Carta de despedimento da Cofaco sem referências a eventual nova fábrica
As cartas da Cofaco enviadas aos trabalhadores alvo de despedimento coletivo fala nos "resultados operacionais cada vez menores" da empresa, assinala a "concorrência" no mercado e não refere a eventual construção de uma nova fábrica no Pico.
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Economia Açores
De acordo com a missiva, de 22 páginas, que começou hoje a chegar aos trabalhadores e à qual a agência Lusa teve acesso, a marca dona do atum Bom Petisco assinala que a "escassez e aumento de preço das matérias-primas", aliados à "concorrência agressiva no mercado das conservas" têm tido como consequência uma "pressão constante sobre as margens de comercialização" e "resultados operacionais cada vez menores".
A fábrica do Pico está com as suas "instalações profundamente degradadas" e "não é viável ou racional qualquer investimento que sobreponha mais capacidade produtiva igual à existente em Rabo de Peixe", na ilha de São Miguel, onde a Cofaco tem outra fábrica, que continua a laboral.
O menor atum pescado nos Açores é também realçado na carta enviada aos quadros da Cofaco: "Esta perda de captura local não é fruto de qualquer tipo de diminuição dos meios afetados (barcos atuneiros), sendo exclusivamente decorrente de causas de ordem natural, não controláveis pelo homem", o que obriga à aquisição de atum no mercado internacional.
A Cofaco, dona de marcas como a Bom Petisco, anunciou no começo de janeiro o despedimento da totalidade dos trabalhadores na fábrica do Pico, prometendo a readmissão no futuro da maioria dos quadros.
Foi através do Sindicato de Alimentação, Bebidas e Similares, Comércio, Escritórios e Serviços dos Açores que se soube, em 09 de janeiro, que a administração da conserveira se havia reunido com os trabalhadores da empresa no Pico -- que andarão entre os 160 e os 180 -- para os informar de que todos seriam despedidos -- com direito a indemnização e fundo de desemprego --, deixando a Cofaco de laborar naquela ilha até à construção de uma nova fábrica.
Logo em 9 de janeiro ficou junto dos trabalhadores uma "promessa verbal" de que quando a nova fábrica estiver concluída, o que poderá acontecer "entre 18 meses e dois anos", a maioria dos quadros seria readmitida, mas a carta referente ao despedimento coletivo não aborda esta questão.
A conserveira já se encontrava sem laborar desde o dia 14 de dezembro de 2017, altura em que os trabalhadores -- sobretudo mulheres - foram para as férias do Natal sem qualquer informação sobre o seu futuro.
A administração da Cofaco não tem prestado declarações à imprensa sobre o tema.
Para segunda-feira está previsto um plenário de trabalhadores da Cofaco na Madalena do Pico e nesse mesmo dia iniciar-se-ão as negociações com a empresa sobre o despedimento coletivo.
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