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Multimilionário compra Los Angeles Times por 500 milhões de dólares

Um multimilionário da biotecnologia comprou hoje o jornal Los Angeles Times (LAT), por 500 milhões de dólares (408 milhões de euros), acabando com uma relação conturbada do título com os seus proprietários baseados em Chicago.

Multimilionário compra Los Angeles Times por 500 milhões de dólares
Notícias ao Minuto

07:04 - 08/02/18 por Lusa

Economia Jornais

Esta é a primeira vez em 18 anos que a propriedade do jornal é titulada por alguém da sua área de influência.

O acordo entre o empresário Patrick Soon-Shiong, da área da medicina e de Los Angeles, e o grupo Tronc constitui a mais recente compra de um jornal a uma grande empresa por uma pessoa rica e com preocupações cívicas.

Com 65 anos, Soon-Shiong criou a sua fortuna desenvolvendo um medicamento para o cancro, em 1991.

Ele já era um acionista de referência do Tronc, um dos homens mais ricos de Los Angeles e o médico mais rico dos EUA, pelos cálculos da revista Forbes, que lhe atribuem ativos no valor de 7,8 mil milhões de dólares.

O acordo inclui a compra do The San Diego Union-Tribune e outros títulos, além da assunção de responsabilidades, no montante de 90 milhões de dólares, do fundo de pensões.

Soon-Shiong assume o controlo do LAT num período de turbulência no jornal. O título acabou de substituir o seu principal editor, a terceira mudança deste tipo em seis meses, e o editor Ross Levinsohn tem estado suspenso, sem vencimento, depois de se saber que estava a ser objeto de dois processos judiciais por assédio sexual. O grupo Tronc disse hoje que ele tinha sido ilibado de qualquer má prática.

Por outro lado, os jornalistas decidiram em janeiro sindicalizar-se, pela primeira vez na história do LAT, que já conta 136 anos.

O grupo Tronc, que já se designou The Tribune Co., possui o Chicago Tribune e vários outros jornais norte-americanos, incluindo Baltimore Sun e New York Daily News.

Os confrontos entre os trabalhadores do LAT e os proprietários baseados em Chicago não demoraram muito, depois da aquisição do jornal da Costa Ocidental em 2000.

Em Los Angeles contestava-se o que se considerava uma série de más decisões tomadas a milhares de quilómetros, em Chicago, e o jornal passou por uma sucessão de diretores e editores.

Foi o caso de John Carroll, que conduziu o título a 13 Prémios Pulitzer, mas resignou sob fortes pressões para despedir. O seu sucessor, Dean Baquet, saiu ao fim de 15 meses e é agora editor executivo no The New York Times.

Os jornalistas no LAT ficaram também alarmados por recentes contratações para a redação que reportavam a chefes da parte comercial e não aos editores da redação. Tradicionalmente, as áreas comercial e editorial de um jornal estão separadas para manter a credibilidade jornalística.

Com a indústria da comunicação social lançada em grandes problemas pela internet, o fundador da Amazon, Jeff Bezos, comprou o The Washington Post, em 2013, por 2250 milhões. No mesmo ano, o proprietário da equipa de baseball de Boston, os Red Sox, John Henry, comprou o Boston Globe por 70 milhões.

Soon-Shiong, que também possui uma posição minoritária na equipa de basquetebol Los Angeles Lakers, afirmou durante uma entrevista ao LAT, no ano passado, que estava insatisfeito com a forma como o título era gerido.

"Estou preocupado que haja outras agendas, independentes das necessidades do jornal ou das obrigações fiduciárias para a viabilidade da organização", disse. "O meu objetivo é tentar a preservação da integridade e viabilidade do jornal", acrescentara então.

Um analista veterano do setor da comunicação social, Ken Doctor, considerou que o regresso a um proprietário local vai restaurar o orgulho do LAT.

A questão é saber se o novo proprietário vai quer fazer mais do que parar os cortes reinvestindo, como Bezos e Henry fizeram nos seus jornais, e colocar o Los Angeles Times num novo rumo.

"Dado o imenso desafio que a publicação de notícias continua a enfrentar na idade do duopólio Google/Facebook na (obtenção de) publicidade e a continuação da disrupção digital, mesmo um multimilionário tem muito trabalho pela frente", disse Doctor.

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