Caso BES foi "uma enorme injustiça para o BCP"
O presidente do banco BCP, Nuno Amado, considerou hoje que o que se passou com o BES foi "uma enorme injustiça para o BCP", desde logo pela fatura que a resolução lhe trouxe associada.
© Reuters
Economia Nuno Amado
Nuno Amado apresentou hoje, em conferência de imprensa em Lisboa, os resultados do BCP entre janeiro e setembro, período em que teve lucros de 133,3 milhões de euros, que comparam com prejuízos de 251 milhões do mesmo período de 2016.
Questionado sobre as lições a tirar da falência do BES, Amado não deu uma resposta direta, mas considerou que o que se passou "foi uma enorme injustiça para o BCP", desde logo porque pagou uma "fatura demasiado grande".
Segundo o presidente do BCP, o banco foi afetado ainda antes da resolução por um "concorrente forte e difícil de combater" e com práticas que, hoje se sabe, "não eram normais".
Já depois da resolução, disse, o BCP foi afetado pela forma como a resolução feita e também sofreu dados reputacionais, num contexto europeu desvantajoso e uma União Bancária Europeia a que falta equidade.
"Quando deixar esta função terei opinião mais livre, mas para o BCP foi triplamente custoso este processo", afirmou Amado.
Com a resolução do BES, em agosto de 2014, foi criado o Novo Banco, capitalizado pelo Fundo de Resolução bancário com 4,9 mil milhões de euros, sendo desses 3,9 mil milhões de um empréstimo do Estado que o fundo tem de pagar.
Como o Fundo de Resolução é constituído pelos bancos que operam em Portugal, são esses que terão de pagar essa fatura, com maior peso para os maiores bancos, Caixa Geral de Depósitos e BCP, numa dívida que será paga nos próximos 30 anos.
Já em setembro passado, o BCP pôs uma ação na Justiça contra outro encargo do Fundo de Resolução, o mecanismo de contingência pelo qual poderá capitalizar o Novo Banco, mesmo este pertencendo maioritariamente ao Novo Banco.
É que mesmo depois da venda de 75% do Novo Banco à Lone Star, concretizada em outubro, o Fundo de Resolução bancário pode ser chamado a injetar até 3,89 mil milhões de euros no Novo Banco por perdas que venham a ser reconhecidas com os chamados ativos 'tóxicos' (crédito malparado e imobiliário) e alienações de operações não estratégicas, caso ponham em causa os rácios de capital da instituição.
Em conferência de imprensa, hoje realizada, Amado não deu muitas explicações sobre a ação, referindo apenas que o banco avaliou a situação e achou que tinha questões "de natureza, legal, de fundo, fundamentadas, claras" para a ação e que essa visa o "reforço do interesse do BCP, dos acionistas".
"Se vencermos teremos determinados direitos", afirmou.
Já questionado sobre que direitos são esses de que o BCP fala, disse que em causa não está o banco deixar de pagar os encargos já assumidos, mas eventuais compensações.
"Nós pagamos e continuamos a pagar o que temos de pagar. [Mas] se tivermos razão haverá direitos a indemnização ou equivalente que serão fixados pelo tribunal", afirmou.
Já fontes do setor financeiro indicam que o principal objetivo do banco neste processo será, sobretudo, proteger-se face a eventuais ações que possam ser colocadas por investidores contra o BCP.
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