A OPEP (Organização de Países Exportadores de Petróleo) calcula no relatório mensal de março - hoje divulgado - que os produtores não OPEP aumentarão este ano a produção em 400 mil barris por dia, mais 160 mil barris do que há um mês, para um total de 57,74 milhões de barris por dia.

"A melhoria das areias betuminosas canadianas e a oferta norte-americana foram os principais contribuintes para a revisão", indicam os analistas da OPEP.

Dos 400.000 barris diários adicionais que produzirão os competidores da OPEP por dia, cerca de 340.000 procederão dos Estados Unidos, precisa o relatório.

Este acréscimo da produção dos rivais da OPEP contrasta com a queda da produção em 660.000 barris diários em 2016.

"Parece que a recuperação do fornecimento de petróleo está a ganhar impulso no mercado mundial, estimulado pelo aumento gradual dos preços, bem como pelas melhorias na eficiência da perfuração e da produtividade dos poços na América do Norte", resume o relatório.

Os 13 membros da OPEP e 11 produtores não-OPEP, liderados pela Rússia, alcançaram em dezembro último o primeiro acordo desde 2001 para reduzir conjuntamente a produção mundial de petróleo.

Esta medida destinada a estimular os preços do petróleo voltou a atrair ao mercado produtores dos Estados Unidos e Canadá, cujo trabalho de extração não convencional é mais caro e só é sustentável com uma cotação alta.

O aumento das reservas nos Estados Unidos nas últimas semanas aumentou o receio de que o corte da OPEP e alguns dos competidores da organização não esteja a ter o efeito de estimular os preços do petróleo, quando a cotação do barril de referência do grupo voltou a cair para níveis abaixo dos 50 dólares.

A última cotação do petróleo da OPEP é de 49 dólares, o valor mais baixo desde finais de novembro do ano passado.

"Para 2017 prevê-se que o crescimento da procura de petróleo será de cerca de 1,26 milhões de barris por dia, superior em 70.000 barris diários às projeções do mês anterior, para uma média de 96,31 milhões de barris por dia, sublinha a OPEP.

A comissão criada pela OPEP e vários dos competidores para supervisionar o pacto sublinhou em fevereiro que o grau de cumprimento do acordo tinha atingido 86%.

Esta comissão de cinco produtores vai voltar a reunir-se no Kuwait em 25 de março para rever a aplicação do corte e os ministros da OPEP vão encontrar-se em Viena em maio para definir se prolongam o pacto, em vigor na primeira metade deste ano.

Este mês o secretário-geral da OPEP, Mohammad Barkindo, afirmou que o grupo está em conversações com outros países produtores sobre a possibilidade de se juntarem ao acordo para reduzir a produção mundial de petróleo.