Fitch: Taxa sobre depósitos no Chipre abre "precedentes perigos"
A agência de rating Fitch considerou esta quinta-feira que a imposição de uma taxa sobre os depósitos bancários em Chipre constitui um "precedente" que aumenta o risco de contágio e pode implicar uma descida do tecto do rating na zona euro.
© Lusa
Economia Crise
Num comunicado hoje divulgado, a Fitch refere que apesar de "não esperar que a instabilidade cipriota se propague aos outros sistemas bancários europeus", considera que "qualquer ajuda que inclua uma taxa sobre os depósitos bancários envolve os aforradores e inevitavelmente aumenta o riso de contágio no seio da zona euro".
No comunicado, a Fitch refere também que a imposição da taxa sobre os depósitos no Chipre é um “precedente perigoso para outros países, em especial aqueles com sectores bancários frágeis", além de constituir uma restrição à liberdade de movimentos de capitais na zona euro.
A agência de 'rating' avisa ainda que vai rever a atribuição do limite da notação máxima de ‘AAA’ a todos os países da zona euro, excepto para a Grécia, caso outras formas de controlo de movimentos de capitais sejam introduzidas no programa de ajuda da troika a Chipre.
Segundo o comunicado da Fitch, o limite da nota máxima de ‘AAA’ a todos os países da zona euro parte da premissa da liberdade de movimento de capitais na zona euro.
A Grécia, afirma, está num plano separado, uma vez que o limite máximo da notação de 'B-' já reflecte o risco de saída do país do euro.
Em relação à imposição de uma taxa sobre os depósitos ser um "precedente", a Fitch refere no comunicado que mesmo que as taxas sobre os impostos sejam menores do que as inicialmente propostas, a medida cria um precedente que a partir de agora será considerado como uma "solução aceitável".
"A perda de uma poupança para os depositantes constituiria uma etapa sem precedentes na crise da zona euro e terá provavelmente implicações a mais longo prazo para a notação dos bancos" da zona, refere ainda a Fitch.
A agência de notação financeira recorda ainda que colocou sob vigilância negativa os bancos cipriotas, ou seja, que tenciona baixar as avaliações destas entidades a curto prazo.
Mais globalmente, a Fitch refere que "o bloqueio da situação em Chipre mostra os perigos de tratar a crise caso a caso".
O Banco Central Europeu fez hoje um ultimato às negociações para o plano de resgate a Chipre, assegurando só ceder liquidez à banca cipriota até segunda-feira.
Os dirigentes cipriotas deverão pronunciar-se hoje sobre o ‘plano B’ destinado a impedir uma falência da ilha, depois do Parlamento ter recusado o primeiro plano negociado com a União Europeia (UE) e o Fundo Monetário Internacional (FMI), que previa uma taxa excepcional sobre os depósitos bancários.
O novo projecto poderia ser submetido à votação pelo Parlamento hoje à tarde, segundo fontes governamentais.
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