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"Portugal continua muito vulnerável. Era bom que não houvesse ilusões"

O ex-presidente da Comissão Europeia deu uma entrevista exclusiva à SIC e ao Expresso.

"Portugal continua muito vulnerável. Era bom que não houvesse ilusões"
Notícias ao Minuto

08:55 - 07/05/16 por Patrícia Martins Carvalho

Economia Durão Barroso

Durão Barroso é direto quando se fala nas consequências que o programa de ajustamento teve em Portugal. O ex-presidente da Comissão Europeia enfatiza a chamada saída limpa que o Governo de Pedro Passos Coelho e Paulo Portas alcançou, contudo, admite que é uma situação “extremamente ingrata”. E não apenas em Portugal.

“É verdade que a Irlanda, Portugal, a Espanha e até agora Chipre saíram dos programas com a chamada saída limpa e conseguiram voltar a crescer. Agora, politicamente, nós sabíamos que isto era extremamente ingrato e os governos que aplicaram as medidas foram de algum modo penalizados, embora curiosamente os partidos tenham sempre ganho [as eleições]”, referiu o antigo primeiro-ministro.

E foi o caso de Pedro Passos Coelho e Paulo Portas que foram a eleições coligados e que, apesar de as ter vencido, não obtiveram uma maioria parlamentar que lhes permitisse governar.

Foram, portanto, “penalizados”, uma consequência do “problema de comunicação” entre o então primeiro-ministro e o país. Embora confesse ter uma “grande admiração por Pedro Passos Coelho”, que teve um “grande sentido de Estado”, Durão Barroso é frontal quando critica o ex-primeiro-ministro pela forma como se relacionou com os portugueses.

“Ele não apresentou com empatia, com suficiente compreensão pelos problemas dos portugueses, as medidas que estava a levar a cabo. Acho que houve, de facto, um problema de comunicação”, apontou em entrevista à SIC e ao Expresso.

Durão Barroso lembrou que a situação que se vivia era de “pânico dos mercados” e a restauração da confiança nas economias só foi possível graças às medidas que foram aplicadas. No entanto, e apesar de se ter restabelecido essa confiança e de Portugal ter passado no ‘teste’ da troika, nem tudo é um mar de rosas.

“O objetivo do chamado programa de resgate foi apagar um incêndio, não foi, nem podia ser o de resolver todos os problemas estruturais da economia portuguesa, que se mantêm em larga medida. Portugal continua, a meu ver, muito vulnerável e era bom que em Portugal não houvesse ilusões sobre isso”, avisou.

Até porque, explicou, depois das eleições “agravou-se a desconfiança que ainda existe nos mercados dos principais agentes económicos internacionais”.

Esta desconfiança, sublinhou, não está diretamente relacionada com a natureza política do Governo, mas sim com os “sinais” dados pelo mesmo, especialmente em “termos de reversões, de reformas mais ou menos ambiciosas que estavam em curso”.

“Até agora isso tem sido amortecido (…) essencialmente por dois fatores. Um, estrutural, é o chamado quantitative easing do BCE, a injeção monetária sem precedentes. O outro fator é que o atual Governo (…) tem usado bem a sua network e as suas redes em Bruxelas e no Partido Socialista Europeu, e tem contado com uma condescendência ou com uma simpatia que lhe permite alguma folga”, rematou.

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