"A nível europeu tem de haver suavização dos níveis da dívida, tem de haver, e será uma questão de tempo", afirmou Catroga na conferência de comemoração dos 30 anos da Lusa, em Lisboa.
No entanto, disse o atual presidente do Conselho Geral e de Supervisão da EDP, caso se concretize essa "suavização" com redução dos juros e aumento dos prazos para pagar a dívida, Portugal não deve aproveitar essa eventual melhoria do seu endividamento "para fazer nova dívida, mas para criar condições para a sustentabilidade das finanças do Estado e da economia".
Eduardo Catroga, que foi também o negociador pelo PSD do memorando de entendimento com a 'troika' (Fundo Monetário Internacional, Banco Central Europeu e Comissão Europeia) no programa de assistência financeira a Portugal, em 2011, considerou ainda que mesmo sem despesas de juros e de capital o Estado português tem "excesso de despesa pública corrente primária", pelo que é preciso diminuir.
A deputada do Bloco de Esquerda Mariana Mortágua, por seu lado, recusou que haja uma divergência ideológica quanto ao equilíbrio das contas públicas, afirmando que o importante é saber "à custa de quem e como se faz" essa gestão.
"Temos visto usarem o discurso das contas públicas para elaborar um plano com o qual eu acho que a maioria das pessoas nem concorda", afirmou.
A deputada do Bloco de Esquerda disse ainda que há em Portugal um problema de dívida privada - depois de anos de grande fluxo de crédito, sobretudo para imobiliário e construção, com descida da taxa de juro real - que considerou que não se resolve sem "uma resolução bancária e processo de reestruturação de dívida transversais".