Angola evitou crise igual à da Venezuela resistindo à pressão do FMI
Angola resistiu à pressão do Fundo Monetário Internacional (FMI) para desvalorizar o kwanza e mesmo assim conseguiu evitar uma crise semelhante à da Venezuela, afirmou hoje o governador do banco central.
© DR
Economia Moeda
Valter Filipe Silva, que participou hoje num seminário no Instituto Real de Relações Internacionais, conhecido por Chatham House, em Londres, referiu como desde meados deste ano que o Banco Nacional de Angola aplicou uma política monetária mais restritiva para controlar a inflação e a taxa de câmbio para o dólar.
A quebra do preço do petróleo determinou uma "redução drástica" das receitas do Estado em cerca de 60% nos últimos anos, o que resultou numa "inflação galopante" que chegou em setembro aos 40% em setembro, e uma crise de divisas.
Entre as medidas aplicadas, referiu o aumento do coeficiente das reservas obrigatórias, de 25% para 35%, a subida da taxa de juro base, de 12% para 14% e posteriormente para 16%, e a disponibilização de 600 milhões de dólares mensais de divisas para o sistema financeiro.
Isto, disse o governador do Banco Central de Angola, permitiu regularizar pagamentos em atraso e estabilizar a importação de bens alimentares, medicamentos e matérias-primas.
"Este trabalho foi feito em conjunto com o FMI e o Banco Mundial", afirmou, revelando que o único ponto de discórdia foi a desvalorização do kwanza.
"O FMI entendia que devíamos desvalorizar o kwanza, mas nós entendemos que não tínhamos condições no contexto macrofinanceiro. As medidas criadas conseguiram criar um ambiente de estabilidade financeira", reivindicou.
A inflação está controlada, devendo subir este ano até aos 42%-45% e descer no próximo ano para os 15%, acredita Valter Filipe Silva.
O responsável indicou também que a taxa de câmbio do kwanza no mercado informal, que chegou aos 600 kwanzas por dólar e está atualmente nos 450 kwanzas, iniciou uma tendência decrescente e deverá reduzir o diferencial para a taxa de câmbio formal, fixada em 165 kwanzas/dólar.
Segundo o governador do banco central angolano, o país "estava diante de uma crise financeira, crise económica e crise social".
Porém, congratulou-se, na última reunião com o FMI, foi feito um relatório positivo sobre a economia angolana porque aquilo que estava previsto que Angola iria estar numa crise cambial semelhante à Venezuela".
Descarregue a nossa App gratuita.
Oitavo ano consecutivo Escolha do Consumidor para Imprensa Online e eleito o produto do ano 2024.
* Estudo da e Netsonda, nov. e dez. 2023 produtodoano- pt.com