Dívida pública colocada por Angola desce para 176 milhões de euros
A dívida pública colocada semanalmente pelo Banco Nacional de Angola (BNA) voltou a descer, agora mais 30%, para 32,3 mil milhões de kwanzas (cerca de 176 milhões de euros), pagando taxas de juro a um ano perto dos 20%.
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Economia BNA
Segundo dados compilados hoje pela Lusa com base no relatório semanal sobre a evolução dos mercados monetário e cambial do BNA, o banco central angolano colocou no mercado primário, entre 10 e 14 de outubro, 26,3 mil milhões de kwanzas (143,4 milhões de euros) em Bilhetes do Tesouro (BT) e 4,4 mil milhões de kwanzas (24 milhões de euros) em Obrigações do Tesouro (OT).
As taxas de juro médias pela emissão de BT oscilaram entre os 13,88% na maturidade a 91 dias e os 19,64% no prazo a 364 dias (19,36 na semana anterior), enquanto as OT fecharam, uma vez mais, com taxas de juro de até 7,75%, a cinco anos.
No segmento de venda direta de títulos ao público foram ainda colocados pelo BNA mais 1,6 mil milhões de kwanzas (8,7 milhões de euros).
Angola vive desde meados de 2014 uma crise financeira, económica e cambial decorrente da quebra das receitas da exportação de petróleo, recorrendo à emissão de dívida para garantir o funcionamento do Estado e a concretização de vários projetos públicos.
Na revisão do Orçamento Geral do Estado aprovada em 19 de setembro no parlamento, o Governo avança com uma revisão em baixa de indicadores macroeconómicos, nomeadamente a redução da previsão do crescimento da economia, de 3,3 para 1,1% e do défice das contas públicas, que passa de 5,5% para 6,8% em 2016.
O endividamento do Estado angolano tem sido utilizado para colmatar a forte quebra nas receitas com a exportação de petróleo e só em 2015 o serviço da dívida pública angolana ascendeu a 18 mil milhões de dólares (16 mil milhões de euros).
Em 23 de setembro, a agência Fitch desceu o 'rating' da dívida soberana de Angola para 'B', mantendo-se abaixo da escala de investimento, ou 'lixo', com perspetiva de evolução "negativa" e prevendo em 2016 o pior desempenho económico angolano em 14 anos.
Na última ação de 'rating' sobre Angola, em março, a Fitch tinha já descido a Perspetiva de Evolução da avaliação da dívida soberana do país para "negativa", antevendo-se esta reavaliação, face ao anterior 'B+'.
No relatório desta avaliação, a agência recorda que Angola continua a sofrer um "severo choque petrolífero", tendo em conta que 95% das exportações angolanas são petróleo e que metade das receitas fiscais do país provém dessas vendas, as quais caíram fortemente desde o final de 2014, com a baixa da cotação internacional do barril de crude.
"O setor petrolífero mantém algum dinamismo (a produção chegou em média aos 1,76 milhões de barris por dia em 2016), mas a Fitch espera que a economia cresça zero em 2016, descendo dos 3% em 2015 e com a pior performance em 14 anos [desde 2002, fim da guerra civil]", lê-se no documento.
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