Sem auditoria externa o inquérito ao Banif será "luta política"
O economista Eduardo Catroga afirma que apenas uma auditoria externa e independente poderá esclarecer o caso Banif, considerando que a comissão parlamentar de inquérito vai ser uma "luta política", sem esclarecer as falhas dos diferentes intervenientes no processo.
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Economia Catroga
"Acho que os portugueses mereciam um esclarecimento total. E esse esclarecimento total só poderia ser dado através de uma auditoria externa independente, até por auditores não ligados ao mercado português", afirma o antigo ministro das Finanças, considerando que só assim seriam identificadas "todas as falhas, quer do acionista Estado, quer do regulador, quer da União Europeia".
Em entrevista à agência Lusa, o professor do Instituto Superior de Economia e Gestão (ISEG) apontou já críticas ao inquérito parlamentar ao caso Banif, cuja comissão tomou posse na terça-feira, salientando que "não vai ser clarificador".
"Os inquéritos parlamentares em regra são jogos políticos, um jogo para saber quem é que fica bem ou mal na fotografia no relatório final da comissão", considera.
Para Eduardo Catroga, a única comissão de inquérito parlamentar que "funcionou razoavelmente bem" foi a do caso BES, porque "os vários partidos políticos arranjaram um único bode expiatório" e "não havia objetivos conflituantes" entre eles.
No entanto, aponta, no caso Banif, "essa situação não existe", sublinhando que a comissão de inquérito à resolução do banco "vai ser uma confusão".
Sem auditoria externa, "vamos assistir à espuma da luta política sem clarificação", considera.
O PSD chegou a apresentar um projeto de resolução para a realização de uma auditoria externa e independente à gestão do Banif, que foi rejeitado pela esquerda parlamentar.
A20 de dezembro, o Governo e o Banco de Portugal anunciaram a resolução do Banif, a venda de parte da atividade bancária ao Santander Totta, por 150 milhões de euros, e a transferência de outros ativos -- incluindo 'tóxicos' -- para uma sociedade veículo que entretanto foi denominada Oitante.
A resolução foi acompanhada de um apoio público de 2.255 milhões de euros, a que se somam duas garantias bancárias que o Estado prestou e que ficaram com o Santander Totta, no total de 746 milhões de euros.
A estes custos da resolução do Banif para os contribuintes têm ainda de ser somados os 825 milhões de euros da injeção de capital que o Estado fez em 2012 no banco e que deverão ser dados como perdidos.
No total, e tendo em conta os valores até agora conhecidos e retirando o valor pago pelo Santander Totta, o resgate ao Banif pode custar ao Estado - e, logo, aos contribuintes - até 3.700 milhões de euros.
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