António Domingues: "Não aceitaria ir para a Caixa com ajudas de Estado"
O ex-presidente da Caixa Geral de Depósitos (CGD) António Domingues revelou hoje no parlamento que se recusaria a aceitar o convite do Governo para liderar o banco público se a recapitalização fosse feita debaixo das ajudas de Estado.
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Economia CGD
"Eu fui contactado no dia 18 de março [de 2016], numa reunião com o ministro das Finanças e o secretário de Estado das Finanças. Para minha surpresa fui convidado para liderar a CGD, e não era algo que me tenha deixado muito entusiasmado", afirmou o gestor, durante a sua audição na Comissão de Orçamento, Finanças e Modernização Administrativa (COFMA).
"Dia 21 disse que poderia aceitar sob determinadas condições. Eu não aceitaria ir para a CGD se a recapitalização fosse feita debaixo de ajudas de Estado. Também disse que não se devia aplicar à CGD o estatuto de gestor público e as regras de empresa pública, já que isso iria criar dificuldades nas negociações com Bruxelas", realçou.
Questionado sobre se ajudas de Estado criariam um grande inconveniente à gestão do banco, Domingues insistiu que "sim" e que essa questão é ainda mais relevante desde 01 de janeiro de 2016, devido à entrada em vigor das novas regras sobre resolução bancária a nível europeu, que podem implicar perdas para os credores, como os obrigacionistas, e até para os depositantes com mais de 100 mil euros.
Além disso, vincou, "quando há ajudas de Estado isso dá ideia que alguma coisa não correu bem".
E reforçou: "Até é mau para os gestores. Eu e a minha equipa não tínhamos nenhuma responsabilidade sobre o que tinha levado à situação" do banco.
Domingues apontou ainda para outras condicionantes que resultariam para o banco no caso de a recapitalização ser considerada por Bruxelas como uma ajuda de Estado, desde logo, condicionando a gestão normal do banco e a tomada de decisões, impedindo, por exemplo, que sejam feitas aquisições.
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