Segundo dados compilados hoje pela Lusa com base no relatório semanal sobre a evolução dos mercados monetário e cambial do BNA, enquanto operador do Estado, o banco central colocou no mercado primário, entre 30 de maio e 03 de junho, 32,9 mil milhões de kwanzas (175 milhões de euros) em Bilhetes do Tesouro (BT) e 14,6 mil milhões de kwanzas (77,6 milhões de euros) em Obrigações do Tesouro (OT).
As taxas de juro médias pela emissão de BT oscilaram entre os 14,95% na maturidade a 91 dias e os 18,37% no prazo a 364 dias (18,38% na semana anterior), enquanto as OT fecharam com taxas de juro de até 7,75%, a cinco anos.
No segmento de venda direta de títulos ao público foram ainda colocados pelo BNA mais dois mil milhões de kwanzas (10,6 milhões de euros).
A dívida pública colocada semanalmente por Angola aumentou desta forma, ligeiramente, tendo em conta os montantes colocados na última semana de maio, que ascenderam então a 47,3 mil milhões de kwanzas (251,6 milhões de euros).
O Fundo Monetário Internacional (FMI) anunciou a 06 de abril que Angola solicitou um programa de assistência para os próximos três anos, cujos termos foram debatidos nas reuniões de primavera, em Washington, prosseguindo em Luanda desde 01 de junho.
O ministro das Finanças de Angola, Armando Manuel, esclareceu entretanto que este pedido será para um Programa de Financiamento Ampliado para apoiar a diversificação económica a médio prazo, negando que se trate de um resgate económico.
Angola vive desde meados de 2014 uma crise financeira, económica e cambial decorrente da quebra das receitas da exportação de petróleo, recorrendo à emissão de dívida para garantir o funcionamento do Estado e a concretização de vários projetos públicos.
O país deverá gastar mais de 6,2 mil milhões de dólares (5,5 mil milhões de euros) entre 2016 e 2017 com o serviço da dívida pública contraída externamente, mas o petróleo abaixo dos 38 dólares por barril pode obrigar à reestruturação da carteira, admitiu o Governo.
A informação consta de um documento de suporte à estratégia do Governo angolano para ultrapassar a crise financeira provocada pela quebra nas receitas do petróleo, ao qual a Lusa teve acesso e que indica que o 'stock' de dívida pública atingiu em 2015 os 42,9 mil milhões de dólares (38,5 mil milhões de euros), correspondendo a 48,7% do Produto Interno Bruto (PIB).
O endividamento do Estado angolano tem sido utilizado para colmatar a forte quebra nas receitas com a exportação de petróleo e só em 2015 o serviço da dívida pública angolana ascendeu a 18 mil milhões de dólares (16,1 mil milhões de euros).