Itália/Eleições: Consolidação orçamental será determinante para o rating
A agência de notação financeira Standard & Poor's considera que a falta de uma maioria estável em Itália não implica uma descida do 'rating', salientando que o importante é que o próximo Governo mantenha a aposta na consolidação orçamental.
© Reuters
Economia S&P
"Há atualmente uma falta de visibilidade sobre a composição do novo Governo e, por conseguinte, na sua direção política, que vai continuar a ser fundamental para a avaliação da qualidade do crédito italiano", dizem os analistas da S&P.
Numa nota de análise ao resultado das eleições de domingo em Itália, a S&P vinca que "o resultado das eleições não deve ter um impacto imediato no 'rating'", que a agência coloca em BBB com Perspetiva de Evolução Estável.
"Acreditamos que, segundo os resultados conhecidos, o processo de formação de Governo pode ser complicado e longo porque nenhum partido ou coligação pré-eleitoral obteve votos suficientes para formar Governo", dizem os analistas numa nota divulgada pela filial da S&P em Madrid.
Neste contexto, acrescentam, "a Perspetiva de Evolução Estável [atualizada em outubro do ano passado] equilibra o potencial para um crescimento económico mais forte e mais melhorias no mecanismo de transmissão monetária nos próximos dois anos, com as persistentes incertezas políticas e as suas implicações potencialmente negativas para a avaliação da qualidade do crédito e das medidas económicas".
Neste caso, concluem, "as pressões para a descida do 'rating' podem acumular-se se, além de outras razões, a consolidação orçamental vacilar, especialmente se o novo Governo abandonar o compromisso do Governo anterior nesta área".
As forças políticas conhecidas como antissistema, eurocéticas e de extrema-direita alcançaram uma votação histórica nas eleições legislativas italianas de domingo: o Movimento 5 Estrelas (M5S, populista) tornou-se no partido mais votado com cerca de 32,6% dos votos, enquanto a coligação formada pela Forza Italia (FI, direita) do antigo primeiro-ministro italiano Silvio Berlusconi e a Liga de Matteo Salvini (extrema-direita) obteve 37%.
No entanto, no seio desta coligação, a Liga, a formação eurocética e anti-imigração de Salvini, conseguiu superar significativamente a Forza Italia de Berlusconi, 17,4% contra 14%.
Tanto o M5S como a Liga reivindicaram o direito de formar Governo, excluindo qualquer aliança "eurocética" entre as formações políticas.
Uma vez que nenhuma das forças obteve uma maioria absoluta parlamentar, os líderes políticos vão ser forçados a negociar e antevê-se um período longo e complexo que pode durar meses.
Esta situação naquela que é a terceira economia da zona euro deixa na expetativa toda a Europa, nomeadamente os parceiros na União Europeia (UE).
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