Sou adepto do escrutínio, se nós fazemos o escrutínio de outros sou adepto que nós próprios sejamos escrutinados em condições de equidade. É fundamental que isso aconteça, não tenho nenhum desconforto nesse escrutínio", disse José Leite Martins, na comissão parlamentar de Inquérito à Celebração de Contratos de Gestão de Risco Financeiro ('swap') por Empresas do Setor Público.
Ainda assim, recusando o termo 'auditoria', José Leite Martins acrescentou que nos quase 33 anos em que está em funções esta é a primeira vez que se recorda "de uma iniciativa deste tipo".
Durante a sua audição na terça-feira na mesma comissão parlamentar, a secretária de Estado do Tesouro, Maria Luís Albuquerque, afirmou que ordenou, no final de maio, auditorias internas à Direção-Geral do Tesouro e Finanças (DGTF) e à IGF para que percebam porque não identificaram problemas nos contratos 'swap' (derivados financeiros sobre taxas de juro) ao analisar as contas das empresas públicas.
Segundo Maria Luís Albuquerque, o objetivo das auditorias internas "não é de identificar culpados", mas perceber o que correu mal dentro dessas entidades que têm como objetivo acompanhar as contas das empresas públicas, de modo a que "o problema não se repita" no futuro.
Leite Martins adiantou hoje no Parlamento que a auditoria interna estará concluída dentro de dias, mas frisou desconhecer o teor da mesma, uma vez que está a cargo de outros responsáveis.
Contudo, sublinhou que foi a análise da IGF em 2008 às contas das empresas que levou o então secretário de Estado do Tesouro, Carlos Costa Pina, a pedir informação detalhada sobre contratos 'swap'.
"Tivemos o mérito de ter lançado o problema, sinalizado o problema", frisou.
O responsável referiu-se ainda aos relatórios elaborados no final de 2008 sobre o passivo oneroso (endividamento) de empresas públicas, explicando que a síntese final "já continha alguns alertas" sobre os contratos 'swap'.