Comissão de Trabalhadores está fragilizada e processo negocial esgotado
O secretário-geral da UGT, Carlos Silva, afirmou hoje que a Comissão de Trabalhadores da Autoeuropa está "fragilizada" e o processo negocial "esgotado", defendendo que deveriam ser os sindicatos a negociar.
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Economia UGT
"O processo está esgotado e a Comissão de Trabalhadores está fragilizada", disse Carlos Silva à agência Lusa, que falava no final da reunião do secretariado nacional, que decorreu hoje em Pedrógão Grande, no distrito de Leiria.
Para o secretário-geral da UGT, deveriam ser os sindicatos a liderar as negociações e a administração da Autoeuropa "tem que perceber que está no caminho errado".
"O que é que a Comissão de Trabalhadores está lá a fazer? Deve olhar para si própria e perceber que, se calhar, não tem capacidade nem competência para negociar e que tem de entregar isto [o processo negocial] a outro", sublinhou.
Segundo Carlos Silva, a Autoeuropa deveria "cumprir a Constituição da República Portuguesa", que prevê que a negociação coletiva "é feita com sindicatos e não com trabalhadores".
"Agora que estamos numa situação contingente, em que não há acordos, há o perigo de se deslocalizar o produto", alertou o dirigente sindical, que referiu que a questão foi abordada na reunião do secretariado nacional, que também aprovou uma resolução onde critica a postura dos empregadores, em sede de Concertação Social, na discussão do aumento do salário mínimo nacional.
Os trabalhadores da Autoeuropa aprovaram na quarta-feira, nos plenários realizados, uma proposta para uma greve de dois dias, em 2 e 3 fevereiro, disse o coordenador da Comissão de Trabalhadores (CT), Fernando Gonçalves, hoje à Lusa.
Depois da rejeição de dois pré-acordos sobre os novos horários negociados previamente com os representantes dos trabalhadores, a administração da Autoeuropa anunciou a imposição de um novo horário transitório, para vigorar no primeiro semestre de 2018, e a intenção de dialogar com a CT no que respeita ao horário de laboração contínua, que deverá ser implementado em agosto, depois do período de férias.
O novo horário transitório, que entra em vigor nos últimos dias do mês de janeiro, com 17 turnos semanais, prevê o pagamento dos sábados a 100%, equivalente ao pagamento como trabalho extraordinário, acrescidos de mais 25%, caso sejam cumpridos os objetivos de produção trimestrais.
No passado mês de julho, 74% dos trabalhadores da Autoeuropa rejeitaram um primeiro pré-acordo sobre os novos horários e fizeram um dia de greve (30 de agosto), a primeira por razões laborais na fábrica de automóveis de Palmela. Um segundo pré-acordo negociado com a nova Comissão de Trabalhadores liderada por Fernando Gonçalves também foi rejeitado pela maioria dos trabalhadores.
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