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"Tenho muita pena de ter saído da CGD", confessa António Domingues

O ex-presidente da Caixa Geral de Depósitos (CGD), António Domingues, lamentou hoje ter interrompido o seu trabalho à frente do banco público, considerando que a aprovação da recapitalização durante o seu curto mandato foi um serviço importante ao país.

"Tenho muita pena de ter saído da CGD", confessa António Domingues
Notícias ao Minuto

14:04 - 28/04/17 por Lusa

Economia Inquérito

"Tenho muita pena de ter saído da CGD. Interrompi uma carreira [no Banco BPI] e era algo que não me apetecia muito fazer. O meu objetivo principal era recapitalizar a CGD e fazer tudo para que isso pudesse acontecer", afirmou perante os deputados que integram a nova comissão parlamentar de inquérito ao banco estatal.

"Estava a gostar do que fazia, da equipa que encontrei. E queria que a CGD fosse capaz de apoiar a economia portuguesa de uma maneira mais correta do que fez algumas vezes no passado. Foi um plano [de reestruturação] prudente", assinalou.

E acrescentou: "É provável que a CGD venha a ter um enquadramento mais favorável e que consiga produzir resultados mais positivos. Não me agradou ter saído da CGD, mas estou muito satisfeito por ter feito um serviço ao país, à CGD e ao setor".

Quanto às razões que levaram à sua saída, Domingues reforçou que "deixou de haver condições políticas a partir de certa altura para que o quadro que tinha sido acordado" com o Governo socialista se concretizasse.

Em causa estava a obrigatoriedade de os membros da equipa de gestão da CGD entregarem as suas declarações de rendimentos, com a qual Domingues não concordava por considerar que isso implicava uma exposição pública do seu património.

A minha reação, e dos meus colegas, num primeiro momento, foi ver se havia alternativas e, não havendo e depois de esgotar as possibilidades que havia, pedi a demissão", afirmou.

Até porque Domingues disse que deixou de ter equipa, já que se demitiram "sete dos onze" administradores.

Domingues, que liderou o banco público durante apenas quatro meses (do final de agosto até dezembro de 2016), apresentou ainda outra razão para ter renunciado ao mandato.

"O 'timing' da minha decisão também teve em conta que a apresentação das contas de 2016 já fosse feita pela nova administração. E para que a nova equipa pudesse reavaliar se havia alguma coisa que fosse preciso fazer", sublinhou.

Ainda sobre a questão da entrega das declarações de rendimento, Domingues revelou que teve três contactos com o Governo sobre a matéria.

"Sobre este tema interagi com o Governo três vezes. Na altura do convite, em que para mim o assunto ficou arrumado. Depois no verão, após uma interação com o ministro das Finanças [Mário Centeno] e com o senhor secretário de Estado [Mourinho Félix] e só voltei a falar sobre isto em outubro", informou.

"Eu não entreguei, nem entregaria, o dossiê da reestruturação enquanto as alterações legislativas [relativas ao estatuto de gestor público] não estivessem promulgadas. Só o entreguei no Banco de Portugal a 27 de junho", explicou, justificando que só nessa data as Finanças lhe garantiram que ia ser aprovada a alteração legislativa relativa ao tema.

"Eu não fiz nenhuma proposta de alteração legislativa. Os meus advogados foram a determinada altura consultados pelo Ministério das Finanças, mas eu não pessoalmente", referiu.

"Fiquei bastante perplexo e surpreendido quando o problema apareceu em outubro. Quando aceitei em 16 de abril combinei com o Ministério das Finanças que estávamos de acordo quanto aos pressupostos", destacou.

O responsável assegurou que só falou sobre estas matérias com Centeno e Mourinho Félix. "No Governo, só falei com o ministro das Finanças e com o secretário de Estado", afirmou.

Questionado sobre se acha crível que ambos os governantes tenham omitido essa informação do primeiro-ministro, Domingues jogou à defesa.

"Não acho crível nem não crível. Não sei", afirmou.

Pouco depois, Domingues, que continuava a responder às perguntas colocadas pelo deputado do PSD Luís Marques Guedes, admitiu ter tido um encontro com o primeiro-ministro, António Costa, sem adiantar detalhes.

"Tive uma reunião com o senhor primeiro-ministro na manhã de 02 de julho [de 2016]", disse o ex-líder da CGD.

Esta é a primeira audição desta comissão de inquérito, pedida potestativamente (de forma obrigatória) por PSD e CDS-PP, que tem como um dos pontos centrais apurar se "é verdade ou não que o ministro [das Finanças] negociou a dispensa da apresentação da declaração de rendimentos [de António Domingues]", o que tem sido negado por Mário Centeno.

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