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Empresas da UE na China apelam ao fim de tratamento "desigual"

A Câmara do Comércio da União Europeia (UE) na China criticou hoje o "tratamento" desigual dado ao investimento no país e apelou ao fim das interdições impostas ao capital estrangeiro, ameaçado com o acesso ao mercado europeu.

Empresas da UE na China apelam ao fim de tratamento "desigual"
Notícias ao Minuto

08:26 - 01/09/16 por Lusa

Economia Jorg Wuttke

"Para os chineses, a Europa é um 'buffet' variado, onde tudo decorre com facilidade, enquanto [na China], para nós, são quatro pratos e uma sopa", afirmou o presidente do grupo, Jorg Wuttke, em Pequim.

O comentário surge numa altura em que grupos chineses fazem grandes aquisições em empresas, clubes de futebol, infraestruturas, aeroportos ou portos europeus.

Em Portugal, por exemplo, o país asiático tornou-se, nos últimos anos, um dos principais investidores, comprando participações importantes nas áreas da energia, dos seguros, da saúde e da banca.

Mas, "enquanto a Europa dá as boas vidas ao investimento estrangeiro, a falta de reciprocidade é insustentável e poderá levar ao protecionismo e ao aumento das tensões", lê-se num comunicado difundido hoje pela Câmara do Comércio.

A mesma nota refere que é do interesse da China aliviar as restrições e demonstrar que Pequim "apoia princípios aceites globalmente".

O investimento chinês na Europa aumentou 44%, em 2015, face ao ano anterior, para 20 mil milhões de euros.

O governo chinês tem encorajado as empresas do país a investir além-fronteiras, como forma de assegurar fontes confiáveis de retornos, face aos sinais de abrandamento na economia doméstica, e adquirir tecnologia avançada, visando tornar as empresas chinesas mais competitivas em setores como a indústria aeroespacial, agroindustrial e robótica.

No primeiro semestre de 2016, a estatal China National Chemical Corp ofereceu 43 mil milhões de dólares (38,5 mil milhões de euros) pela gigante suíça de pesticidas e sementes Syngenta, no que será de longe a maior aquisição de sempre da China no exterior.

Entre outros investimentos mediáticos protagonizados pela China constam o banco alemão Hauck & Aufhauser, o fabricante de pneus italiano Pirelli e a fornecedora de sistemas robóticos Kuka.

No mês passado, o grupo de investimento chinês Fosun propôs comprar 16,7% do capital do banco português BCP, por um preço que deverá ser de 236 milhões de euros, e que poderá reforçar posteriormente a sua participação "para entre 20% a 30%".

Só em Portugal, aquele grupo detém já a Fidelidade, a Espírito Santo Saúde, reconvertida em Luz Saúde, e uma participação de 5,3% na REN (Redes Energéticas Nacionais).

A Câmara do Comércio da UE em Pequim afirma que "seria quase impossível imaginar" que investidores europeus fossem autorizados a investir em empresas chinesas deste calibre, referindo-se ao paradigma atual como um resultado "benéfico para apenas um lado".

A China surge na 84.ª posição - atrás da Arábia Saudita e da Ucrânia - no ranking do Banco Mundial que avalia a facilidade de fazer negócios em diferentes países.

No relatório da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), a República Popular da China surge em penúltimo, no que toca às restrições impostas ao investimento estrangeiro.

Caso Pequim não reduza as barreiras do mercado chinês, arrisca-se a perder o livre acesso ao mercado europeu, porque o contrário seria "politicamente inaceitável", frisou Wuttke.

"O contraste absoluto entre [o fluxo de investimento chinês para a Europa] e um mercado chinês vedado levará muitas pessoas a chegar à conclusão de que a China se está a aproveitar de nós", disse.

"Como vimos com o Brexit (o referendo que ditou a saída do Reino Unido da União Europeia), a globalização também produz perdedores, e os perdedores têm uma voz política", continuou.

Alguns partidos na Europa poderão vencer eleições com "argumentos contra a China", notou Wuttke, referindo-se aos protestos de milhares de trabalhadores da indústria do aço, em Bruxelas, contra o impacto negativo do país asiático no setor.

A China produz hoje mais aço do que os outros quatro gigantes do setor - Japão, Índia, EUA e Rússia - combinados, levando à queda dos preços nos mercados internacionais.

No mês passado, a UE aprovou medidas 'antidumping' (produção subsidiada) nas importações de aço laminado a frio da China.

As exportações de aço da China para a Europa aumentaram 28%, no primeiro trimestre do ano, enquanto os preços recuaram mais de 30%.

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