Trabalhadores da grande distribuição protestam por aumentos salariais
Cerca de centena e meia de trabalhadores das empresas de distribuição manifestaram-se hoje junto à sede da Jerónimo Martins, em Lisboa, por presidir à Associação Portuguesa das Empresas de Distribuição (APED), para exigir aumentos de salários no setor.
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Economia APED
"Estamos a falar de um setor de atividade que continua a acumular lucros, mas simultaneamente vive do poder de compra das pessoas que vão comprar os produtos aos supermercados, mas esquece-se de responder aos direitos dos trabalhadores", disse à agência Lusa o secretário-geral da CGTP, Arménio Carlos.
E prosseguiu: "Estamos a falar, concretamente, da grande distribuição que tem acumulado riqueza nos últimos anos e que tem acumulado lucros e que agora recusa negociar a contratação coletiva e continua a não querer negociar os salários de acordo com a negociação dos sindicatos".
Além disso, alerta o líder sindical, as empresas de distribuição continuam em Portugal "a promover discriminações internas e a por em causa os horários de trabalho desregulando-os e condicionando a articulação entre a vida profissional e a vida pessoal e familiar das trabalhadoras e dos trabalhadores, o que não pode acontecer".
Para Célia Lopes da direção do CESP - Sindicato dos Trabalhadores do Comércio, Escritórios e Serviços de Portugal, há "razões reforçadas" para a luta dos trabalhadores das empresas da grande distribuição, pois os seus salários, que "são baixos, têm vindo a degradar-se ao longo dos anos".
"Estes trabalhadores no topo da carreira estão a receber cerca de 50 euros acima do salário mínimo nacional e é por isso que exigimos o aumento destes salários", salientou a sindicalista.
Mas, alerta para o facto de haver ainda dois outros casos de "injustiças muito grandes" praticados pelas empresas de distribuição e a associação patronal e que estas se recusam a eliminar do Contrato Coletivo de Trabalho.
Em causa estão "as injustiças da carreira dos trabalhadores de armazém, que não têm carreira e por desempenharem trabalho qualificado, muitos há mais de 20 anos e receberem em topo de carreira o salário mínimo nacional (de 557 euros), devem ver a sua carreira equiparada à dos trabalhadores das lojas (que em topo de carreira recebem entre 640 e 650 euros)".
Além disso, a discriminação dentro das próprias lojas em que os trabalhadores em Lisboa, Porto e em Setúbal têm salários superiores em 50 euros face aos restantes que, nas mesmas funções fora destas cidades, não têm "qualquer direito a receberem o mesmo".
Assim sendo, para a CGTP, "há riqueza e tem de ser mais bem distribuída, tendo de se acabar com o acentuar das desigualdades".
Arménio Carlos disse também que "as grandes empresas de distribuição falam muito em trabalhadores e respeitam pouco os trabalhadores que têm ao seu serviço".
Estas empresas, disse, "têm excelentes trabalhadores ao seu serviço para trabalhar e para tratar bem os clientes, mas depois quando chega a altura de pagar então os trabalhadores são tratados como trabalhadores do quarto mundo".
Miguel Tiago, deputado do PCP, por sua vez, advertiu para o facto de haver "lucros milionários e obscenos" e depois se pagarem "salários tão baixos" que afetam os trabalhadores, além de fazerem com que o país "tenha o seu crescimento limitado" porque "o grande dinheiro que é feito através das redes das empresas de distribuição fica nos patrões e não entra na economia através do consumo".
"Mas mais do que isso é a dignidade das pessoas que está em causa", lamentou o deputado.
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