Há cerca de um ano e meio, a Theranos era um dos mais incríveis casos de sucesso na área de tecnologia de saúde dos Estados Unidos.
Graças a uma tecnologia inovadora, que permitia a realização de testes detalhadas de laboratório a partir de apenas algumas gotas de sangue, a empresa criada por Elizabeth Holmes conseguiu vários investimentos multimilionários e tornou-se uma das mais promissoras startups de todo o planeta.
Seguindo a onda de entusiasmo, a Forbes colocou Elizabeth Holmes no topo da lista de multimilionárias maiores fortunas criadas pelo próprio trabalho, uma honra rara e normalmente reservada para as empresárias de maior sucesso em todo o mundo. Tudo parecia ser um mar de rosas, até o Wall Street Journal começar a fazer perguntas.
O jornal norte-americano investigou a tecnologia que a Theranos dizia ter e descobriu indícios de algumas fraudes nas informações divulgadas publicamente, que pareciam indicar um falhanço no conceito que servia de base à startup. Elizabeth Holmes negou sempre publicamente todas as suspeitas, falando de "falsidades e incorreções" na informação avançada pelo WSJ; no final de contas, acabou por ser a imprensa a ter razão.
As autoridades de mercados e de saúde dos Estados Unidos iniciaram uma investigação oficial e encontraram vários indicadores de fraude nas análises laboratoriais apresentadas pela Theranos, obrigando a empresa a apagar resultados oficiais e a reconhecer o falhanço na prova do conceito inovador. A credibilidade quase desapareceu e ao ver Elizabeth Holmes derrotada, a reconhecer em público o falhanço, a Forbes deu mais uma má notícia à empresária.
Depois de falar com dezenas de especialistas e de analistas financeiros, para além de fontes com conhecimento das contas da Theranos, a Forbes afirma que "a avaliação realista" para a empresa de tecnologia de saúde "é de 800 milhões de dólares (714 milhões de euros) e não de 9 mil milhões de dólares (8 mil milhões de euros)".
"Com uma avaliação tão baixa, a participação de Elizabeth Holmes acaba por não valer nada", garante a Forbes, lembrando que a presença da empresária na lista elaborada "é baseada inteiramente nos 50% de ações que ela detém na Theranos". O valor da empresária desapareceu para a Forbes, mas não sem resposta da Theranos.
A startup divulgou um comunicado onde garante que o artigo da revista norte-americana é "baseado em especulação e declarações da imprensa" devido à falta de acesso a informação atualizada. "Como empresa não-cotada, rejeitámos partilhar informação confidencial com a Forbes", assegura a Theranos.