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BPI: Exigência do BCE abriu uma 'guerra' entre os principais acionistas

A operação do BPI em Angola é uma história de sucesso, mas nos últimos tempos criou um clima de 'guerra' entre os seus dois principais acionistas, com o BCE a obrigar os bancos europeus a reduzirem a exposição naquele mercado.

BPI: Exigência do BCE abriu uma 'guerra' entre os principais acionistas
Notícias ao Minuto

19:16 - 18/04/16 por Lusa

Economia Síntese

No final de 2014, o BCE considerou que Angola não tem uma supervisão semelhante à europeia e decidiu que o BPI tinha de contabilizar a exposição àquele mercado africano a 100%, que Frankfurt estima em 5.000 milhões de euros, ou de reduzir a exposição até 10 de abril deste ano.

Só por si, a redução da exposição do BPI ao mercado angolano, onde detém o BFA (50,1%) já parecia um problema, uma vez que Angola tem sido a 'joia da coroa' do banco, que só em 2015 garantiu mais de 50% do lucro, ou seja, 135,7 milhões de euros num total de 236,4 milhões.

Isso mesmo lembrou o presidente do BPI, Fernando Ulrich, quando já este ano rebateu as críticas feitas à gestão da operação angolana: "Temos sido criticados por termos [na internacionalização] posto os ovos todos no mesmo cesto (...), esquecem-se de que investimos no BFA, em 1993, três milhões de euros, mas já recebemos cerca mil milhões, além da posição de 50,1% que ainda detemos", disse.

No entanto, além da perda que significava para o BPI a redução da sua operação em Angola, a decisão do BCE de dezembro de 2014 criou um clima de tensão difícil de esconder entre o Caixabank (com 44,10%) e a Santoro, da empresária Isabel dos Santos (com 18,58%).

Os 16 meses que se seguiram haveriam de significar uma série de voltas e reviravoltas, com jogadas de ataque e contra-ataque entre espanhóis e angolanos.

Logo em fevereiro de 2015, o mercado foi surpreendido com uma Oferta Pública de Aquisição (OPA) do Caixabank sobre o BPI. O banco espanhol ofereceu 1,329 euros por ação, o que avaliava o banco em 1.900 milhões de euros.

Poucos dias depois, Isabel dos Santos, através da Santoro, enviou uma carta aos presidentes das comissões executivas do BPI, BCP e CaixaBank a propor a fusão entre os dois bancos portugueses, algo que nunca se materializou.

Ambas as iniciativas acabaram por não ir em frente, deixando o problema de Angola por resolver.

No fim de setembro, a administração do BPI avançou com outra estratégia: fazer a cisão dos ativos africanos do BPI (em Angola e Moçambique), passando-os para uma 'holding' detida pelos mesmos acionistas. No entanto, a posição dos angolanos não permitiu que esta proposta fosse avante.

A movimentação seguinte chegaria no último dia de 2015, com a operadora angolana Unitel, controlada por Isabel dos Santos e que detém 49,9% do capital do BFA, a propor adquirir mais 10% do banco angolano que estão nas mãos do BPI, por 140 milhões de euros.

A proposta foi rejeitada em janeiro pelo Conselho de Administração do BPI.

A chegada do mês de março marca o início de notícias sobre novas negociações entre o CaixaBank e Isabel dos Santos, que são confirmadas por ambas as partes, e com intervenção do Governo, através de Diogo Lacerda Machado, como mediador, numa tentativa de aproximar as duas partes e diminuir o 'fosso' que entretanto se tinha criado.

A 10 de abril, a uma hora do fim do prazo dado pelo BCE, o BPI informou que terminaram com sucesso as negociações entre CaixaBank e Santoro Finance. Apesar de não serem dadas informações sobre o que implicava esse acordo, tudo indicava que em causa estava o que vinha sendo dado como certo pela imprensa: o CaixaBank comprava a posição da Santoro no BPI e, em troca, o BPI reduzia a sua participação no BFA, a favor de Isabel dos Santos.

Uma semana depois, este último domingo, o 'imbróglio' tem um novo 'volte face' com o BPI a anunciar que ficou sem efeito o acordo e acusando a Santoro de desrespeitar o entendimento.

Hoje, ao início da manhã, o CaixaBank 'contra-atacou' e usou a mesma 'arma' de há um ano: anunciou que vai lançar uma OPA voluntária, oferecendo 1,113 euros por cada ação do BPI, numa operação que baixa a avaliação do banco face ao ano passado para 1.600 milhões de euros.

Já depois do anúncio da OPA, foi divulgado que o Presidente da República promulgou hoje o diploma que prevê a revisão das restrições dos direitos de voto nas instituições financeiras, alegando razões de "interesse nacional" e considerando que não interfere com operações em curso.

O CaixaBank aguarda agora autorização da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) para lançar formalmente a OPA.

No entanto, mesmo com sucesso, esta operação não resolve o problema da exposição a Angola, pelo que o banco espanhol já fez saber que pediu ao BCE a suspensão das possíveis sanções contra o banco português, para permitir encontrar uma solução.

Segundo a imprensa, o BCE poderá multar o BPI diariamente em 5% do volume de negócios, ou seja, cerca de 160 mil euros.

A Lusa contactou o BCE para saber o acompanhamento dado a este caso e como irá agir, mas o banco central não fez qualquer comentário.

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