Sindicato denuncia "publicidade enganosa" no recrutamento para a Ryanair
O Sindicato Nacional do Pessoal de Voo da Aviação Civil (SNPVAC) avançou hoje com uma denúncia de "publicidade enganosa" numa campanha de recrutamento para tripulantes de cabine da Ryanair, que terá lugar na segunda-feira, no Porto.
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Economia SNPVAC
Em comunicado, o sindicato denuncia "um anúncio por parte da Crewlink (empresa parceira da Ryanair para recrutamento e formação), publicado no passado dia 21 de novembro, para uma campanha massiva de recrutamento de tripulantes de cabine, sem nenhuma experiência necessária, a ter lugar na próxima segunda-feira, dia 4 de Dezembro, no Porto".
Segundo o SNPVAC, no anúncio é publicitado um vencimento mensal entre 1.600 e 2.200 euros, entre outros benefícios, o que "não corresponde à verdade".
O contrato de trabalho celebrado entre a Crewlink e os tripulantes de cabine "não contempla qualquer vencimento base garantido", afirma o sindicato, acrescentando que os tripulantes recebem entre 10,15 euros e 18,40 euros por cada hora de voo programada, mediante a base ou país onde for colocado.
"Isto quer dizer que o tempo gasto nas tarefas em terra, antes ou após o voo, não é remunerado", lê-se no comunicado.
Além disso, a legislação que regula os limites de tempos máximos de trabalho impõe um limite mensal de cem horas de voo e de 900 horas de voo anuais.
Os tripulantes, continua o sindicato, podem auferir em bónus de vendas realizadas a bordo, num montante máximo mensal de 200 euros, sendo que o normal é cerca de 140 euros.
"Fazendo um cálculo rápido é matematicamente impossível ser obtido o valor mínimo anunciado" e, na melhor das hipóteses, os tripulantes poderão esperar um rendimento médio mensal bruto máximo de 1.580 euros.
"É do nosso conhecimento que os valores auferidos pelos tripulantes subcontratados pela Ryanair através da agência Crewlink situam-se entre os 961,25 euros e os 1.580 euros, valores brutos", especifica a estrutura sindical.
Segundo o SNPVAC, "é omitido aos candidatos que cada tripulante tem que suportar todos os custos relativos à sua formação profissional inicial" bem como os custos com o alojamento, além de outros encargos com a alimentação a bordo, o fardamento ou o estacionamento no aeroporto.
"Independentemente do aliciamento e publicidade enganosa que é feita nos recrutamentos, os tripulantes de cabine que são contratados para a Ryanair através das agências parceiras desta, sofrem com as condições de trabalho do terceiro mundo", acusa o sindicato.
O SNPVAC diz que tem vindo a desencadear diversas iniciativas, nomeadamente reuniões com os partidos com assento parlamentar, "com vista a denunciar e regularizar a situação contratual" dos tripulantes da Ryanair.
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