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Montepio e Crédito Agrícola acusam reguladores de insensibilidade

Os presidentes da Associação Montepio e do Crédito Agrícola acusaram hoje os reguladores de insensibilidade para com os bancos da economia social, fazendo as mesmas exigências que a grandes bancos, e admitiram criar um fundo para o terceiro setor.

Montepio e Crédito Agrícola acusam reguladores de insensibilidade
Notícias ao Minuto

18:23 - 14/11/17 por Lusa

Economia Economia social

"Não existe um fundo de capital de risco para economia social, podia ser criado entre as duas instituições", disse Licínio Pina, presidente do Crédito Agrícola, considerando que poderá nascer no âmbito da nova Confederação da Economia Social.

Também Tomás Correia, presidente da Associação Montepio, disse que é possível que, no futuro, o Montepio transfira "10% a 20%" dos seus resultados para um fundo dedicado apenas às instituições da economia social.

Esta ideia foi avançada hoje no Congresso da Economia Social, que se realiza em Lisboa, no qual ambos os gestores participaram enquanto líderes de instituições financeiras com atividade importante junto de instituições da economia social.

A crítica aos supervisores bancários, Banco de Portugal e Banco Central Europeu, foi comum aos dois gestores, que falaram das dificuldades que sentem devido a exigências regulatórias que não têm muitas vezes em conta as especificidades das instituições que dirigem.

"Os reguladores têm grande dificuldade em entender este propósito, esta ideia e este quadro de responsabilidade no desenvolvimento da nossa atividade", disse Tomás Correia, presidente da Associação Mutualista Montepio Geral, que é a única detentora da Caixa Económica Montepio Geral (CEMG).

O presidente da Associação Montepio recordou que recentemente o banco mutualista teve de se transformar em sociedade anónima por pressão dos reguladores, tendo dito que sem isso as exigências de capital aumentavam.

"Os senhores da Europa só sabem funcionar com sociedades anónimas", afirmou.

Perante questões da plateia, Tomás Correia recusou que no futuro o Montepio possa ser tomado por fundos de investimento 'abutre' com a passagem a sociedade anónima, dizendo que só poderão vir a entrar no capital da CEMG entidades do setor social.

Tomás Correia disse que a Associação Mutualista continua disponível para que haja outras entidades que entrem como acionistas do banco mutualista, desde que da economia social.

Contudo, não se referiu a eventuais negociações com a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML). É conhecido que a SCML tem estado em conversações para vir a entrar no capital da CEMG, mas até agora nada se concretizou.

Licínio Pina, por seu lado, considerou que muitas vezes "os interesses da economia social conflituam com os interesses dos reguladores", e que estes penalizam mesmo os bancos que operam na economia social em termos de perfil de risco apenas por trabalharem sobretudo nessa área.

"No Crédito Agrícola está tudo bem, capital e liquidez, mas o perfil de risco é agravado apenas por causa do modelo cooperativo", disse, considerando que com isso penalizam o desenvolvimento das economias locais.

Além disso, afirmou, obrigam pequenos bancos a cumprir as mesmas exigências que os grandes bancos da Europa, sem adaptarem os requisitos às diferentes formas de organização e diferentes papéis na sociedade.

O presidente do Crédito Agrícola destacou que o banco que dirige, uma junção de cerca de 80 cooperativas bancárias locais, tem a maior parte do negócio fora das grandes áreas metropolitanas de Lisboa e Porto e que é nessas localidades mais pequenas que capta depósitos e os transforma em crédito para investimentos. Já os grandes bancos, afirmou, captam depósitos em pequenas localidades, mas os investimentos que financiam são sobretudo em grandes áreas urbanas.

Licínio Pina disse, contudo, que é precisamente por causa da banca de proximidade que surge neste momento o maior desafio da instituição que dirige, pois há cada vez mais pessoas a saírem do interior, seja para irem para o litoral de Portugal ou mesmo para fora do país.

Ambos os gestores destacaram ainda que os seus dois bancos foram dos poucos que não tiveram, nos anos da crise, necessidade de recorreram a apoios do Estado, ao contrário de outras grandes instituições privadas e públicas.

Tomás Correia fez ainda uma análise aos últimos anos das transformações do sistema financeiro, para concluir que foi tomado por capital estrangeiro, mostrando-se "preocupado" com essa evolução.

"O setor segurador antes da crise era 85% dominado por capital social, hoje é 7%. Já se olharmos para o setor bancário, à exceção do banco público [Caixa Geral de Depósitos], Montepio, Crédito Agrícola e algumas instituições mais pequenas, como a Caixa Económica de Angra [nos Açores], tudo o resto está dominado por capital estrangeiro", afirmou, recordando que as pessoas se recordam do que aconteceu durante a crise com os bancos estrangeiros a "tirarem o tapete" às empresas.

A economia social designa as atividades económicas privadas, mas cujo objetivo não visa o lucro.

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