Brexit é "má notícia para Portugal e um sério aviso à Europa"
O presidente da Associação Empresarial de Portugal (AEP), Paulo Nunes de Almeida, considerou hoje que a vitória do "Brexit" constitui "uma perda para as empresas e para a economia portuguesas" e "um sério aviso para a Europa".
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Economia AEP
"O resultado do referendo de ontem [quinta-feira] na Grã-Bretanha, um histórico aliado de Portugal, constitui uma má notícia para o nosso país e um sério aviso para a Europa", afirma Paulo Nunes de Almeida em comunicado enviado à Lusa.
O presidente da AEP defende que para os empresários portugueses a alternativa a considerar é "reforçar e melhorar o excelente relacionamento entre os povos português e britânico" e dar-lhe "uma nova dimensão económica, valorizando a fachada atlântica da Europa".
"Importa ter em conta que está em causa aquele que, no ano passado, foi o quarto maior mercado das exportações portuguesas de bens, com uma quota da ordem dos 7% do total, e o nosso sexto fornecedor, responsável por cerca de 3% das nossas importações", refere.
Acrescenta que "estes indicadores são ainda mais expressivos se considerarmos a balança de bens e serviços". Neste caso, o peso das nossas exportações para a Grã-Bretanha sobe para 9,5% e o das importações cresce para 4,8%.
"Além destas facetas do problema, há ainda a considerar o caso específico do turismo e do IDE [investimento direto estrangeiro] britânico no nosso país. É caso para dizer que o Reino Unido pode ter deixado a Europa, mas Portugal jamais poderá perder o seu mais antigo aliado", sublinha o responsável.
Paulo Nunes de Almeida entende que "há, por isso, razões de sobra para todos os agentes políticos que irão ser chamados, no Reino Unido e na Europa, a traduzir em atos uma decisão democrática do povo britânico, serem confrontados com a responsabilidade histórica de não transformarem num divórcio litigioso a renúncia, democraticamente legítima, de um dos 28 Estados-membros da UE aos fundamentos do projeto europeu".
"Aos líderes e dirigentes das diferentes instituições da UE é de pedir um total empenhamento no reforço das políticas e dos meios que promovam a matriz civilizacional europeia, o bem-estar dos seus povos, o crescimento económico e o emprego", defende.
O presidente da AEP salienta, contudo, que "para Portugal, para os profissionais e para as empresas portugueses este é, também, um tempo de oportunidades".
"Os laços que nos unem ao Reino Unido têm muitos mais anos e História do que os do projeto europeu. Há que reinventar esses laços, dando um novo conteúdo às relações institucionais, económicas e culturais existentes entre os dois países", acrescenta Paulo Nunes de Almeida.
Os eleitores britânicos decidiram que o Reino Unido vai sair da União Europeia (UE), depois de o 'Brexit' ter conquistado 51,9% dos votos no referendo de quinta-feira, cuja taxa de participação foi de 72,2%.
O primeiro-ministro britânico, David Cameron, anunciou já a sua demissão com efeitos em outubro.
Numa primeira reação, os presidentes das instituições europeias (Comissão, Conselho, Parlamento Europeu e da presidência rotativa da UE) defenderam um 'divórcio' o mais rapidamente possível, "por muito doloroso que seja o processo".
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