Crise financeira leva hotéis angolanos a pedirem perdão fiscal
A Associação dos Hotéis e Resorts de Angola (AHRA) propôs hoje um perdão fiscal, para multas e juros de mora, entre 2013/2016, período em que grande parte das unidades hoteleiras registou receitas abaixo de 80% devido à crise financeira.
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Economia Associação
O pedido foi hoje feito pelo presidente da ARHA, Armindo César, num encontro sobre 'Os Impostos Aplicados à Atividade Hoteleira', com a Administração Geral Tributária (AGT).
Na sua intervenção, Armindo César disse que mais de 90% das unidades hoteleiras - hotéis, 'resorts', aparthotéis, aldeamentos turísticos, pensões e albergarias - foram construídas e apetrechadas com recurso ao crédito bancário, quando o país registava uma economia favorável.
Angola enfrenta uma crise económica e financeira desde 2014, com a baixa do preço do petróleo, a sua principal fonte de receitas, no mercado internacional.
Segundo Armindo César, a partir de 2014, "a crise afetou de forma grave as unidades hoteleiras do país", tendo a AHRA muito recentemente realizado um diagnóstico sobre a situação.
Os resultados desse estudo dão conta que, desde o início da crise, há uma queda acentuada das taxas de ocupação dos hotéis, havendo unidades que atualmente operam abaixo de 20% da sua capacidade, inclusive muitas que não passam dos 5%.
"Esta situação foi agravada pelo facto de não se ter corrigido a tempo, a excessiva burocracia existente na concessão de vistos de entrada no país dos estrangeiros", acrescentou ainda Armindo César.
Questões estruturantes afetam igualmente a atividade, segundo Armindo César, apontando os elevados custos de exploração, com a compra de combustíveis para os geradores elétricos e cisternas de água, situação com maior impacto para as pequenas unidades situadas no interior do país, em áreas suburbanas e rurais, mais precisamente pensões, motéis e empreendimentos turísticos.
O responsável frisou que "no cômputo geral, as receitas das unidades hoteleiras registaram uma quebra na ordem dos 80%, facto que coloca algumas dessas unidades na condição de falência técnica, obrigando-as a encerrar portas".
Nesse sentido, a ARHA propõe para melhoria e recuperação dessas infraestruturas, a "consagração de um perdão fiscal, que incida sobre as multas e juros de mora de 2013 a 2016".
"Propomos à AGT que as unidades hoteleiras que acumularam dívidas com o fisco, estudem com a AGT calendários de pagamentos faseados, transformando as dívidas em duodécimos agregados aos impostos atuais, de forma a aliviar o grau de esforços das empresas", apelou.
Armindo César considerou importante que seja alargada a base tributária, para que não se continue a pressionar sempre os mesmos contribuintes.
"A AHRA propõe à AGT que crie um mecanismo ou estrutura interna, que se encarregue de capacitar os empresários, educando-os com métodos simples sobre a importância das suas contribuições fiscais", frisou.
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