Elogios de Schaüble a Centeno: "É escusado deitar foguetes"
Ex-líder do Bloco de Esquerda analisou os elogios do ministro das Finanças alemão ao seu homólogo português.
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Política Francisco Louçã
Os elogios de Wolfgang Schaüble a Mário Centeno, proferidos numa reunião particular mas entretanto confirmados publicamente, foram o tema em análise por Francisco Louçã, esta noite, na SIC Notícias.
Lembrando que o ministro das Finanças alemão “não é conhecido pelo seu sentido de humor”, o ex-líder do Bloco sublinhou que “o que ele quer dizer exatamente [com os elogios] nós não sabemos”, e que, por isso, “é escusado deitar foguetes e ir a correr apanhar as canas só porque há um sorriso de uma pessoa que tanto castigou Portugal”.
No ver do antigo deputado, “o que é interessante saber é se Centeno é candidato ao Eurogrupo” e, se assim for, o comentador faz três breves notas sobre essa possibilidade, sendo a primeira a oportunidade do Governo “utilizar essa possibilidade como publicidade”, o que considera ser “inteligente”.
“Segundo é as dificuldades reais de haver uma alternativa, porque não pode ser ninguém de França porque Moscovici é comissário na mesma área (Finanças), não pode ser ninguém de Itália porque Mario Draghi é presidente do Branco Central Europeu, e como Jeroen Dijsselbloem vai sair, tem que ser alguém possivelmente socialista. Resta saber verdadeiramente se é um socialista de um país crítico da austeridade ou um socialista de Schaüble, que pode ser o mais agressivo possível sobre Portugal. É preciso saber se o Governo português está interessado nessa solução ou se quer só usá-la para negociar outras vantagens”, explicou.
Por fim, é saber que o Governo “quer mesmo aceitar [essa proposta]” e, se for esse o caso, Louçã recomenda “muita prudência” e aconselha António Costa “a excluir” essa hipótese, visto que “ o Eurogrupo é uma estrutura de intermediação política, que tem poder quando o Conselho Europeu e os países fortes (sobretudo o Governo da Alemanha) lhe dão o poder”, ou seja, “a haver problemas, é sempre um intermediário mandado, não é um fator de reequilibrio na Europa.
“Imaginemos Mário Centeno a negociar com a Grécia: estaria na situação de ser forçado a obedecer à Alemanha, ou de representar a prudência de que a austeridade não pode continuar a destruir os países. Se estiver preso a esta lógica, Portugal fica numa armadilha. Portanto, é preciso muita prudência”, remata.
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