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Analistas desvalorizam subida das taxas de juro após alertas da DBRS

Analistas contactados pela Lusa admitem que a subida das taxas de juro desde segunda-feira foi impulsionada pelas preocupações da agência de 'rating' DBRS, mas consideram que o aumento "não justifica alarmes" e é normal em altura de férias.

Analistas desvalorizam subida das taxas de juro após alertas da DBRS
Notícias ao Minuto

18:42 - 17/08/16 por Lusa

Economia Rating

Na segunda-feira, a taxa de juro da dívida portuguesa a 10 anos estava nos 2,69%, tendo subido na terça-feira até aos 2,84% (e hoje até aos 2,87%), depois de a agência Reuters ter divulgado uma entrevista com um analista da DBRS, que admitia que o fraco crescimento económico do segundo trimestre aumentava a pressão sobre o 'rating' atribuído a Portugal.

"As nossas preocupações quanto a Portugal continuam a estar centradas no nível elevado da dívida pública e privada, num contexto de fraco crescimento económico. A estimativa rápida [das contas nacionais do Instituto Nacional de Estatística] de 12 de agosto aumentou as nossas preocupações quanto às perspetivas de crescimento, que parecem estar a diminuir, com sinais de que o terceiro trimestre também poderá ser fraco", afirmou hoje à agência Lusa o diretor do departamento da análise de 'ratings' soberanos da DBRS, Fergus McComirck.

Nesse sentido, acrescentou, a DBRS tem mantido um "olhar atento" quanto ao desenvolvimento das pressões orçamentais e no setor bancário, considerando que "não são claros" os efeitos das medidas adicionais para 2016 que deverão ser apresentadas até meados de outubro, conforme exigiu o Conselho da União Europeia, ou da possível recapitalização da Caixa Geral de Depósitos (CGD).

"A questão é: os partidos de esquerda que suportam o Governo vão apoiar as medidas de consolidação exigidas e uma potencial recapitalização do banco?", questionou.

Ainda assim, Fergus McComirck sublinhou que a perspetiva do 'rating' atribuído à dívida portuguesa continua a ser estável - sendo que a DBRS apenas volta a olhar para o 'rating' a 21 de outubro.

"O comportamento da dívida, com os rendimentos a subirem em dois dias para máximos de três semanas, reflete essencialmente os comentários cautelosos da DBRS, num contexto de menor liquidez normal em agosto", comentou à Lusa o presidente da IMF - Informação de Mercados Financeiros, Filipe Garcia.

Apesar de admitir que "uma economia que cresce pouco, um 'stock' de dívida muito alto face ao produto e uma tendência para a indisciplina orçamental" são "fatores que justificariam juros mais altos", Filipe Garcia considerou que a colocação de Bilhetes do Tesouro que ocorreu hoje de manhã, "com as taxas de juro mais baixas de sempre", permite concluir que "o mercado não sente qualquer risco de incumprimento para o curto prazo".

Também o diretor da gestão de ativos do banco Carregosa, Filipe Silva, desvalorizou, em declarações à Lusa, a subida de juros no mercado secundário: "A maior subida foi de segunda para terça, mas estamos a falar de uma subida que é insignificante. No curto prazo, ainda hoje fizemos um novo mínimo histórico. Onde se nota algum movimento é na dívida com prazo superior a três anos, mas creio que não se justifica nenhum alarme".

Por sua vez, o analista do banco BIG Steven Santos considerou que "a descida quase ininterrupta das 'yields' no centro e na periferia europeia nas últimas semanas foi interrompida pelas declarações pessimistas da DBRS", que, salientou, "poderão tornar-se graves caso conduzam a uma revisão em baixa do 'rating' soberano a 21 de outubro".

"O abrandamento da economia nacional e a escassez de vontade política para implementar medidas de ajuste orçamental, através de cortes na despesa pública, são fatores adversos que poderão pesar negativamente na avaliação de risco de crédito de Portugal", admitiu Steven Santos.

Já Henrique Dias, gestor da XTB, considerou que "o aumento das taxas de juro da dívida soberana portuguesa é consequência da degradação dos principais indicadores macroeconómicos que mostram uma baixa perspetiva de crescimento face ao aumento do endividamento público", afirmando, por isso, que "as declarações da DBRS são oportunas, embora não venham em boa altura" e que "é natural que a não consolidação das finanças públicas em paralelo com a fraca criação de riqueza sejam motivo de preocupação para os detentores de dívida pública que lhe atribuem um maior risco de incumprimento".

Ainda assim, o analista considera que "a materialização deste sentimento tenha sido exagerada depois dos comentários da agência de 'rating'".

As posições da DBRS sobre Portugal são acompanhadas atentamente pelos mercados pelo impacto que uma eventual revisão em baixa do 'rating' atribuído à dívida portuguesa poderá ter na capacidade de financiamento de Portugal no exterior.

Isto porque, neste momento, a DBRS é a única grande agência de notação financeira a atribuir a notação de investimento a Portugal, condição essencial para que o Banco Central Europeu (BCE) continue a comprar dívida pública portuguesa através do seu programa de compra de ativos (o chamado 'Quantitative Easing'), garantindo a manutenção das taxas de juro em níveis relativamente baixos.

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