Privatização da CP Carga é "processo obscuro" e "não deve prosseguir"
O coordenador da Federação dos Sindicatos de Transportes e Comunicações (Fectrans), José Manuel Oliveira, afirmou hoje que a privatização da CP Carga é "um processo obscuro e pouco transparente", defendendo que o Governo "não deveria" prosseguir com a venda da empresa.
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Economia Fectrans
José Manuel Oliveira falava à comunicação social junto à residência oficial do primeiro-ministro, António Costa, em Lisboa, onde uma delegação das organizações representativas dos trabalhadores da CP Carga entregou um documento, no qual reivindica a suspensão da privatização da empresa.
O dirigente sindical diz que a privatização da CP Carga é "um negócio ruinoso para o país".
"Vai-se abdicar de uma empresa que é estratégica para definir um modelo de transportes que esteja ao serviço da economia do país", sublinhou o dirigente da Fectrans, organização afeta à CGTP.
José Manuel Oliveira lamenta que com a privatização da CP Carga "o erário público entregue um ativo na ordem dos 116 milhões de euros, valor que está em nossa opinião subavaliado, para depois [o Estado] receber do privado dois milhões de euros".
As comissões de trabalhadores da CP e da CP Carga e o Sindicato dos Trabalhadores do Setor Ferroviário concentraram-se hoje junto da residência oficial do primeiro-ministro para entregar um documento a reivindicar a suspensão da venda de 95% do capital da CP Carga à operadora ferroviária MSC.
O ministro do Planeamento e das Infraestruturas, Pedro Marques, disse, na semana passada, que o processo de privatização da CP Carga está em curso, realçando que a suspensão não está prevista nem no programa de Governo nem nos acordos políticos com o PCP e com o Bloco de Esquerda (BE).
"Como sabem, não estava nem no programa de Governo nem nos acordos políticos. Essa empresa não estava entre as que era prevista a reversão [da privatização]", disse Pedro Marques, na quinta-feira passada, no Aeroporto de Lisboa, à margem da apresentação de novos investimentos da ANA - Aeroportos de Portugal.
O acordo de venda de 95% do capital da CP Carga com a operadora ferroviária MSC foi assinado pelo Governo anterior, a 21 de setembro passado, tendo em dezembro a Autoridade da Concorrência dado 'luz verde' ao negócio.
O dirigente sindical manifestou hoje preocupação por o processo de privatização da CP Carga antever que "o transporte de mercadorias irá ser reduzido em Portugal, nomeadamente deixando de existir nas linhas de tração diesel".
"Quando se entrega a CP Carga a uma empresa vencedora do concurso, que é especializada na área dos transportes de contentores, acreditamos que é aí que se vai concentrar a atividade futura da empresa privatizada", lamentou o dirigente sindical, realçando que "a CP Carga deveria estar, cada vez mais, a transportar mercadorias com ganhos para o país".
José Manuel Oliveira lembrou ainda que foi pedida ao ministro Pedro Marques uma reunião para debater a eventual suspensão da privatização da CP Carga, mas, segundo o dirigente sindical, "há uma falta de vontade política de travar um processo lesivo para o país".
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