente à acusação de fraude na atuação de uma participada, a Altice "escusa-se a comentar o tema, afirmando, contudo, considerar irresponsável e preocupante o ataque grave e gratuito ao Governo português e ao próprio regulador".
A empresa Fibroglobal é dona de redes rurais no centro do país, onde decorreram incêndios no ano passado.
"Grande parte destes locais é servida pela rede da Fibroglobal, que foi paga com dinheiros públicos e está a ser usada de forma privada, o que constitui uma fraude", refere Miguel Almeida na entrevista, referindo estarem em causa clientes cujos serviços estavam assentes da rede de cobre do incumbente (PT).
O que o incumbente faz, sublinha o presidente da NOS, é propor aos clientes a migração para serviços de fibra, com serviços adicionais.
"Não é já só voz fixa, tentam também vender televisão. Podem dar-se ao luxo de o fazer porque não há concorrência. Usam uma rede que foi paga por dinheiros públicos [fundos europeus de 30 milhões de euros] em seu benefício próprio, o que é uma fraude com a qual sucessivos governos, não apenas o atual, e sucessivas administrações da Anacom, não apenas a atual, têm pactuado, com o seu silêncio e a sua inação", afirma Miguel Almeida.
Fonte oficial da Altice Portugal desvaloriza a entrevista de Miguel Almeida, salientando que tal "indicia a necessidade de 'fazer prova de vida'".
A fonte disse estranhar que a NOS, "recebendo do Estado e, portanto, dos contribuintes, quase 10 milhões de euros pelo contrato de serviço universal, apenas tenha responsabilidade por dois ou três clientes".
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