Dívida dos países emergentes: Nova 'febre do ouro' veio para ficar
Os riscos e ameaças à estabilidade nos países em desenvolvimento podem até reduzir os ganhos, mas os investidores dificilmente irão afastar-se dos mercados emergentes, garante o JP Morgan.
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Economia Mercado
"Apesar do bom desempenho da dívida dos mercados emergentes (DME) ao longo deste ano, a perspetiva para a categoria de ativos está a ficar cada vez mais construtiva, o que poderá indiciar a continuidade de tal desempenho." Assim começa Pierre-Yves Bareau, Chief Investment Officer do JP Morgan Asset Management para a dívida dos mercados emergentes, um texto de análise disponibilizado ao Economia ao Minuto em que defende que a 'febre' em torno dos títulos dos países em desenvolvimento vai manter-se, aproveitando a fraqueza relativa dos mercados mais desenvolvidos.
Apesar de alguns riscos apreciáveis - "a alteração do espetro político na Argentina, que favoreceu os mercados, a destituição da presidente Dilma e a esperança de uma verdadeira reforma económica no Brasil, uma forte redução da tensão geopolítica na Rússia e o agravamento da situação política na Turquia e na África do Sul" - a verdade é que o representante do JP Morgan acredita que existe "uma série de fatores positivos que têm favorecido" as dívidas dos emergentes, e que "poderão oferecer oportunidades de investimento em situações de adversidade".
Na comparação com as economias desenvolvidas, os países em desenvolvimento continuam a ter retornos bem superiores, que estão agora apoiados numa maior solidez económica e uma estabilidade política relativamente garantida, fatores que reduzem de forma significativa a probabilidade de incumprimento. Subsistem obviamente certas adversidades, que poderão afetar a categoria de ativos nos próximos trimestres, entre as quais destacamos os riscos de crescimento e de recessão a nível mundial, os focos de tensão política e a volatilidade relacionada com a China. Mas gostaríamos de aproveitar todos os momentos de fraqueza do mercado como uma oportunidade para aumentar a exposição.
É preciso, ainda assim, jogar pelo seguro e zelar pela integridade dos investimentos: "Quem investe em dívida dos mercados emergentes deverá concentrar-se em ativos de qualidade, ou seja, naqueles que apresentam melhores avaliações de crédito e um perfil de risco mais favorável".
Para orientar os investidores, Pierre-Yves Bareau dá dois "casos particulares cujos riscos apresentam menor correlação com riscos sistemáticos globais, pelo que podem despertar o nosso interesse".
"A título de exemplo, refira-se a Argentina, país em que parece estar para durar a prudente política orçamental e monetária levada a cabo após a eleição do presidente Macri, e cuja dívida soberana apresenta boas avaliações. Refira-se ainda a dívida das empresas e as taxas de câmbio do Brasil. Neste país, em que a destituição de Dilma Rousseff levou a uma melhoria da situação macroeconómica, perspetiva-se uma reforma fiscal bastante necessária, ao passo que a diminuição da pressão da inflação aumentou a margem para o banco central poder cortar a sua taxa de referência."
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