O dia 24 de junho de 2016 vai perdurar nos registos históricos das bolsas como uma das piores sessões de que há memória. Os registos da passada sexta-feira foram impressionantes à primeira vista, mas depois de serem feitas as contas, confirma-se a 'sexta-feira negra' que George Soros tinha previsto dias antes do referendo do Brexit.
Ao contrário do que pareciam ditar as sondagens à boca das urnas, os britânicos deram mais importância ao orgulho nacional e graças a algumas promessas irrealistas entretanto negadas pelos defensores políticos da saída, votaram maioritariamente no abandono da União Europeia.
O medo apoderou-se dos investidores e as quedas começaram a notar-se logo nas sessões das bolsas asiáticas, passando depois a contagiar os mercados da Europa e América do Norte: a queda de 7,9% na bolsa de Tóquio foi o primeiro sinal e a tendência negativa foi imparável. No final do dia, Milão e Madrid eram as grandes vítimas com quedas superiores a 12%, mas no resto da Europa e nos Estados Unidos, ninguém ficou com razões para sorrir.
Segundo o índice global da Standard & Poor's (S&P Global Broad Market Index), as perdas em todo o mundo chegaram a 1,88 biliões de euros, o segundo valor mais alto de sempre. Apesar do valor da passada sexta-feira ser mais elevado em termos absolutos, as perdas da 'terça-feira negra' de 29 de outubro de 1929 continuam a ser maiores tendo em conta a inflação.
As perdas da sexta-feira do Brexit ultrapassaram o crash de 1987 e a queda dos mercados mundiais após a falência do Lehman Brothers em 2008.
Existem no entanto, uma atenuante: os mercados mundiais valem hoje mais dinheiro do que em 1987 e em 2008 e por isso, a queda mundial em percentagem foi bastante menor do que nas sessões mais graves das crises anteriores.
A NBC News falou com especialistas para perceber as perdas históricas de sexta-feira e parece ter encontrado a resposta: devido às sondagens, a maior parte dos investidores estava confiante que os britânicos escolheriam a permanência na União Europeia e investiram forte tendo em vista uma subida das ações.
"As pessoas assumiram posições longas porque pensaram que o mercado ia disparar. No final, acabaram por ficar chocadas com os mercados", explica Mohit Bajaj, diretor de fundos de investimento na corretora norte-americana WallachBeth Capital LLC.